Depressão pode levar as mães a despertar Bebês



Marie-Vanderweide Murray / Getty Images
 As mães deprimidas são mais propensas a inutilmente acordar seus filhos à noite do que as mães que não estão deprimidas, de acordo com pesquisadores da Penn State.

"Nós descobrimos que as mães com níveis elevados de sintomas depressivos são mais propensas a se preocupar excessivamente com seus bebês à noite do que as mães com níveis baixos do mesmo sintoma, e que tais mães eram mais propensas a buscar seus bebês durante a noite e passar mais tempo com seus filhos do que as mães com níveis baixos", disse Douglas M. Teti, diretor associado do Social Science Research Institute e professor de desenvolvimento humano, psicologia e pediatria.

"Este, por sua vez, foi associado com os bebês de mães deprimidas que acordam durante à noite, em comparação com os bebês de mães não-deprimidas", disse Teti. "O interessante sobre isso é que quando as mães deprimidas procuram seus bebês à noite, seus filhos não parecem precisar da ajuda dos pais. Eles podem estar dormim ou acordado, talvez, mas não angustiados."

Em contraste, as mães com baixos níveis de sintomas de preocupação e depressão raramente acordaram seus filhos de um sono profundo e poucas foram verificar seus bebês durante à noite a menos que as crianças estivessem angustiadas.

As duas maiores preocupações que os novos pais reportaram aos pediatras foram: problemas de sono e problemas de alimentação. Enquanto Teti e o colega Brian Crosby, professor de psicologia, não descartam as preocupações dos pais com o bem-estar dos filhos, mas eles observam que provavelmente não há razão para acordar um bebê que dorme profundamente, se a criança não está enfrentando qualquer perigo. Eles enfatizam que, a depressão dos pais ou preocupação com o sono da criança, pode ter consequências negativas para a relação pai-filho a longo prazo.

Esta pesquisa publicada na revista Child Development em 17 de abril,  mostra a importancia de ajudar os pais a reduzir o estresse.

"É preciso examinar a saúde do sistema familiar e abordar o problema", disse Teti. "Se a criança acorda sozinha com frequência, pode causar sofrimento parental, então é preciso estabelecer intervenções para ajudar os bebês a desenvolverem a auto-regulação do sono."

No entanto, se os bebês são acordados pelas mães desnecessariamente, outras abordagens podem ser consideradas. Estas abordagens incluem tentativas de aliviar os sintomas depressivos maternos, reduzir preocupações desnecessárias sobre o comportamento do sono infantil à noite, incentivar o apoio do cônjuge, e fornecer informações aos pais sobre os benefícios de uma boa noite de sono para os bebês e os pais.

A trajetória do estudo contou com a coleta de informações através de câmeras colocadas em casas de 45 mães de 45 bebês com idades entre 1 a 24 meses. Os dispositivos gravaram a atividade por até 12 horas, desde o início do momento de dormir até a manhã seguinte, as mães relaram em um diário do sono quantas vezes seus bebês tinham despertado.

Os pesquisadores observaram os vídeos e correlacionaram com o relato dos pais.

"Concluimos que é importante enterder o que ocorre no período da noite e como os pais podem afetar o sono dos bebês" disse Teti. "Provavelmente há muita coisa acontecendo à noite que precisamos entender, e nós precisamos usar observações reais do que os pais estão fazendo. Sabemos muito pouco sobre parentalidade noturna."

Fonte: Science Daily

Medos, Ansiedades e Fobias

Todos, desde o filho mais novo ao mais velho, experimentam ansiedades e medos em um momento ou outro. Sentir-se ansioso em uma situação particularmente desconfortável não é legal. No entanto, com as crianças, tais sentimentos não são apenas normal, eles também são necessárias. Lidar com ansiedade pode preparar os jovens para lidar com as experiências inquietantes e situações desafiadoras da vida.

Ansiedades e medos são muito normal

A ansiedade é definida como "apreensão sem causa aparente." Isso geralmente ocorre quando não há ameaça imediata à segurança de uma pessoa ou bem-estar, mas a ameaça parece real.

A ansiedade faz alguém querer fugir da situação, e rápido. O coração bate mais rapidamente, o corpo pode começar a transpirar e sente-se "borboletas" no estômago. No entanto, um pouco de ansiedade pode realmente ajudar as pessoas a ficar alerta e focada.

Tendo medos ou ansiedades sobre certas coisas também pode ser útil porque as crianças se comportam de maneira segura. Por exemplo, uma criança com medo do fogo evita a brincar com fósforos.

A natureza das ansiedades e medos mudam à medida que as crianças crescem e se desenvolvem:

•Bebês sofrem de ansiedade, agarrando-se aos pais quando confrontado por pessoas que não reconhecem.

•Crianças em torno de 10 a 18 meses experienciam a ansiedade de separação, tornando-se emocionalmente perturbado quando um ou ambos os pais as deixam.

•Crianças com idades entre 4 a 6 anos tem ansiedade sobre coisas que não são baseadas na realidade, como medo de monstros e fantasmas.

•Crianças com idades entre 7 a 12 anos à vezes tem medos que refletem circunstâncias reais que podem acontecer a eles, tais como lesão corporal e desastre natural.

Como as crianças crescem, um medo pode desaparecer ou se substituido por outro. Exemplo, uma criança que não conseguia dormir com a luz apagada aos 5 anos de idade pode desfrutar de uma história de fantasma mais tarde. E alguns medos pode se estender apenas a um tipo particular de estímulo. Em outras palavras, uma criança pode querer acariciar um leão no zoológico, mas consegue chegar perto do cachorro do vizinho.

Sinais de ansiedade

Medos infantis típicos mudam com a idade. Eles incluem o medo de estranhos, alturas, escuridão, animais, sangue, insetos, e ser deixado sozinho. As crianças muitas vezes aprendem a temer um objeto ou situação específica, depois de ter uma experiência desagradável, como uma mordida de cão ou um acidente.

Ansiedade de separação é um outro tipo de ansiedade comum quando as crianças estão começando a escola, enquanto que os adolescentes podem sofrer de ansiedade relacionada à aceitação social e desempenho acadêmico.

Se sentimentos de ansiedade persistirem, eles podem tornar-se um grande problema em relação ao sentimentos de bem-estar de uma criança. A ansiedade associada com evitação social pode ter efeitos a longo prazo. Por exemplo, uma criança com medo de ser rejeitado pode deixar de aprender importantes habilidades sociais, causando o isolamento social.

Muitos adultos são atormentados por medos que decorrem das experiências da infância. Medo de um adulto ao falar em público pode ser o resultado de constrangimento na frente de colegas de muitos anos antes. É importante que os pais reconhecem e identifiquem os sinais e sintomas da ansiedade das crianças para que os medos não atrapalhem o desenvolvimento saudável a longo prazo.

Alguns sinais de que uma criança ansiosa:

•tornar-se pegajosa, impulsiva, ou distraída

•movimentos nervosos, como espasmos temporários

•problemas para dormir e/ou dormir mais tempo que o normal

•mãos suadas

•batimento cardíaco acelerado e respiração ofegante

•náusea

•dores de cabeça (sem justificativa fisiológica)

•dores de estômago

Os pais ao perceber a ansiedade ou algum sentimento de inquietação podem dizer algo ao filho e escutar de forma atenta pois algumas vezes apenas essa simples atitude pode ajudar a criança a entender e perceber o que esta ocorrendo. 

O que é uma fobia?

Quando ansiedades e medos persistem, podem surgir problemas. Por mais que um pai espera que a criança cresça e supere esta fase dos medos, às vezes ocorre o oposto, e a  ansiedade paira e torna-se mais prevalente. A ansiedade pode-se  tornar uma fobia ou um medo extremo, grave e persistente.

A fobia pode ser muito difícil de tolerar, tanto para as crianças e aqueles à sua volta, especialmente se o estímulo a ansiedade (o que está causando a ansiedade) é inevitável (por exemplo, tempestades e trovões).

A fobia é uma das principais razões as quais as crianças são encaminhadas a profissionais da saúde. Mas a boa notícia é que, a menos que a fobia persista e dificulte a capacidade diária de função, a criança às vezes não necessita de tratamento longo.

Focalizando ansiedades, medos ou fobias

Tente responder as seguintes perguntas com honestidade:

O medo do seu filho é típico da idade?

Se a resposta a esta pergunta é sim, fique tranquilo os medos de seu filho irá resolver antes de se tornar um sério motivo de preocupação. Isto não é para dizer que a ansiedade deve ser ignorada, mas sim, deve ser considerado como um fator de desenvolvimento normal da criança.

Muitas crianças experimentam, adequado à idade, o medo do escuro. A maioria, ultrapassam com alguma tranquilidade esta fase, talvez, uma noite acordada, é possível eliminar esta dificuldade. No entanto, se continuar a ter problemas uma intervenção será inevitável.

Quais são os sintomas do medo, e como eles afetam o funcionamento pessoal, social e acadêmico do seu filho?
Se os sintomas podem ser identificados e superados com as atividades cotidianas do seu filho, ajustes podem ser feitos para aliviar alguns dos fatores de estresse, mas ainda encontra-se numa normalidade.

Será que o medo parece razoável em relação à realidade da situação, ou poderia ser um sinal de um problema mais sério. Se o medo do seu filho parece estar fora de proporção com a causa do estress, o que pode sinalizar a necessidade de buscar ajuda externa como um psiquiatra ou psicólogo.

Os pais devem procurar padrões. Se um incidente isolado for resolvido, não torná-lo mais significativo do que é. Mas se surge um padrão que é persistente ou penetrante, você deve agir. Se você não fizer isso, a fobia é provável que continue a afectar o seu filho.

Contacte o seu médico e / ou um profissional de saúde mental que tenha experiência em trabalhar com crianças e adolescentes.

Ajude o seu filho

Os pais podem ajudar as crianças a desenvolver habilidades e a confiança para superar medos para que eles não evoluam para reações fóbicas.

Para ajudar seu filho a lidar com medos e ansiedades:

• Reconhecer que o medo é real e faz seu filho sentir-se ancioso.ioso e com medo. Ser capaz de falar sobre os medos ajuda - as palavras muitas vezes tiram um pouco da energia do sentimento negativo. Se você falar sobre isso, pode tornar-se menos potente.

•Nunca menospreze o medo como uma maneira de forçar seu filho a superá-lo. Dizendo: "Não seja ridículo! Não há monstros em seu armário!". Você pode conseguir que seu filho vá para a cama, mas não fará com que o medo vá embora.

•Não atender aos temores, no entanto. Se seu filho não gosta de cães, não atravessar a rua deliberadamente para evitar um reforça a idéia que os cães devem ser temido e evitado. Prestar cuidados de apoio e gentileza como você se aproxima do objeto temido ou situação com seu filho.

•Ensinar as crianças a dar uma nota na intensidade do medo. Uma criança que pode visualizar a intensidade do medo em uma escala de 1 a 10, sendo 10 o mais forte, pode ser capaz de "ver" o medo como menos intensas do que imaginava. 

A chave para resolver medos e ansiedades é superá-los. Usando estas sugestões, você pode ajudar seu filho a lidar melhor com situações da vida.

Fonte: Kids Health

O motivo por trás dos tiros

Fui procurada pela Jornalista Flavia Bianchi do Jornal da Universidade Federal do Paraná para conceder uma entrevista sobre Bullying. Confiram a interessante reportagem...
 
Reportagem Flavia Bianchi
Edição Carla Cavagnolli

O motivo por trás dos tiros

Embora possa parecer brincadeira de criança, o bullying pode acarretar consequências futuras alarmantes
 
O estudante de Letras Lucas Seman, 18 anos, não enfrenta problemas sérios de relacionamento, mas nem sempre foi assim. Dos 13 aos 16 anos, o convívio social era perturbado, já que Lucas foi vítima de um tipo de violência muito comum: o bullying.

A escola, tida como o primeiro lugar onde a criança se impõe socialmente fora de casa, é o principal palco da agressão. Sendo o bullying um ato de violência física ou psicológica e executado dentro de uma relação de poder, não é de se surpreender que algumas vítimas carreguem marcas pela vida toda. Lucas diz não possuir traumas dessa época, entretanto, nem sempre é isso o que ocorre.

 
Continue lendo: Jornal UFPR
 

Pesquisa: Crianças expostas a violência envelhecem mais rápido

Pesquisadores observaram que situações como agressão física aceleram desgaste do DNA que só deveria ocorrer com o envelhecimento natural

Exposição à violência na infância acelera envelhecimento celular (ThinkStock)
Uma criança que foi exposta a algum tipo de violência pode apresentar um desgaste em seu DNA semelhante ao naturalmente observado entre pessoas mais velhas. Elas, portanto, têm uma idade biológica maior do que a dos outros jovens. Essa é a conclusão de um estudo feito por pesquisadores do Instituto para Ciência e Política de Genoma da Universidade de Duke, nos Estados Unidos e publicado nesta terça-feira no periódico Molecular Psychiatry.


Os pesquisadores analisaram amostras de DNA de 236 crianças quando elas tinham de cinco a dez anos de idade. Parte delas havia sido exposta a algum tipo de violência, como a doméstica (brigas entre mãe e seu parceiro, por exemplo) ou sofrido maus tratos físicos por um adulto. As mães das crianças foram entrevistadas quando seus filhos tinham cinco, sete e dez anos.


Os autores do estudo observaram os telômeros de cada criança. Essa estrutura (telômero) corresponde à extremidade do cromossomo e contém material genético. Sempre que um cromossomo é replicado para a divisão celular, os telômeros encurtam. Esse encurtamento tem sido visto por diversos cientistas como um marcador biológico do envelhecimento, o relógio que marca a duração da vida de uma pessoa e sua condição de saúde.


Os pesquisadores observaram que as crianças que haviam sido expostas a algum tipo de violência tiveram, dos cinco aos dez anos de idade, um encurtamento do telômero mais rápido do que aquelas que não haviam passado por uma experiência como essa. O estudo ainda indicou que os jovens que sofreram mais do que um tipo de violência foram aqueles cujo telômero diminuiu mais rapidamente.


No entanto, a equipe não conseguiu determinar se esse quadro é irreversível. Os pesquisadores pretendem realizar novos estudos que acompanhem as crianças durante mais tempo para entenderem as consequências da violência na saúde a longo prazo.
Fonte: Veja

I Congresso Brassileiro de Terapia por Contingências de Reforçamento e Encontro de Terapeutar Comportamentais

Depressão na Infância e na Adolescência

Entrevista com o psicólogo Hélio José Guilhardi sobre o tema "Depressão na Infância e na Adolescência" concedida a revista Mackenzie


1. Porque o número de casos de depressão na infância e adolescência tem aumentado? A que se deve este aumento?

R: O mundo tem se tornado, progressivamente, mais complexo. Os desafios para lidar com ele exigem padrões comportamentais muito elaborados, em que a diferença, entre o desempenho que leva ao bem-estar e ao desenvolvimento e aquele que produz insatisfação e fracasso, é sutil. Depressão é um sentimento produzido por condições de vida diante das quais a pessoa não possui um repertório de comportamento para lidar com elas de maneira satisfatória, qual  seja, reduzir os eventos aversivos e melhorar as condições favoráveis e satisfatórias. O que contribui para esse déficit comportamental? Excesso de liberdade, com pouca orientação e falta de limites para lidar eficazmente com as situações adversas e, até mesmo, com as gratificantes. Maior acesso às informações, sem parâmetro para distingüir o “joio” do “trigo”. Afastamento de fontes tradicionais de limites para ação, as quais tinham diretrizes construtivas para o desenvolvimento humano, tais como a escola, a religião e a estabilidade da família. (O fato de que tais instituições no passado exageraram nos controles coercitivos sugere que os exageros deveriam ser amenizados e não que eles devessem ser esvanecidos e tão enfaticamente enfraquecidos.) O despreparo dos pais para lidar com seus filhos: criar é diferente de propiciar desenvolvimento através do amor. “Pouco tempo com qualidade” tem sido usado como justificativa para “pouco tempo com consumismo e prepotência”: os filhos usufruem de prazeres fáceis ofertados pelos pais e os tiranizam, a partir da culpa que os pais sentem. Atualmente, impera o sensorial (prazer imediato, que agrada aos órgãos dos sentidos) em detrimento do sensível (gratificação a longo prazo, a partir de valores de cooperação e entendimento recíproco). Esvaíram-se preocupações com o outro, que passou a ser visto como instrumento para “meus” objetivos e não co-participante de um processo de crescimento e desenvolvimento mutuamente influenciável. Quando uma pessoa não se importa com o outro, parcialmente não se importa consigo mesma. As relações deixam, progressivamente, de levar em conta o outro, como extensão necessária de mim mesmo, e passam a ser canibalescas.


2. Como diagnosticar a depressão em uma criança ou jovem?

R: A depressão não se manifesta, exclusivamente, de uma única maneira, com um só fenótipo como deixar-se ficar a sós, isolado, vivenciando sofrimento associado a desamparo e perda de sentido da vida. Ela aparece também na forma de hiperatividade, de agressividade, de consumo de substâncias químicas, de
isolamento, de ingratidão, de improdutividade, de engajamento excessivo com atividades que levam a desfecho nenhum. Como distinguir, então, a depressão, se, atualmente, ela não tem um fator patognomônico? Ela deve ser inferida da relação entre a pessoa e seu contexto de vida social e não-social. Os  comportamentos da pessoa estão harmonizados com o que o ambiente espera dela? Ela corresponde razoavelmente ao que se espera dela? Ela cresce na sua relação com as pessoas e com o ambiente em que está inserida? Ela coopera para o desenvolvimento das pessoas e do ambiente? Ela se sente bem e contribui para que as pessoas que a cercam também se sintam bem? Ela é fisicamente saudável, dentro dos limites de sua constituição genética, isto é, depurada de sintomas psicossomáticos? Respostas positivas a tais questões indicam uma pessoa em relação harmônica com seu universo. Não estará deprimida, independentemente da maneira como realiza a harmonia em sua vida.
 
3. A depressão na infância é um fator de risco para a depressão na idade adulta?

R: Em geral, em termos práticos, sim. Conceitualmente, não precisaria ser assim. Se a criança for orientada, bem como seu ambiente social (note que não se defende o “tratamento” isolado da criança, mas do sistema social, do qual ela faz parte: não é a criança que está “doente”, mas o conjunto. A “depressão” denuncia o
desequilíbrio do contexto humano), então, a resposta é não. O adulto será um “novo” adulto: integrado, cooperativo, solidário, construtivo, com pitadas de altruísmo, desde que seu universo de desenvolvimento tenha se transformado na direção apropriada. A depressão (conforme a estamos definindo aqui) não está
inscrita nos genes, mas é produto de condições – ainda que sutis – de desenvolvimento. (Mais uma vez, é oportuno destacar que há casos – mais raros do que se pensa – de determinantes neurofisiológicos de quadros depressivos. Nestes casos, a intervenção médica é essencial, em conjunto com a psicológica.)
É enganoso supor que ter acesso a privilégios, a recompensas, a bons momentos, a “coisas”, faz bem. É mais importante a maneira pela qual se tem acesso a tais “bens”. Tudo que é “dado” não engrandece, nem realiza duradouramente. E, o que é pior, nem sequer cria vínculos afetivos genuínos com a pessoa que 
“patrocina” os privilégios. (É comum crianças mimadas serem tirânicas, agressivas e pouco reconhecidas com pais incondicionalmente dadivosos.) Somente quando a pessoa tem acesso àquilo que lhe é importante por méritos próprios, os bens conseguidos contribuem para o crescimento pessoal, para o desenvolvimento de boa auto-estima, consolidam a autoconfiança e a responsabilidade. O crescimento pessoal é constituído, a partir de comportamentos emitidos por ela própria, e não através do livre acesso a bens que lhe são dados. O homem é construído e se constrói, nunca uma alternativa ou outra.

4. Quais são os “gatilhos” clássicos que despertam a depressão infanto-juvenil?
 
R: A criança, em geral, torna-se dependente do outro (usualmente, a pessoa socialmente mais significativa e mais provedora), que pode vir a falhar: adoecer, ausentar-se, ser incapaz de prover as necessidades – cada vez mais sofisticadas e exigentes – etc. A realidade externa não se harmoniza com os privilégios distorcidos, obtidos nas relações familiares íntimas, ou seja, a criança passa a ser exigida por professores, colegas de escola, autoridades, e revelam-se, então, os  déficits de comportamentos para enfrentar tais exigências, falta de disciplina e autocontrole para se empenhar em superar tais déficits, instabilidade emocional para enfrentar e conviver com as perdas e diferenças. Em resumo, qualquer condição que evidencie para a criança que ela é “diferente”, que os recursos de manipulação social que vem manejando não mais funcionam, que entra em contato com perdas e frustrações, que precisa adiar suas gratificações e compartilhá-las, quando se disponibilizarem, que seu grande mundo (o das pessoas que a protegem) é, de fato, um micro-universo, que não lhe proverá uma vida satisfatória... qualquer destas condições pode precipitar a depressão.

5. A vida moderna, a internet, os compromissos, a cobrança pelos estudos e pelo emprego, o culto ao corpo “sarado”, aceleram o processo de depressão?

R: Podem acelerar, dependendo da pessoa com quem se está lidando. De qualquer forma, porém, internet, compromissos, excessos nos estudos e no trabalho, culto ao corpo podem ser importantes fatores alienantes. Comprometem extensa gama do potencial e do repertório comportamental da pessoa, bem como de suas emoções e sentimentos, limitando o ser humano para atuar e sentir dentro dos estreitos limites de tais atividades. A perda de contato com os valores naturais, que são intrínsecos ao ser humano, produz uma triste sensação de contínua carência no meio da abundância. Onde há tempo para o diálogo, para o afago, para o desabafo...? O ser humano tem excesso, exatamente, daquilo de que pouco precisa essencialmente. A rotina das pessoas, os valores que elas privilegiam, a forma como se relacionam, todos esses itens espelham os avanços tecnológicos, a acumulação de riqueza, as estratégias comerciais. Exemplificando, um objeto bonito, que impressiona os sentidos, prevalece sobre a qualidade do produto; o descartável é preferido ao duradouro... As pessoas “saradas”, na moda, com etiquetas de marcas são mais notadas e cobiçadas do  que aquelas que possuem valores humanos e ética interpessoal. Da mesma forma, os afetos são passageiros, descartáveis, já que o tempo todo se está em busca do novo, do diferente. Nada mais é perene; a transitoriedade se tornou a marca da época atual. Se as pessoas são descartáveis, para onde estará se deslocando a segurança, o conforto do amor genuíno, a estabilidade da família, das amizades? Cada vez mais se torna atual, em todos os níveis, a constatação de que “tudo que é sólido se desmancha no ar”.

6. Qual é o papel dos pais, psicólogos e professores nesses casos?

R: A eles cabe uma tarefa insubstituível: a de resgatar os velhos valores humanos, mesmo que numa simetria atualizada e contextualizada. Dar limites, por ex., não é mais ajoelhar-se no milho; respeito ao outro não é calar-se quando o mais velho está presente; colaborar não é se escravizar e assim por diante. No entanto, limite precisa existir, a valorização dos sentimentos e valores do outro precisa ser reinstalada, a cooperação deve substituir a competição, preservação do ambiente deve ser prioridade, não mania de ecologistas etc. O ser humano se torna melhor e vive melhor quando se desenvolve de forma abrangente. Porém, não se pressuponha que pais e professores estejam preparados para assumir os papéis que lhes cabem. O mundo se transforma muito rapidamente e não há soluções prontas num mundo globalizado, pós-moderno e... tão repleto de rótulos, conceituações que mais confundem do que esclarecem, pois não instrumentam pais e educadores a lidarem com seus filhos. Nem mesmo os psicólogos têm respostas prontas, pois também eles fazem parte – como pessoas e como profissionais – deste complexo mundo em transformação. Há, no entanto, algumas diretrizes que podem ser apontadas: as relações inter-pessoais têm que se basear no afeto; o outro deve ser tão importante quanto o próprio eu; as interações devem ser amenas; os critérios éticos devem incluir o respeito ao próximo e ao ambiente, sem prejuízo e sem vantagens individuais. Como se pode concluir, a maneira própria de lidar com a depressão infantil é a prevenção. Esta deveria começar antes de os filhos nascerem. Tarefa difícil; possível, porém!

7. Qual é o momento certo para se procurar um especialista?

R: O ideal seria um trabalho preventivo. Os pais deveriam ler livros a respeito de educação de filhos, freqüentar cursos. As escolas, as igrejas, as instituições comunitárias deveriam se preocupar com a saúde mental de seus membros e dos cidadãos em geral e criar e oferecer oportunidades de acesso ao conhecimento para pais, educadores e interessados em geral. Os especialistas por sua vez deveriam melhor se preparar para oferecerem cursos conceitualmente consistentes, mas, principalmente, práticos e voltados para instrumentalizar os participantes com procedimentos para melhorar a vida familiar, dos pais e dos filhos. Os especialistas, ora mal preparados, ora muito preocupados com formulações teóricas e acadêmicas, não prestam um real serviço à comunidade. Textos e cursos deveriam ser preparados e oferecidos sob controle das necessidades do público a que devem servir, não a serviço do próprio ego.

8. A terapia é capaz de resolver o problema?

R: A terapia ajuda, sim. É, porém, uma intervenção que começa quando o problema já se cristalizou e muito sofrimento já dilacerou pessoas e famílias. A prevenção, foi já afirmado, é a melhor solução. A terapia deve enfocar as relações envolvidas: pais, criança, escola, a comunidade, enfim, que está dinamicamente envolvida com o problema. É equívoco grave rotular a criança depressiva como a doente. O sistema está doente. Todos são parte do problema e parte da solução.  

Estudo mostra que as crianças ficam mais ativas quando dado mais brinquedos para escolher


Numa época em que crianças da pré-escola possuem brinquedos eletrônicos e outros dispositivos, muitos pais perguntam como fazer para os seus filhos serem mais ativos fisicamente. Agora, dois estudos publicados pela Universidade de Buffalo (UB)  fornecem algumas respostas. Os estudos de UB estão entre os poucos estudos controlados em laboratório de como a escolha e o tipo de brinquedo oferecido às crianças afeta a sua atividade física. Os sujeitos do estudo foram crianças de 8-12 anos de idade.

O objetivo da pesquisa, liderada por James Roemmich, PhD, professor associado de pediatria na Faculdade de Medicina de UB e Ciências Biomédicas, foi identificar fatores básicos que tornam as crianças mais ativas fisicamente.

"Queríamos saber se as crianças sabiam fazer escolhas e se tinham autonomia - a capacidade de o indivíduo decidir como ele ou ela queria ser fisicamente ativo - aumentaram a sua motivação intrínseca para ser fisicamente ativo", disse Roemmich.

Os resultados mostraram que dar às crianças mais opções de brinquedos aumenta significativamente a atividade física, principalmente em meninas. E dar às crianças a oportunidade de jogos de mestres - incluindo exergames, tais como jogo Wii - também aumenta a atividade física de jogo. O primeiro estudo UB, publicado no Journal of Science and Medicine in Sports , descobriu que, quando havia apenas um brinquedo para brincar, os meninos envolvidos eram mais ativos que as meninas. Quando as crianças tiveram acesso a uma escolha de brinquedos, o tempo de jogo aumentou quase 200% para as meninas, em comparação a um aumento de apenas 42%para os meninos.

"Ficamos muito surpresos de encontrar uma diferença significativa entre meninos e meninas", diz Roemmich.

Estudos anteriores no campo têm consistentemente revelado que as meninas são menos ativas que os meninos.

"Mas as meninas dando uma escolha de atividades físicas fizeram o seu nível de jogo físico ficar igual ao dos meninos", diz Denise M. Feda, co-autor de ambos estudos e associado postdoctoral UB na Divisão de Medicina Comportamental do Departamento de Pediatria UB , onde os estudos foram realizados.

"As meninas podem desfrutar da tarefa cognitiva de escolha dos brinquedos, avaliando-os e selecionando o qual quer jogar, ao passo que o processo de seleção e pensar sobre os brinquedos podem ser menos atraente para os meninos", afirma o estudo.

No mesmo estudo, a média da intensidade do exercício aumentou para ambos os sexos quando foram fornecidos as crianças uma escolha de brinquedos. 

Em um segundo estudo UB publicado no International Journal of Nutrition Comportamentais e Atividade Física, os investigadores de UB olhou mais de perto como autonomia e mestria - uma força que motiva a criança a desenvolver a proficiência - o aumento da motivação intrínseca da criança para a atividade física.

Esse estudo revelou que uma combinação de autonomia e domínio eram mais poderoso no aumento do tempo de atividade física.

Os investigadores de UB queriam saber se o componente domínio do exergames ou jogos como Wii iria motivar as crianças a aumentar o tempo de jogo, reduzindo a necessidade de escolha para motivar atividade, explica Roemmich.

"Na verdade, descobrimos que a combinação de autonomia (escolhendo entre vários jogos diferentes) e domínio (jogando exergames) produziram os maiores aumentos na atividade física", diz Roemmich.

No entanto, acrescenta, aumentando o tempo de atividade física não é a história toda. Roemmich diz que enquanto as crianças brincavam Wii (exergame) gastam apenas metade da energia comparado as crianças que jogaram as versões tradicionais dos mesmos jogos, (basquete, boxe, golfe e hóquei).
"Nos jogos tradicionais, as crianças gastam muita energia depois de perseguir bolas e discos, enquanto que com exergames, eles estão apenas esperando o jogo do oponente", diz Roemmich. Então, o que os pais devem fazer?

"Concentre-se em encontrar 3 a 5 jogos ativos que seus filhos gostam e torná-los facilmente acessível ao redor da casa", diz Roemmich. Estes podem ser de dança ou DVDs de yoga, exergames, ou versões de mini basquete e hóquei.

E, diz ele, exergames têm o seu lugar. É preferível um exergame que exerce uma atividade com intensidade física leve do que ver televisão ou jogar um videogame.


Fora de casa, diz ele, buscar uma variedade de atividades que vão desde dança, basquete, ou artes marciais. E ele sugere que os pais procuram academias e centros de juventude que promovam a autonomia e a escolha.

 

Reflexão


"Disciplinar não é só fazer obedecer.
É mostrar as fronteiras entre o certo e o errado, os valores e os limites."

Lidia Weber


Crianças acham que coleguinhas gordos não são tão legais

Imagem corporal
Crianças em idade pré-escolar acreditam que seus coleguinhas com sobrepeso ou obesos não são "legais".

"A percepção que uma criança tem da imagem corporal é influenciada por muitos fatores, embora ainda não haja muita pesquisa nesta área com crianças muito pequenas," disse Wei Su, coordenadora do estudo, realizado no Canadá.

As crianças que participaram da pesquisa tinham entre dois anos e meio e cinco anos de idade.

Olhar de criança

Durante o estudo, cada criança ouviu quatro histórias, duas sobre meninos e duas sobre meninas.

Cada história tinha um personagem legal e um personagem malvado.


Depois de cada história, era mostrado a cada criança uma ilustração de dois personagens, sem qualquer expressão facial, um obeso e outro não.

A criança que ouvia a história tinha então indicar quem era o personagem legal e quem era o personagem malvado.
O personagem gordo foi escolhido como legal em todas as quatro histórias por apenas 2% das crianças, e como o personagem malvado por 44% delas.

Também foi observado que a tendência de ver as crianças obesas como não tão legais aumenta com a idade.


Impressões negativas

A fim de lidar com essas impressões negativas sobre os coleguinhas mais gordos, as cientistas recomendam que os pais, cuidadores e educadores, tentem não projetar suas próprias ideias sobre a imagem corporal nas crianças.
"Nós precisamos reforçar os valores positivos sobre a imagem corporal nas crianças mais jovens, especialmente quando as atividades são realizadas em casa ou em creches, e falam sobre a alimentação saudável," disse Aurelia Di Santo, coautora do estudo.

"Nós também precisamos ouvir o que as crianças estão dizendo sobre a imagem corporal e trabalhar com isto," recomendou.

Cavalo entra no tratamento de doenças da moda, como hiperatividade


A equoterapia é reconhecida como ferramenta terapêutica pelo Conselho Federal de Medicina desde 1997, mas a difusão da técnica no Brasil é bem recente.

"Hoje temos quase 5.000 praticantes no Estado de São Paulo. Há cinco anos, não passavam de 1.500", diz a psicopedagoga Liana Santos, da Ande-Brasil (Associação Nacional de Equoterapia).

O número de profissionais que procuram especialização na área (entre fisioterapeutas, psicólogos e instrutores de equitação) também cresceu. Quando começou a dar os cursos de formação da Ande, em 2000, Santos tinha 250 alunos. Nos últimos quatro anos, formou mais de 7.000 especialistas.

O objetivo, agora, é incluir a equoterapia nos cursos regulares de fisioterapia e terapia ocupacional e nos planos de saúde, segundo Santos.

CONCENTRAÇÃO

"Terapia com bicho está na moda, as pessoas estão procurando mais tratamentos alternativos", acredita a terapeuta ocupacional Luciane Padovani.

A demanda também aumentou porque a técnica se mostrou eficaz para alguns distúrbios da modernidade. Em especial, o transtorno de deficit de atenção, que tem deixado pais e professores de cabelos em pé e causado polêmica em torno do uso ou não de medicamentos.

Uma característica da equoterapia que colabora no tratamento desses casos é o que especialistas chamam de conjunto "cavaleiro-cavalo".

Quem monta tem que se concentrar, ficar focalizado no cavalo, senão ele empaca. E é mais fácil exercitar a concentração quando a resposta (o que os psicólogos chamam de "feedback") é imediata.

"Essa resposta concreta faz toda a diferença quando queremos atuar nos comportamentos", diz Santos.

Fonte: Folha.com

Livro para criança: Cocô no Trono de Benoit Charlat




Para aqueles que estão tentando trocar a fralda pelo trono, para os pais solidários e para os todos os interessados no assunto, este livro auxilia neste momento tão arduo para algumas crianças.

Ele fala das fezes de vários animais até cegar a hora do pintinho ir ao banheiro, "que nem gente grande", ao finalizar todos aplaudem e a criança aciona o botão da descarga.

Tema abordade Treino ao Toalete

Crianças de dois anos já são ‘maria vai com as outras’, diz estudo

Chimpanzés também tendem a copiar o comportamento uns dos outros.
Atitude é positiva e um componente importante da evolução.


Uma pesquisa alemã mostrou que crianças de dois anos já tendem a copiar o comportamento de outras crianças. No mesmo estudo, os cientistas descobriram que os chimpanzés se portam da mesma maneira, mas que outro parente próximo dos humanos, o orangotango, não segue esta tendência.


A atitude “maria vai com as outras” é, na verdade, um ponto positivo e um componente importante da evolução humana. Copiando os outros, a criança adquire hábitos “relativamente seguros e confiáveis”, segundo o autor Daniel Haun, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, em Leipzig, na Alemanha.

Ainda segundo ele, uma das novidades apresentadas pela pesquisa é o fato de que o comportamento é registrado desde muito cedo. “Acho que poucas pessoas esperariam descobrir que meninos de dois anos já são influenciados pela maioria”, afirmou Haun, em material de divulgação.

Foram feitas duas experiências envolvendo uma caixa com três buracos coloridos e uma bola. Primeiro, as crianças observavam o que outras crianças faziam com a bola, para depois atuarem por si. O mesmo experimento também foi feito com os chimpanzés e os orangotangos – observando macacos da própria espécie.


Na primeira experiência, uma criança colocava a bola três vezes no mesmo buraco. Em seguida, outras três crianças – uma de cada vez – colocavam a bola em um buraco diferente. Na vez delas, as crianças, em geral, seguiram o comportamento da maioria. O mesmo aconteceu com os chimpanzés, mas não com os orangotangos, que colocaram as bolas nos buracos de maneira aleatória.


A segunda experiência, a primeira criança colocava a bola três vezes no mesmo buraco, como no experimento anterior. Depois, vinha só mais uma criança, que a colocava em um buraco diferente. Neste caso, as crianças tenderam a pôr a bola no compartimento que já tinha recebido mais bolas. Já os chimpanzés e orangotangos não seguiram esta lógica.


“Chimpanzés parecem considerar o número de demonstradores mais fortemente que o número de demonstrações, quando decidem que informação extrair do ambiente social. Crianças consideram os dois aspectos. Orangotangos não consideram nenhum deles”, concluiu Haun.


O estudo foi publicado na internet pela revista científica “Current Biology”.

Fonte: G1

Efeitos rápidos da equoterapia atraem novo público

Os efeitos conhecidos da equoterapia no tratamento de pessoas com deficiências estão atraindo novos adeptos para a técnica. Adultos e crianças que não têm limitações neuromotoras ou cognitivas, mas lidam com outras dificuldades da vida, como estresse, depressão, problemas na escola...

Mesmo para quem não enfrenta essas dificuldades, a técnica é usada como uma forma de preveni-las e, de quebra, dar um gás a mais para os neurônios.


"Andando a cavalo, a pessoa recebe de cerca de 2.000 novos estímulos cerebrais", afirma a fisioterapeuta Letícia Junqueira, que coordena sessões de equoterapia e equitação lúdica no Jockey Club de São Paulo.


AÇÃO CEREBRAL


O nome equitação lúdica é dado para diferenciar o trabalho feito com pessoas sem deficiência, mas o princípio de ação é o mesmo da equoterapia, tradicionalmente usada para reabilitação.

"Os ajustes corporais da pessoa para se adaptar aos desequilíbrios causados pelo deslocamento do cavalo mandam sinais nervosos pela medula espinhal até o sistema nervoso central. Isso gera a formação de novas células nervosas no cérebro", diz Junqueira.
Laura Chiavarelli, 2, pratica equitação lúdica no Jockey Club de São Paulo


A possibilidade de estimular precocemente as habilidades cognitivas de Laura, 2, atraiu sua mãe, a dermatologista e clínica-geral Ana Carolina Chiavarelli, 39.


Apesar de morrer de medo de montar a cavalo, Ana Carolina viu na equoterapia uma forma de evitar que Laura passe pelos mesmos problemas de rendimento escolar que os irmãos mais velhos (de 19 e quatro anos) tiveram.

"Quero que ela seja centrada, tenha atenção. Eu pesquisei a literatura e vi que o movimento do cavalo melhora a coordenação, a linguagem, o raciocínio. Estou apostando nisso para colher frutos quando ela começar a escolarização", diz Ana Carolina.

A cereja do bolo é que todo esse aprendizado é feito num ambiente muito diferente e muito mais prazeroso que uma sala de aula.


No caso de pessoas que precisam de tratamento, é uma vantagem imensa, segundo a psicopedagoga Liana Pires Santos, representante da Associação Nacional de Equoterapia em São Paulo.


"Tirar o paciente do consultório é um motivador e um alívio, tanto para ele quanto para a família", diz ela.


Outra motivação é a rapidez com que surgem os ganhos motores e psicológicos na equoterapia. "Com 12 sessões já fica evidente a melhora postural e de tônus muscular", afirma Santos.


Esses ganhos não se restringem ao aspecto corporal. "Todo ato motor envolve uma transformação psíquica", diz a psicopedagoga.

Aprumar as costas, entre outras coisas, eleva a autoconfiança e faz a pessoa respirar melhor -benefícios importantes nos tratamentos contra o estresse e a depressão, segundo a terapeuta ocupacional Luciane Padovani, do centro de equoterapia Camaster, em Salto, interior de São Paulo.


CABEÇA ERGUIDA

O alívio veio a cavalo para Neil Anderson de Almeida Saubo, 36. Ele é o único caso conhecido na América Latina de uma doença raríssima de nome complicado (síndrome de Hallervorden-Spatz), que provoca rigidez e perda muscular irreversíveis.
Neil Anderson de Almeida, 36, com o apalooza Snoob,
em sessão de equoterapia em Santo André, SP


Quando começou a fazer equoterapia, há um ano, ele chegava à sessão semanal todo curvado, queixo no peito, mal conseguindo respirar.

Hoje, Neil aproxima-se com a cabeça erguida para acariciar o cavalo. Ao montar, ele mantém a coluna totalmente ereta.


Sua mãe, Valdete Saubo, 57, conta que foi ele quem pediu para fazer o tratamento, após ver uma reportagem sobre a terapia. Neil cursou até o segundo ano da faculdade de veterinária e tem paixão por três cês: "Corinthians, chocolate e cavalo".

A facilidade de criar vínculo afetivo com um animal ao mesmo tempo tão dócil e tão poderoso é outro facilitador do tratamento, segundo a fisioterapeuta Ariane Rego, do centro de equoterapia Cresa, na Grande São Paulo.


Para Samuel, 5, "Foi amor à primeira vista", diz a mãe, Ana Rosa de Sirqueira, 41.
Samuel Sirqueira,5, com a fisioterapeuta Vanessa Brugiolo,
faz exercícios em centro de equoterapia na Grande São Paulo


Por causa da paralisia cerebral, o menino não conseguia nem sustentar a cabeça. Começou a fazer uma sessão semanal de equoterapia e, em poucos meses, teve um desenvolvimento "muito rápido, fora do normal", segundo conta a mãe.


Tanto para reabilitação quanto para outras finalidades, a recomendação é fazer uma sessão semanal, com 30 minutos de montaria. O custo é cerca de R$ 500 por mês. Alguns locais têm tratamento gratuito para deficientes (veja no site da Ande-Brasil).

ONDE ENCONTRAR

Ande- Brasil (Associação Nacional de Equoterapia)


Centro de Reabilitação Camaster


Centro de Reabilitação e Equoterapia Santo André

Gati Equoterapia


Jockey Club de SP - Letícia Junqueiraequoterapia@jockeysp.com.br

Fonte: Folha.com