Psiquiatrias revisam critérios para o diagnóstico de distúrbios mentais

A Academia Americana de Psiquiatria aprovou, neste fim de semana, os critérios definitivos para a nova edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM-V, considerado a 'bíblia da psiquiatria'
 
 
A Academia Americana de Psiquiatria (APA, sigla em inglês) aprovou, neste fim de semana, os critérios definitivos para formular a nova edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM, sigla em inglês), documento considerado por muitos médicos como a 'bíblia da psiquiatria'. Entre as mudanças anunciadas pela APA para o DSM-V está a junção do autismo e suas variantes, incluindo a Síndrome de Asperger, que até agora era diagnosticada separadamente, na mesma categoria, a dos 'distúrbios do espectro autista'.
Essa será a quinta edição do manual, que lista todas as categorias do que a APA considera como doenças mentais, além dos critérios para diagnóstico de cada uma e também dados epidemiológicos dos transtornos. A primeira edição do documento, o DSM-I, foi publicada no ano de 1952 e a última, o DSM-IV, em 1994. A atual revisão foi feita ao longo de dez anos e contou com a contribuição de mais de 1.500 especialistas de 39 países diferentes. O DSM-V completo estará disponível a partir de maio de 2013.
 
Mudanças — Outra mudança do novo manual é a inclusão dos "distúrbios de humor desregulado", que foi estabelecido com a finalidade de diagnosticar crianças que apresentam irritabilidade frequente e episódios de explosões como portadoras de uma doença mental. O documento também incluiu o stress pós-traumático como uma patologia ligada aos distúrbios ligados ao stress. A dislexia deixará de ser uma categoria específica e passará a fazer parte de uma categoria mais geral, a de 'distúrbios específicos de aprendizagem', classificada como a dificuldade de aquisição e utilização de ao menos uma das seguintes habilidades: linguagem oral, leitura, escrita e matemática.
 
O distúrbio que consiste em comer compulsivamente agora também é reconhecido como uma patologia mental, assim como o distúrbio em que uma pessoa tem dificuldade em se desfazer de bens, independentemente de seu valor real. "Nosso trabalho teve como objetivo definir de forma mais exata as doenças mentais que têm um verdadeiro impacto na vida dos doentes, mas não ampliar o campo da psiquiatria", destaca David Kupfer, que preside o grupo de trabalho para a revisão do manual, em comunicado publicado no site da APA.
 
Os manuais da APA não são uma unanimidade. Muitos médicos atribuem o aumento da incidência de transtornos mentais, como o de ansiedade, às atualizações dos critérios do DSM. A terceira edição do documento, publicada em 1980, por exemplo, revelou que entre 2% e 4% dos americanos tinham algum distúrbio de ansiedade. Um levantamento feito pelo Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos (NIMH, sigla em singlês) em 1998, quatro anos após a publicação do DSM-IV, mostrou que 10% da população apresentou algum transtorno de ansiedade em um período de um ano e 15%, em algum momento da vida. Um dos últimos estudos representativos, desenvolvido na Nova Zelândia, acompanhou participantes por 14 anos, dos 18 aos 32 anos. Nesse período, 22.8% deles tiveram ansiedade em um dos anos e 49.5% em algum momento desses anos todos.
(Com agência France-Presse)
 
Fonte: Veja

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