De Brincadeira

Atividades lúdicas estimulam o cérebro a aprender por tentativa e erro e a lidar com os futuros estresses da vida adulta

Gonçalo Viana
A maioria das crianças se assemelha àquele coelhinho que bate tambor no comercial da pilha que “duuura”: parecem ter uma energia sem fim, que usam para fazer coisas aparentemente sem muito sentido. Por que passar tanto tempo correndo, pulando uns sobre os outros, ou brincando de morto-vivo ou batatinha-frita? Parecem brincadeiras bobas que servem apenas para divertir as crianças e fazê-las correr. Mas esses jogos fazem muito mais: oferecem um enorme playground para o cérebro aprender por tentativa e erro e ainda são um grande treinamento social para os futuros estresses da vida adulta.


Considere, por exemplo, as brincadeiras tradicionais da infância. Estas são um excelente exercício para o córtex pré-frontal em formação, aquela parte do cérebro que organiza nossas ações, faz planos, elabora estratégias e, sobretudo, diz “não” às respostas impulsivas do cérebro. Crianças pequenas ainda não fazem nada disso muito bem, com seu pré-frontal imaturo, de modo que qualquer “aula” de organização é bem-vinda, a começar pelo bê-á-bá: escolher a resposta certa para cada estímulo. Brincando de lenço atrás, o cérebro aprende que deve responder a um objeto atrás das costas fazendo a criança correr atrás da outra. Enquanto aprende, o cérebro de quebra se diverte com seus erros, o que garante muitas horas de brincadeira – e aprendizado.

Se escolher a resposta certa é importante, não responder quando não se deve também é fundamental, mas já exige um nível de elaboração maior do pré-frontal. Aos 3 anos, meu filho brincava de morto-vivo sem o menor problema, mas o cérebro dele ainda apanhava nas brincadeiras de “nível 2”, que exigem que não se faça alguma coisa ao ouvir um comando. No esconde-esconde, bastava perguntar “Cadê você?” que ele se entregava, lá do seu esconderijo: “Tô aqui!”. Com tempo, prática e muita brincadeira, o córtex pré frontal vai aprendendo que às vezes a ação correta é a não ação.

O passo seguinte é elaborar estratégias que juntam ação e não ação. Quando morto-vivo e batatinha-frita se tornam triviais, brincadeiras como pique-bandeira e depois os esportes organizados dão ao cérebro o desafio de monitorar várias pessoas ao mesmo tempo, decidir quando é o momento de correr e, ainda, driblar o adversário.

O prazer e motivação das brincadeiras da infância vêm da ativação nas alturas do sistema de recompensa, que premia o cérebro que faz algo que dá certo, e assim faz qualquer coisa parecer interessante. Daí vem o “modo de auto-entretenimento” talvez universal em filhotes, capazes de passar horas em seu próprio mundo. Pois é: filhotes de ratos brincam; filhotes de elefante rolam na lama; cachorrinhos e filhotes de leão se amontoam, mordendo-se na nuca ou nas orelhas, em brigas de mentira.

Além de aprender na prática a controlar a si mesmo, o cérebro de quem brinca aprende formas mais saudáveis de regular suas respostas ao estresse. Ratinhos criados em isolamento ou com irmãos sedados demais para brincar tornam-se adultos ansiosos e estressados: em situações ameaçadoras, os animais que não brincaram na infância são mais dados a arroubos de agressividade ou, ao contrário, a se esconder. O mesmo acontece com primatas, entre eles os humanos. A brincadeira bruta expõe os filhotes a pequenos estresses, com os quais eles vão aprendendo a lidar desde cedo. Assim quem sabe um dia eles possam considerar seus problemas adultos “brincadeira de criança”...

Especialista critica pais que deixam filhos se viciarem em TV

Gerações de crianças correm o risco de ficar viciadas em TV, computador e outros aparelhos eletrônicos, alertou um especialista britânico.

Durante uma conferência do Royal College of Paediatrics and Child Health que aconteceu nesta semana em Glasgow, na Escócia, o psicólogo Aric Sigman pediu aos pais que retomem o controle de seus lares.

BBC - Estudos indicam que estímulos enviados pela tela da TV
levam à liberação do neurotransmissor dopamina no cérebro
Estudos indicam que estímulos enviados pela tela da TV levam à liberação do neurotransmissor dopamina no cérebro

Ele recomendou que a idade mínima para a primeira exposição da criança a uma tela seja de três anos de idade.

"Ser um pai passivo em relação às novas mídias é uma forma de negligência e não atende aos interesses das crianças."

Em sua pesquisa, Sigman coletou e analisou resultados de estudos em áreas como cardiologia, neurofarmacologia e obesidade infantil.

Segundo o especialista, quando completar sete anos, uma criança nascida hoje terá passado o equivalente a um ano inteiro, 24 horas por dia, em frente a alguma tela.

Altos índices de exposição às telas quando a criança é pequena tendem a resultar em um estilo de vida com maior exposição às telas na vida adulta, disse.


Sigman citou também estudos que associaram o hábito de ver TV ou de outras telas a riscos maiores de a pessoa desenvolver diabetes e doenças cardiovasculares.

Enfermidades que, por sua vez, estão relacionadas a maiores índices de mortalidade.


ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS


Durante a palestra, Sigman citou estudos demonstrando que os estímulos enviados pela tela levam à liberação do neurotransmissor dopamina no cérebro da pessoa que a assiste.


Sabe-se, por exemplo, que os índices da substância sobem rapidamente no cérebro de pessoas que jogam videogames.


"A dopamina está fortemente associada à sensação de prazer e tem papel fundamental na formação e manutenção de vícios", disse Sigman.


Ele explicou que a herança genética de um indivíduo influencia a forma como a dopamina é produzida e usada em seu organismo.


Portanto, a suscetibilidade de uma pessoa à dependência e a vícios também tem um componente genético.


Por outro lado, disse Sigman, períodos prolongados jogando games podem produzir alterações neurológicas de longo prazo nos cérebros das crianças. Essas alterações se assemelham aos efeitos da dependência por substâncias.


"Aumentar a liberação diária de dopamina em reação a horas na frente de jogos de computador e outras telas está se tornando uma possibilidade real, com consequências sérias", alertou.


PAPEL PATERNO


Estudos europeus revelaram que muitos pais com crianças pequenas não têm regras formais sobre a quantidade de horas que os filhos podem passar em frente à TV ou no computador.


No Reino Unido, adolescentes passam hoje em média 6,1 horas por dia em frente a uma tela. Este índice está subindo.


Crianças britânicas entre 10 e 11 anos têm hoje acesso a cerca de cinco telas em suas casas, e com frequência assistem a duas ou mais telas simultaneamente.


De acordo com as estatísticas, pais que mantêm altos índices de interação com telas (como iPads e iPhones) na presença de seus filhos tendem a influenciá-los a adotar comportamentos semelhantes.


RECOMENDAÇÕES


Para evitar os riscos de uso excessivo de telas e dependência, Sigman e seus colegas sugerem que a idade mínima para a primeira exposição da criança às telas seja aos três anos.


Os especialistas recomendam ainda diminuir a frequência e duração dos períodos de exposição e reduzir a disponibilidade das telas, especialmente no quarto.


Os pais também devem ficar conscientes de que seus próprios hábitos vão influenciar os hábitos de seus filhos.

Fonte: Folha

Livro para crianças: Os Ursos da escada


Editora: Companhia das LetrinhasAutora: Julia Jarman
Ilustradora: Lynne Chapman
 Uma boa maneira de espantar o medo é ouvir uma história divertida. O livro "Os Ursos da Escada" é uma boa pedida.
Mostra um garotinho que tem medo da escada porque está cheia de ursos. Pelo menos é assim que ele pensa.
Subir a escada? Só acompanhado dos pais. Mas, quando eles passam, os ursos desaparecem! Será só imaginação?
A história ganha ainda mais graça por ser contada por uma criança (o pequeno narrador).
Com pouco texto e bastante ilustração, o livro é indicado para crianças a partir de três anos.
Fonte: Folha

Respostas para as perguntas que só as crianças fazem


Quem é mãe, pai ou cuidador já foi surpreendido com uma destas perguntas: “Como eu nasci?”, “Por que meu amiguinho tem dois pais?”, “Você faz sexo?”. É raro pais não titubearem frente a este tipo de questionamento, sobretudo quando referem à sexualidade. Um pouco de insegurança, delongas desnecessárias e linguagem inadequada prejudicam a compreensão infantil. Alguns cuidados são recomendados neste momento, e é deles que vamos tratar hoje.

A sexualidade é um termo que designa o uso do corpo para autoconhecimento, referindo-se às descobertas prazerosas e afetivas em relação a si ou ao outro. Ela faz parte da vida e está presente em todo o desenvolvimento do ser humano. Não seria diferente na infância, uma vez que a criança está explorando o ambiente, o próprio corpo, as diferenças dos gêneros e as formas de se relacionar com o meio e com os outros.

Na infância, as expressões de sexualidade estão nas atividades que lhes trazem satisfação, como mamar, chupar o dedo, receber um carinho, esfregar uma fralda de pano no corpo, entre outras. Vê-se, portanto, que sexualidade não está relacionada ao ato sexual: ao contrário do que comumente se pensa, os dois conceitos não estão necessariamente ligados.

Cabe destacar também a diferença entre a sexualidade infantil e a do adulto: este e a criança estão em fases distintas do desenvolvimento e, por este motivo, as formas de expressarem suas sexualidades também são diferentes. A busca pelo prazer vai se tornando genital com o passar do tempo e apenas na adolescência passará a ocorrer de forma mais próxima à do adulto. Por exemplo, a ereção peniana infantil – diante de afeto ou da estimulação local – não sinaliza a preparação para coito, mas somente uma reação fisiológica reflexa que, funcionalmente, em nada se assemelha à do adulto.

Na prática clínica, é bastante comum verificarmos pais aflitos com a expressão da sexualidade dos filhos, buscando terapia por acharem que “tem algo de errado” com eles. Muitos alegam precocidade, má influência da mídia ou da escola ou conjecturam inúmeras outras hipóteses. Acompanhando essa aflição, existe desconhecimento, insegurança e diversos tabus sexuais que a sociedade (sobretudo a criação familiar e religião) lhes impõe.

Ao questionarem sobre sexualidade, as crianças estão motivadas essencialmente pela percepção das diferenças de gênero (que se inicia entre 2 e 3 anos) e as próprias descobertas corporais. Às vezes, a estimulação visual (televisão, cenas de namoro e sexo de adultos, mulheres grávidas) e auditiva (escutar alguém falar sobre o assunto, usar uma alcunha para referir-se a sexo ou a órgãos genitais) também despertam a curiosidade infantil. Embora as manifestações de sexualidade sejam bem anteriores à aquisição da linguagem, é com o desenvolvimento dela que as crianças passam a externalizar suas dúvidas, questionando para melhor compreensão do que experimentam ou observam.

Neste contexto, cabe destacar a relevância de os pais se auto-observarem perante indagações de seus filhos. Não são importantes apenas as explicações que oferecem, mas também seu comportamento frente às curiosidades das crianças. Se diante de uma pergunta sobre sexo os pais reagem de forma ansiosa, preocupados, emitindo respostas públicas de sudorese, gagueira, sorrisos nervosos, respondendo de forma científica e minuciosa, ou mesmo apresentando repreensões verbais (“você é muito novo para saber disso”, “o que é isso, garoto?!” ou “vá perguntar para o seu pai!”), é possível que a criança compreenda que este assunto é proibido, concebendo a sexualidade como algo aversivo, diminuindo a frequência com que aborde tal assunto com, pelo menos, aqueles adultos.

Se, por exemplo, a criança é repreendida por tocar sua genitália, ela não aprende como deve se comportar para ter autocontrole. O que ela aprende é que o que fez é errado e que da próxima vez deverá fazer com mais cuidado, para não ser descoberta. Outro efeito da punição se refere às emoções correlatas. Neste caso, a criança pode sentir-se culpada por ter chateado seus pais, ou envergonhada por ter feito algo “sujo”. Cabe destacar que sentir culpa e vergonha diante da sua sexualidade não é saudável, uma vez que ela é vital e inerente ao ser humano. Tais sentimentos provavelmente acompanharão qualquer expressão sexual ao longo do seu desenvolvimento.

O modo como nossos comportamentos se apresentam hoje é resultado de um histórico de aprendizagem. No que tange à sexualidade, caso os adultos reajam da forma supracitada, já temos indícios de que, muito provavelmente, também foram repreendidos pelos seus pais diante da sua curiosidade sexual. Dessa forma, a maneira como farão os esclarecimentos às crianças dependerá essencialmente de como lidam com a sua própria sexualidade. Caso isso não seja bem manejado, eles poderão contribuir para que as crianças, na fase adulta, apresentem dificuldades de aceitação do seu corpo e de conseguir prazer consigo e com o outro. Portanto, para isso cabem algumas orientações.

O importante que os pais e educadores reajam com atenção, naturalidade e clareza, usando linguagem adequada à sua faixa etária, com termos que a criança conhece e usa. Estes são aspectos essenciais que tornam a conversa agradável, permitindo abertura e confiança para novos diálogos, além de compreensão sobre o assunto.

Uma das dúvidas dos pais é quando oferecer orientação sexual e se isso vai estimular práticas sexuais precoces. Estudos confirmam que informações sobre sexo e drogas, por exemplo, não estimulam a aproximação prática com o tema, sendo uma efetiva medida preventiva. Neste raciocínio, a melhor época para orientar sexualmente a criança é quando ela expressa a curiosidade sobre o assunto. A recomendação é que os pais respondam objetivamente ao que é solicitado, sem delongas ou excessos. A complexidade das informações e da linguagem deve ser progressiva ao desenvolvimento da criança, de modo que com o passar do tempo pode-se fazer uso de termos e explicações mais científicas e detalhadas.

A título de informação, estatisticamente sabe-se que a ordem cronológica das curiosidades sexuais infantis é: entre 2 e 3 anos questionam sobre a origem dos bebês e as diferenças entre os sexos; dos 3 aos 4 anos, passam a se interessar pelos fatos relacionados ao nascimento e a partir daí se interessam em como se dá a reprodução humana. No entanto, esta é apenas de uma estimativa, não constituindo uma regra absoluta.

Cabe destacar também que, neste momento, os pais devem entrar em consenso quanto às informações repassadas, utilizando-se do mesmo discurso. Além disso, o uso de recursos lúdicos como imagens, desenhos, livros educativos, metáforas e bonecos também facilitam a compreensão da criança. Porém, é mister ressaltar o papel acessório dos livros educativos: eles não substituem as informações pessoais, cálidas e afetivas dos pais. O mesmo vale para a escola, cuja orientação apenas complementa a educação sexual iniciada no lar, não excluindo a responsabilidade dos pais nesta tarefa.

Outro ponto a ser considerado diz respeito às mudanças nas configurações familiares. Com a formação de famílias homossexuais e também monoparentais, é importante que os pais também eduquem seus filhos quanto a isso, sem juízo de valor. Caso haja teor preconceituoso nas explicações, a criança poderá reproduzir o padrão comportamental [1] dos pais, que pode culminar em práticas interpessoais negativas, como bullying [2], além de outros problemas que virão posteriormente, à proporção do seu crescimento.

Quanto ao manejo de práticas masturbatórias infantis, é importante que os pais as concebam como um acontecimento normal e fisiológico. A auto-estimulação só deverá ser preocupante quando a frequência passar a interferir a vida social ou acadêmica da criança. Um exemplo disso é quando ela, ao invés de se engajar em outras atividades prazerosas (como brincar com colegas), isola-se para se manipular. Neste caso, cabe a avaliação da sua rotina, se está havendo escassez de fontes de prazer, se ela tem atividades suficientes para se entreter e gastar energia ou se a criança está ansiosa. Outras hipóteses a serem consideradas são a busca de repercussões ambientais em torno do fato [3] e a exposição a situações de abuso sexual.

Uma possível abordagem dos pais seria ensinar a criança que algumas partes do corpo são públicas, que todos veem por estarem expostas (como braços, pernas, cabeça, mãos e pés), que por isso podem ser tocadas por ela mesma ou outra pessoa próxima. E que, do contrário, existem as partes privadas ou íntimas, que ficam cobertas por cuecas ou calcinhas e que, por isso, só podem ser tocadas por ela mesma – em um canto só dela – ou pelos pais, durante higienização das mesmas. Neste caso, podem também ensiná-las quanto aos diferentes toques em seu corpo. Dessa forma, além de abordar a masturbação, a criança também é alertada quanto à proibição de manipulação genital em certos contextos e por pessoas inadequadas, prevenindo submissão ao abuso sexual.

Quanto a jogos sexuais infantis (ocorrência de contatos, manipulações e tentativas de coito praticadas entre duas crianças), algumas observações devem ser feitas. Estes decorrem de um impulso na descoberta das diferenças sexuais anatômicas (no caso de sexos diferentes) ou busca de novas sensações corporais (entre sexos iguais). Assim como na masturbação, são as circunstâncias e a frequência de tais episódios que caracterizarão o caráter “patológico” dos mesmos. Conforme anteriormente recomendado, é fundamental que os cuidadores concebam a naturalidade dos fatos, até porque com o despreparo fisiológico e anatômico das estruturas genitais infantis, o próprio episódio tenderá ao fracasso, sendo incorporado ao acervo vivencial da criança como mais uma das preparações para a vida adulta.

Como se pode constatar, a orientação sexual infantil necessita de habilidades específicas dos pais: conhecimento, atenção, paciência, criatividade, autocontrole emocional, tolerância quanto à idiossincrasia dos prazeres sexuais, auto-avaliação e, sobretudo, um bom manejo quanto à sua própria sexualidade. Assim, se os pais não se considerarem aptos nesta tarefa, recomenda-se o auxílio de outros profissionais, como psicólogo, pediatra ou professor, que, embora não substituam o papel parental, ao menos podem orientá-los para uma melhor educação da criança e, consequentemente, melhor desenvolvimento sexual nesta fase e também nas posteriores.

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[1] Como estabelece o referencial da aprendizagem social de Bandura (1977), existem três condições básicas para que haja probabilidade de reprodução do comportamento (modelação) por uma criança: (1) quando o modelo é uma figura de poder e de autoridade, (2) quando o comportamento executado por ele é mais reforçado que punido, (3) e quando o modelo e a criança compartilham características similares, havendo identificação da criança com aquele. Cabe destacar que os pais são os modelos de referência para os filhos, seguidos dos professores.

[2] Para aprofundamento do tema, consulte o texto “Bullying: O que é e o que podemos fazer” aqui no blog.

[3] Em privação de reforçadores (ou quando estes não são tidos como suficientes), como atenção dos pais, a criança pode buscar meios alternativos de obtê-la, como efetuando algum comportamento inadequado.

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Juliana de Brito Lima é Psicóloga (CRP 11ª/05027), formada pela Universidade Estadual do Piauí e especializanda em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento – IBAC. É membro da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental – ABPMC e Psicóloga do Centro Integrado de Educação Especial – CIES e da Clínica Lecy Portela, em Teresina-PI. Tem experiências acadêmicas (linha de pesquisa “Desenvolvimento da criança e do adolescente em situações adversas” do Núcleo de Análise do Comportamento da Universidade Federal do Paraná/ NAC-UFPR) e profissionais na área clínica (atendimento a criança, adolescente e adulto), jurídica e educação especial, na orientação de pais.
Fonte: Instituto de Psicologia Aplicada - InPA
Contato:
juliana@inpaonline.com.br
Telefone - (61) 3242-1153

Abuso sexual é o segundo maior tipo de violência contra criança

Dados do Ministério da Saúde apontam que esse tipo de agressão está atrás apenas da negligência e abandono em crianças de zero a nove anos

Abuso infantil: a violência sexual representa 35% das notificações de agressão
contra crianças de zero a nove anos
(Thinkstock)
A violência sexual é o segundo tipo de violência mais comum contra crianças de zero a nove anos. Com 35% das notificações, ela está atrás apenas da negligência e abandono (36%). Os números preliminares fazem parte de um levantamento inédito divulgado nesta terça-feira pelo Ministério da Saúde, com base em dados do sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA). De acordo com o VIVA, em 2011 foram registradas 14.625 notificações de violência doméstica, sexual, física e outras agressões contra crianças menores de dez anos.


De acordo com o VIVA, a violência sexual é também a segunda agressão mais cometida contra adolescentes de 10 a 14 anos, representando 10,5% das notificações – atrás apenas da violência física (13,3%). Entre os jovens de 15 e 19 anos, essa agressão ocupa o terceiro lugar (5,2%), atrás da violência física (28,3%) e da psicológica (7,6%).


Do total de registros, 22% são relacionados a crianças com menos de um ano de idade e 77% envolveram crianças entre um e nove anos. A maior parte das agressões ocorreu na residência da criança (64,5%), e entre as agressões corporais, o espancamento foi o mais frequente (22,2%), atingindo mais meninos (23%). Grande parte dos agressores são pais e outros familiares, ou alguém do convívio muito próximo da criança e do adolescente, como amigos e vizinhos.

Monitoramento – O VIVA foi implantado em 2006 e coleta dados por meio da Ficha de Notificação/Investigação individual de violência doméstica, sexual e/ou outras violências. Em 2011, esse tipo de notificação se tornou obrigatório a todos os estabelecimentos de saúde do Brasil.

A Rede de Núcleos de Prevenção de Violências e Promoção da Saúde tem financiamento do Ministério da Saúde. Esses núcleos são responsáveis, por meio das secretarias de saúde, por implementar ações de vigilância e prevenção de violências, identificar e estruturar serviços de atendimento e proteção às crianças e adolescentes em situação de risco. Só neste ano, o Ministério da Saúde já investiu 25 milhões de reais para as secretarias estaduais e municipais de Saúde para o desenvolvimento de ações de vigilância e prevenção de violências.


Fonte: Veja Online

Novas visões sobre o autismo

Da psicologia à genética, especialistas de diversas áreas apresentam, em evento realizado em São Paulo, novidades sobre o diagnóstico e o tratamento desse distúrbio.

Os irmãos Chalie e Raymond - que é autista - em cena do filme "Rain Man", de 1988
A primeira coisa a se falar sobre autismo é que, definitivamente, não se trata de um distúrbio raro. Os Distúrbios de Espectro Autista (DEA) atingem uma média de uma a cada 110 crianças nascidas nos Estados Unidos, segundo dados do Centro para Controle de Doenças e Prevenção (CDC, na sigla em inglês). No Brasil, um estudo epidemiológico realizado em uma cidade do interior paulista apontou um caso de autismo para cada 368 crianças de 7 a 12 anos.
Fala-se em ‘espectro autista’, pois hoje essa denominação engloba os vários tipos desse distúrbio comportamental. O diagnóstico não é simples, embora existam características comuns às pessoas com autismo, como a dificuldade em estabelecer contato visual com pessoas e objetos e a dificuldade de fala, além de comportamento autolesivo e/ou agressivo em graus distintos. Em alguns casos, pode haver também o comprometimento das habilidades motoras.

Durante a Escola São Paulo de Ciência Avançada em Autismo (ESPCA Autismo), realizada pela Universidade Federal de São Carlos no início do ano, os principais pesquisadores da área apresentaram o que há de mais recente em diagnóstico e tratamento de distúrbios autistas, com algumas boas novidades para pais e professores.

Vertentes modernas das pesquisas em DEA, como as realizadas pelo psicólogo Brian Iwata, especialista em análise do comportamento da Universidade da Flórida (EUA), apontam que modos de ação autolesivos e agressivos são completamente tratáveis. Iwata identificou que esses comportamentos são produzidos ou agravados porque têm funções específicas. Um chute, por exemplo, pode ser a forma que a pessoa com autismo encontrou para dizer que está com fome, já que tem a fala prejudicada. Um dedo repetidamente levado ao olho pode significar um estímulo agradável.
O primeiro passo para um tratamento eficaz
são pais e especialistas buscarem entender
o que cada comportamento significa

Por isso, o primeiro passo para um tratamento eficaz são pais e especialistas buscarem entender o que cada comportamento significa. Assim, será possível substituir comportamentos lesivos por uma linguagem não-verbal saudável.


Diagnóstico e tratamento precoces
Os especialistas ressaltam a importância do diagnóstico e tratamento precoces do autismo. Mas muitos pais deixam para tratar os filhos em idade mais avançada, quando consideram que eles já estão aptos a receber os estímulos educacionais, como ocorre com as crianças sem o distúrbio.

O pesquisador brasileiro Caio Miguel, da Universidade Estadual da Califórnia (EUA), explica que toda pessoa é sensível à educação. Contudo, os que apresentam algum espectro do autismo não aprendem de forma incidental – vendo e repetindo comportamentos usuais e palavras simples sem serem formalmente ensinados –, como acontece normalmente. “A criança com distúrbio autista precisa ser estimulada e o aprendizado vem via repetição”, ensina.

A psicóloga Cintia Guillhardi, pesquisadora do Grupo Gradual, está desenvolvendo um novo método para auxiliar na detecção de riscos de autismo em crianças de até um ano. A metodologia envolve diretamente os pais, que são orientados a realizar tarefas mensais com a criança. “Essas tarefas incluem a gravação de vídeos”, diz. E completa: “Se houver a percepção de algum sinal autístico, rapidamente os pais já são orientados a maximizar o desenvolvimento do bebê com brincadeiras direcionadas”.

Apesar da existência de métodos de diagnóstico e tratamento precoces, o coordenador da ESPCA Autismo, Celso Goyos, chama a atenção para a dificuldade de encontrar no Brasil profissionais atualizados sobre os novos tratamentos. “A evolução no tratamento do distúrbio autista ao longo dos anos é enorme e sabemos que muitos profissionais estão repetindo práticas que se aplicavam há vinte anos”, ressalta.


O professor Celso Goyos, da Uneversidade Federal de São Carlos, encerra as atividades da
Escola de Ciências Avançada em Autismo, ao lado dos co-organizadores do evento
Caio Miguel, da Universidade Estadual da California, e
Thomas Higbbe, da Universidade de Utah. (foto: MArcos Marin)

Para Goyos, o Brasil ainda tem muito a desenvolver nas pesquisas sobre DEA e carece de políticas públicas voltadas para o problema. “Para contribuir com a mudança dessa realidade, alguns acordos de cooperação internacional entre universidades foram sendo desenhados durante a Escola de Ciência Avançada, com ações previstas já para este ano de 2012”, conta. “A mobilização dos pais também é fundamental nessa busca por políticas públicas”, completa Caio Miguel.

Pelos caminhos da genética

Os cientistas também têm procurado na genética respostas que auxiliem na identificação e no tratamento dos distúrbios autistas.

O brasileiro Alysson Muotri, que realiza pesquisas com neurônios autistas na Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), adiantou os resultados de um experimento bem-sucedido em que conseguiu reverter para o estado normal neurônios derivados de crianças com autismo clássico. A pesquisa, que deve ser publicada até o final de 2012, cria esperança em relação à produção de remédios modernos que impeçam o desenvolvimento ou mesmo consigam reverter o distúrbio.

Outros dois grupos de pesquisa no mundo também já se dedicam ao desenvolvimento de fármacos para o autismo e um outro deve ser formado na Universidade de São Paulo (USP). A base para a criação dessas drogas já é conhecida, mas ainda se buscam substâncias que sejam eficazes e apresentem menos efeitos colaterais. Apesar dos avanços nessa área, os pesquisadores ressaltam que, mesmo obtendo bons resultados na produção do medicamento, ainda levará anos até que ele esteja disponível nas prateleiras.


Fonte: Ciência Hoje

Livro para criança: O filho por adoção - Lídia Weber



Este "pequeno" livro dirigido a crianças é pequeno em tamanho, mas "grandioso" em seu valor terapêutico.

Ele constitui, também, um estímulo à adoção de crianças por nossas famílias brasileiras.

Cada frase retrata a importância da família, independentemente de sua constituição, para a promoção do desenvolvimento emocional e afetivo das crianças, particularmente daquelas que, por motivos diversos, tiveram que ser adotadas.

Autor: Lidia Weber

Assunto abordado: Adoção

Curso de Formação em Tanatologia

Quando chega uma paciente em seu consultório e ele diz que alguém muito importante faleceu, você se sente seguro em atende-lo?? sabe qual melhor forma para proceder???


O IPCS está com uma nova turma no curso de Formação em Tanatologia - Início 30/06

A Tanatologia é uma ciência interdisciplinar que estuda a relação do homem com a própria morte e com a morte do outro, adquirindo corpo teórico com definição de conceitos e questionamentos para compreensão do comportamento humano em relação às perdas, luto e separação, levando-nos a refletir e debater sobre nossa própria finitude. O objeto de estudo da Tanatologia é compreender a relação do homem com a morte; qual o impacto deste evento na subjetividade humana, agregando não somente a morte física mas também a morte enquanto experiência simbólica, vivida em situações de mudanças. é também preocupação da Tanatologia a maneira como as pessoas reagem emocional e psicologicamente às perdas e quais mecanismos de defesa está utilizando para se readaptar a nova situação.


Maiores informações www.estresse.com.br ou 19-3234.0288


Ver mais:

Instituto Psicológico Controle do Stress - www.estresse.com.br

Bullying: o que é e o que podemos fazer


Muitas vezes encontramos crianças e adolescentes que resistem em ir à escola, apresentando queda significativa no envolvimento e no desempenho acadêmico. Diante disso, os pais ficam confusos quanto ao que está acontecendo, questionando-se sobre o que fazer. Algumas hipóteses podem ser levantadas, dentre elas o padrão negativo das interações entre os colegas, ou mesmo entre professores/ funcionários e alunos. Neste contexto, destaca-se o bullying, cujos primeiros estudos não acompanham as suas primeiras manifestações na história da humanidade e cujas consequências são desproporcionais à sua concepção comumente inofensiva.

Dan Olweus, pesquisador norueguês que se dedicou ao estudo de interações entre crianças e adolescentes na década de 70 [1], denominou bullying como comportamento agressivo e negativo, que ocorre repetida e sistematicamente ao longo do tempo em um relacionamento que envolve desequilíbrio de força e poder (físico e/ou psicológico). Outro fator que caracteriza o bullyingé o aspecto individual ou grupal do agressor e também da vítima, além do fato de não haver motivo evidente para ataques e existir a intenção de subjugar o outro ao seu poder. Ademais, constata-se diversas modalidades desta agressão: direta ou indireta, física, psicológica, sexual ou virtual.

O bullying se manifesta no ambiente escolar a partir do momento em que, diante de uma diferença física ou de comportamento social específico, uma vítima se destaca perante os demais, atraindo a atenção negativa dos pares. A presença de algum acessório (como óculos de grau ou aparelho ortodôntico) ou de doença, deficiência física ou intelectual; baixo peso ou obesidade, raça, etnia ou condição socioeconômica diferente da maioria; bom ou mau desempenho acadêmico, retraimento social, dentre outros, são geralmente os estímulos mais comuns para a agressão. Diante disso, surgem os apelidos pejorativos, as intimidações, as piadas de mau gosto, o abuso de força física, a coerção para práticas sexuais, a extorsão de objetos pessoais, os insultos em redes sociais e fotos espalhadas através de Bluetooth, entre outros. Até aqui, a ocorrência do bullyingé episódica.

No entanto, os ganhos diretos e indiretos resultantes deste episódio podem ser responsáveis pela alteração da frequência da agressão. Dinheiro e objetos pessoais extorquidos, reconhecimento social e popularidade perante os pares, o poder e o prazer em dominar, intimidar e causar sofrimento às vítimas já aumentam a probabilidade de ocorrência de outro episódio agressivo, perpetuando a violência e caracterizando o bullying, pois a agressão passa de episódica para contínua. Desta forma, percebe-se que o agressor discrimina uma maneira fácil e desabilidosa para conseguir algo através da coerção e, obtendo sucesso, é mais provável que novamente apresente esse padrão de comportamento com essa pessoa ou com outras.

Quanto à vítima, esta pode comportar-se de duas formas perante o bullying: submeter-se às ameaças ou comportar-se de forma agressiva com quem lhe oprime ou mesmo com outros colegas. Na segunda hipótese, ao agir dessa forma o aluno acaba perpetuando a violência por observarem as consequências sociais advindas do comportamento agressivo na escola ou mesmo por uma inabilidade no enfrentamento da agressão.

Neste cenário, tem-se também os expectadores, que são aqueles que se envolvem indiretamente com o bullying, podendo participar ativamente dos episódios, auxiliando o agressor (muitas vezes achando que se comportando assim evitam a probabilidade de serem as próximas vítimas); atuando como observadores (geralmente reforçando o ataque pelos olhares); ou saindo da cena em busca de ajuda, delatando a agressão aos educadores.

Esclarecido o contexto do bullying, cabe destacar aqui fatores que tornam mais prováveis o comportamento agressivo nas relações interpessoais infanto-juvenis. Partindo do pressuposto de que, ao chegar à escola, a criança se comporta de acordo com o treinamento social recebido em suas interações pré-escolares, conclui-se que o comportamento agressivo dos jovens recebe influência direta da família, que é o primeiro grupo a educá-los.


Pesquisas [2] tem destacado aspectos da criação de jovens que se envolvem com o bullying. No caso dos agressores, constatou-se que há uma educação com pouco afeto incondicional, déficits no envolvimento e na participação da rotina diária dos filhos, além de pouca exigência, com fraco estabelecimento de regras e limites. Considerando o grupo das vítimas, os pesquisadores enfatizaram a superproteção dos pais e a baixa exigência, fatos estes que não permitem o pleno desenvolvimento de habilidades de enfrentamento necessárias para a resolução de problemas, favorecendo o comportamento passivo. Já no grupo das vítimas-agressoras, há evidências de que a exposição contínua à violência e abusos em casa, a rejeição dos pais e o uso de práticas negativas (como punição) influenciam no comportamento agressivo de crianças e adolescentes. Dessa forma, experiências precoces de vitimização, de agressividade e de poucos limites por parte dos adultos influenciam negativamente a criança, favorecendo o envolvimento no bullying.


No entanto, apesar de a ênfase ser atribuída à família, destaca-se a importância da escola neste contexto. Com a admissão da criança, a escola necessita dar continuidade à educação social, complementando o ensino proporcionado pelos pais no tocante a valores, convivência social, educação cívica e moral, além da parte acadêmica.


Antes concebida como apenas uma realidade americana, os ataques armados à escolas provocados por alunos com perfis de vítimas de bullying também estão se estendendo às escolas brasileiras. A mais recente data de 2011, em uma escola pública de Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro. Dessa forma, observa-se que os responsáveis pelos ataques recorriam às armas para “combater” o poder e a coerção a que eram freqüentemente submetidos no recinto escolar.


A Psicologia, dentro das medidas preventivas de bullying no contexto escolar, aborda o relacionamento interpessoal desenvolvendo habilidades sociais que são úteis na situação de conflito interpessoal (autocontrole emocional, resolução de problemas, expressividade emocional, dentre outros) e promovendo atividades que fomentem a empatia, o respeito e a tolerância às diferenças. Atividades de socialização de alunos novatos, mediados por alunos veteranos que apresentem boa aceitação entre os pares, também são úteis para aumentar a probabilidade de melhor recepção do recém-admitido.


Ao passo disso, a escola oferece a sua contrapartida quanto ao manejo da agressão entre pares, promovendo um clima escolar favorável à denúncias (ou seja, abrindo canais de comunicação entre estudantes e educadores e, sobretudo, consequenciando adequadamente os episódios de bullying), orientando pais em reuniões e também oferecendo suporte médico-psicológico na comunidade para aqueles estudantes que já estão apresentando sinais de agravo à saúde física e prejuízos significativos ao repertório comportamental.

Ao trabalhar preventivamente, família e escola evitam a evasão escolar, o engajamento dos estudantes em atividades de risco (como uso de drogas, porte de arma), os agravos ao desenvolvimento e à saúde mental dos alunos (depressão, transtornos de ansiedade, suicídio, déficits em habilidades sociais, estresse e queixas somáticas) e consequências nefastas à socialização dos mesmos.


Já quanto aos pais, finalmente, algumas orientações são válidas:

1.Desde cedo, eduque suas crianças para perceberem e respeitarem as diferenças interpessoais, estimulando a tolerância e também a empatia diante do sofrimento alheio. Além disso, procurem equilibrar expressões de afeto, envolvimento, participação e comunicação positiva com estabelecimento de regras e limites, supervisão e monitoria de suas atividades. Desta forma, não estarão apenas prevenindo o bullying, mas educando para melhor adaptação ao ambiente e para o enfrentamento de várias situações adversas que a vida ainda lhes proporcionará.

2.Esteja atento a como seus filhos chegam em casa: uniforme rasgado ou desalinhado, livros estragados e perda de alguns pertences são sinais de vitimização. Outros indícios são os raros convites para festas ou atividades de lazer, o fato de não levarem colegas para casa (e também de não frequentarem a casa deles), de serem os últimos escolhidos nos jogos esportivos. É também comum apresentarem queda súbita no desempenho acadêmico, além de medo de ir à escola, muitas vezes apresentando fortes crises de ansiedade na iminência de uma aula. No campo da saúde, observa-se que há a presença de falta de apetite, dores de cabeça ou estomacais, insônia ou sono perturbado e tristeza.


3.Caso seus filhos peçam excessivamente dinheiro ou objetos, inclusive furtando em casa, é possível que esteja se utilizando de uma estratégia para enfrentar a extorsão na escola, sobretudo se for acompanhado dos demais indícios supracitados. Se, por outro lado, se comportarem agressivamente em outros ambientes, portando dinheiro ou objetos, cuja origem é desconhecida e trazendo explicações frívolas sobre isso, não hesitem em abordar o caso e entrar em contato com a escola.

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[1] OLWEUS, D. (1993). Bullying at School: what we know and what we can do.Oxford, England: Blackwell.

[2] Trata-se de uma pesquisa realizada entre 2007 e 2009, desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná, cuja amostra envolveu cinco cidades brasileiras: Curitiba-PR, Governador Valadares-MG, Formosa-GO, Goiânia-GO e Teresina-PI. Seu resultado pode ser conferido aqui.
Juliana de Brito Lima é Psicóloga (CRP 11ª/05027), formada pela Universidade Estadual do Piauí e especializanda em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento – IBAC. É membro da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental – ABPMC e Psicóloga do Centro Integrado de Educação Especial – CIES e da Clínica Lecy Portela, em Teresina-PI. Tem experiências acadêmicas (linha de pesquisa “Desenvolvimento da criança e do adolescente em situações adversas” do Núcleo de Análise do Comportamento da Universidade Federal do Paraná/ NAC-UFPR) e profissionais na área clínica (atendimento a criança, adolescente e adulto), jurídica e educação especial, na orientação de pais.
Fonte: Instituto de Psicologia Aplicada - InPA
Contato: juliana@inpaonline.com.br
Telefone - (61) 3242-1153

Livro para criança: Bom Dia, Marcos


Este livro compartilha de forma gostosa o relacionamento entre irmão. O irmão caçula de Estela, Marcos, já está acordado e não quer a ajuda da irmã mais velha para se arrumar. Estela concorda que ele se vista sozinho, mas fica atenta a qualquer problema. Seja uma cueca ou uma meia sumida, a luz que se apaga ou o armário que se fecha, lá está Estela para ajudá-lo. Mas, no final da história, pode ser Marcos a socorrê-la.

Autor: Marie-Louise Gay
Ilustrador: Marie-Louise Gay
Editora Brinque book
Assunto abordado: Relacionamento entre irmãos, Conquista de autonomia, Amadurecimento

Déficit de atenção: 8 sinais aos quais os pais devem ficar atentos

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é uma doença cercada de controvérsia. Por atingir principalmente crianças, muito pais enxergam problemas onde eles não existem — sintomas isolados são comuns nesta fase da vida. Também há quem não preste atenção ao conjunto de sintomas que a caracterizam: quadros de desatenção, hiperatividade e impulsividade de maneira exacerbada.

Há um grande número de crianças com a doença, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo dados da Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), cerca de 3% a 5% das crianças brasileiras sofrem de TDAH, das quais de 60% a 85% permanecem com o transtorno na adolescência.

É preciso enfrentá-la cedo. Quando não diagnosticada e tratada, pode trazer sérios prejuízos a curto e longo prazo. Em crianças, é comum a queda no rendimento escolar, por causa de desorganização, da falta de paciência para assistir às aulas e estudar. Na fase adulta, o problema pode ser a causa de uma severa baixa auto-estima, além de afetar os relacionamentos interpessoais, uma vez que a pessoa tem dificuldades em se ajustar a horários e compromissos e, frequentemente, não consegue prestar atenção no parceiro.

Confira abaixo oito desses sintomas que, quando aparecem com freqüência e em mais de um ambiente (escola e casa, por exemplo), podem servir como um alerta de que chegou a hora de procurar ajuda profissional.

Distração

As crianças com TDAH perdem facilmente o foco das atividades quando há algum estímulo do ambiente externo, como barulhos ou movimentações. Elas também se perdem em pensamentos “internos” e chegam a dar a impressão de serem “avoadas”. Essas distrações podem prejudicar o aprendizado, levando o aluno a ter um desempenho muito abaixo do esperado.
Perder Objeto

Perder coisas necessárias para as tarefas e atividades, tais como brinquedos, obrigações escolares, lápis, livros ou ferramentas, é quase uma rotina. A criança chega a perder o mesmo objeto diversas vezes e esquece rapidamente do que lhe é dado.
 Lição Escolar

Impaciente, não consegue manter a atenção por muito tempo. Por isso tem dificuldade em terminar a tarefa escolar, pois não consegue se manter concentrada do começo ao fim, e acaba se levantando, andando pela casa, brincando com o irmão, fazendo desenhos...
Movimentos Constantes

Traço típico da hiperatividade, é comum que mãos e pés estejam sempre em movimento, já que ficar parado é praticamente impossível. A criança acaba se levantando toda hora na sala de aula e costuma subir em móveis e em situações nas quais isso é inapropriado. Para os pais, é como se o filho estivesse “ligado na tomada”.
 Passeios e Brincadeiras

Existe grande dificuldade em participar de atividades calmas e em silêncio, mesmo quando elas são prazerosas. Em vez disso, preferem brincadeiras nas quais possam correr e gritar à vontade. Por isso costumam ser vetados de algumas festas de aniversário ou passeios escolares
Paciência

Tendem a ser impulsivas e não conseguem esperar pela sua vez em filas de espera em lojas, cinema ou mesmo para brincar. É comum ainda que não esperem pelo fim da pergunta para darem uma resposta e que cheguem a interromper outras pessoas
Desatenção

Distraída e sem conseguir prestar atenção na conversa, dificilmente consegue se lembrar de um pedido dos pais ou mesmo de uma regra da casa. A sensação que se tem é a de que ela vive “ no mundo da lua”. É comum, portanto, que os pais acabem repetindo inúmeras vezes a mesma coisa para a criança, que nunca se lembra do que foi dito
 Impulsividade

A criança com TDAH não tem paciência nem para concluir um pensamento. Assim, ela acaba agindo sem pensar e chega a ser impulsiva e explosiva em alguns momentos. Os rompantes podem ser vistos, por exemplo, durante brincadeiras com os demais colegas que culminem em brigas ou discussões

* Fontes: Maria Conceição do Rosário, psiquiatra e professora do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Child Study Center, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e Thiago Strahler Rivero, psicólogo do Departamento de Psicobiologia do Centro Paulista de Neuropsicologia da Unifesp


Fonte: Veja

Comportamento Pró-Estudo: texto usado para orientação com os pais


Tarefa escolar define-se como uma atividade designada pelos professores para ser realizada em horário não letivo (Eliam, 2001) a fim de serem fixados os conteúdos ensinados pelos professores durante a aula.

Normalmente estas tarefas são realizadas em casa com o auxílio dos pais ou responsável pela criança. Em relação ao envolvimento parental na tarefa de casa, pesquisas afirmam que esse envolvimento parece ser recurso de grande importância para promover o bom desempenho acadêmico (e.g., Cooper, 2000; Eliam 2001; Grolnick & Slowiaczek, 1994; Hill & Craft, 2003).

Porém na maioria das vezes, nota-se a dificuldade de realizar esta atividade, devido a vários fatores, por vezes os pais não conseguem completar atividade com os filhos, ou esta se prolonga demais, tornando-se uma situação extremamente aversiva.

Assim procedendo, os pais podem reforçar positivamente comportamentos inadequados do filho como, por exemplo, fazer birra, esperar que os pais façam a atividade por ele, dizer que não quer fazer a tarefa, etc. ao mesmo tempo em que se livram das birras e da obrigação de ajudá-lo.

Além disso, Hübner e Marinotti (2000) apontam que frente a essas situações, muitos pais passam a usar esquemas de reforço inconsistentes e acentuam o uso de punições.

O modelo comportamental ajuda nessas situações, pois com ele pode-se:

•1º) Identificar as variáveis independentes que prevalecem no ambiente educacional.

•2ª) Compreender e prevenir comportamentos determinados por essas variáveis.

•3º) Através de método científico à investigação e elaboração de técnicas e intervenções a fim de promover mudanças comportamentais úteis e adequadas (pelo menos do ponto de vista de quem decidiu as mudanças).

Para os analistas comportamentais ensinar seria arranjar ou dispor contingências para a aprendizagem eficaz; arranjar contingências para o ensino eficaz depende estreitamente da análise dos três elementos observáveis na presença dos quais o comportamento ocorre:

1.um evento antecedente (estímulo discriminativo ou eliciador) Ex: uma instrução verbal, um comando, uma figura, um som ou cor.

2.uma resposta funcionalmente relacionada com o evento antecedente.

3.Um evento conseqüente (estímulo reforçador) que enfraqueça ou fortaleça a resposta, dependendo das relações de apresentação ou remoção que estabelecer com ela.

Para favorecer uma ambiente adequado de estudo é necessário estabelecer um local apropriado e especifico para o estudo; o ideal é selecionar um ambiente reservado da casa em que haja uma mesa confortável, boa iluminação, silencio, pouco transito de pessoas, e poucos objetos, pois estes podem causar distração.

Disponibilizar todo material escolar necessário para realização da tarefa, é necessário fazer extinção de respostas incompatíveis com a realização da tarefa, é importante elogiar quando a criança faz atividade, fazer o pareamento da hora da tarefa com estímulos agradáveis.

Depois de cumpridas as atividades programadas, faz-se um momento de lazer. A razão para isso é que primeiro a criança deve cumprir seus deveres para depois realizar atividades que gosta. Com isso, a criança não tem o acesso limitado aos seus direitos nem é obrigada a cumprir deveres sem receber nada em troca por isso.

Do ponto de vista técnico, esse procedimento condiciona a oportunidade da criança de se engajar em um comportamento que goste muito e que tenha alta probabilidade de ocorrência(brincar, ver TV) à emissão de um comportamento que ocorre em baixa probabilidade(fazer os exercícios). Nesse caso, o comportamento de alta probabilidade reforça a emissão dos comportamentos menos prováveis. (Premack,1959;1962)

Escrito por Maria Aparecida Silva Melo Fonte: Psicologado