Pré-escola na Suécia estimula igualdade de gênero

ESTOCOLMO - Numa pré-escola de Estocolmo, os professores evitam usar os pronomes "ele" e "ela". Em vez disso, chamam seus 115 aluninhos de "amigos". O uso dos pronomes masculinos ou femininos é tabu. Eles são substituídos pelo pronome "hen", palavra sem gênero que a maioria dos suecos evita, mas que é usada em alguns círculos gays e feministas.
 
A biblioteca da escola tem poucos contos de fada clássicos, como "Cinderela" ou "Branca de Neve", com seus estereótipos masculinos e femininos. Mas há muitas histórias sobre pais solteiros, crianças adotadas ou casais do mesmo sexo.
 
As meninas não são incentivadas a brincar com cozinhas de brinquedo, e os blocos de montar não são vistos como brinquedos para meninos. Os professores são orientados a tratar os meninos, quando eles se machucam, com o mesmo carinho que dariam às meninas. Lá, todo mundo pode brincar com bonecas.
 
A Suécia é famosa por sua mentalidade igualitária. Mas essa pré-escola financiada pelos contribuintes, conhecida como a Nicolaigarden -o nome vem do santo cuja capela ficava no prédio que hoje é da escola-, talvez seja um dos exemplos mais contundentes dos esforços do país para apagar as divisões entre os gêneros.
 
Malin Engleson, funcionária de uma galeria de arte, estava buscando sua filha na escola e comentou que as crianças são ensinadas ali "que meninas podem chorar, mas meninos também podem". "Foi por isso que escolhemos essa escola", prosseguiu. O modelo vem sendo tão bem sucedido que, dois anos atrás, três professores da Nicolaigarden abriram uma escola distinta nos mesmos moldes, que agora tem quase 40 alunos. Chamada Egalia, para sugerir igualdade, a nova escola fica no bairro de Sodermalm.
 
O que hoje desperta o entusiasmo dos professores começou com um empurrãozinho dos legisladores suecos, que em 1998 aprovaram uma lei exigindo que as escolas garantissem oportunidades iguais para meninos e meninas.
 
Uma crítica persistente do modelo vem sendo a matemática Tanja Bergkvist, da Universidade Uppsala, cujo blog lança ataques frequentes à "insensatez de gênero" na Suécia. Num artigo escrito para o jornal "Svenska Dagbladet", ela questionou se as crianças não estariam "recebendo uma lavagem cerebral já aos três meses de idade". Em passeios da escola, indagou ironicamente, "o que os professores fazem quando uma menina vai colher flores enquanto um garoto coleciona pedras?".
 
Para Carl-Johan Norrman, 36, que trabalha na Nicolaigarden há 18 meses, essas críticas "partem da ideia equivocada de que queremos converter menininhos em menininhas".
 
O governo de Estocolmo é a favor da política de gênero. "O importante é que as crianças tenham as mesmas oportunidades, independentemente de seu sexo", explicou Lotta Edholm, vice-prefeita responsável pelas escolas. "É uma questão de liberdade."
 
Para ela, os pais sempre terão um papel maior do que a escola ou a creche no desenvolvimento de seus filhos. "A pré-escola ocupa as crianças algumas horas por dia", disse ela. "As crianças tendem a adotar os valores dos pais."
 
Fonte: Folha

Crianças com deficiência contam quais são suas brincadeiras preferidas

Lamiss, 7, adora pensar que é professora
Lucas Lima/Folhapress
'Tia' das bonecas
Todos os dias, o quarto de Lamiss Taghlebi, 7, transforma-se em sala de aula.
Enquanto ela passa a lição, Barbies e ursinhos de pelúcia prestam atenção à professorinha de cadeira de rodas.
"Finjo que estou em 'Carrossel' e que sou a professora Helena", conta.
 
 
Artilheira rosa
Fernanda, 5, gosta de futebol
Lucas Lima/Folhapress
O que mais chama a atenção em Fernanda de Souza, 5, não são as mechas cor-de-rosa no cabelo. A primeira coisa que você vê é seu sorriso. Principalmente quando joga bola.
Apoiada na mãe para levantar da cadeira de rodas e ficar em pé, ela chuta no ângulo.
"Adoro futebol. Mas gosto de pintar também", conta a menina, enquanto desenha no bloco de notas do repórter.
 
 
Brincar é na rua
Emily, 10, gosta de brincar na rua
 Lucas Lima/Folhapress
Emely Gabriely Silva, 10, nasceu duas vezes.
Até os três anos, corria e estava aprendendo a andar de bicicleta. Aí veio um caminhão e ela não viu mais nada. Quando acordou, estava sem a perna direita.
Foi então que nasceu de novo: ela reaprendeu a andar e hoje se equilibra na bicicleta e até pula corda. "Não gosto de boneca. Prefiro brincar na rua", diz.
 
 
 
Alta velocidade
Gabriel, 10, é craque no videogame
Lucas Lima/Folhapress
Todos os dias, Gabriel Fernandes, 10, espera ansioso para ir à casa da vizinha. Como o garoto não tem videogame, é lá que ele se transforma em piloto, a cadeira de rodas, em carro de corrida e o quarto, em autódromo.
Gabriel pisa fundo e garante: é difícil ganhar dele em jogos de velocidade.
Antes, os amigos não davam muita bola para Gabriel. Mas ele é um corredor. Rapidinho, conquistou os meninos e agora todos jogam videogame juntos.
 
Fonte: Folha

Crianças com deficiência inventam formas de brincar

Lucas Lima/Folhapress
 
 
Gabriel Fernandes, 10, é fera no videogame, nem lembra quando perdeu um jogo de corrida pela última vez. Lamiss Taghlebi, 7, adora brincar de escolinha. Fernanda de Souza, 5, é a artilheira no futebol do seu quintal.
 
Além de craques da brincadeira, os três possuem outra coisa em comum: têm deficiência intelectual e física e andam de cadeira de rodas. "Criança sempre dá um jeito de brincar. Não importam as limitações", diz Lina Borges, terapeuta ocupacional da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente).
 
Para driblar as deficiências, as atividades são adaptadas. No futebol, por exemplo, a bola é mais pesada para que role mais lentamente, e as crianças jogam sentadas no chão.
Há duas semanas, durante o Teleton (evento do SBT que arrecada dinheiro para a AACD), Ivan Fontenelli, 4, andava pra lá e pra cá com seu skate. Com má formação das pernas e dos braços, é com ele que o menino se locomove. "Brinco de futebol, corrida, tudo. Tenho até duas namoradas", conta baixinho para a mãe não escutar.
 
No próximo sábado, dia 1º, começa a 3ª Virada Inclusiva, organizada pelo governo de São Paulo em mais de 80 cidades, com lazer e esportes adaptados. Termina em 3/12, Dia Internacional da Pessoa com Deficiência (viradainclusiva.sedpcd.sp.gov.br).
 
Fonte: Folha

Tratamento precoce melhora função cerebral de crianças com autismo segundo um novo estudo da Yale School of Medicine

 Yale News - 06 de novembro de 2012
Quando se inicia um tratamento precoce com crianças com transtornos do espectro do autismo (ASD em inglês) se consegue melhorias significativas na comunicação, comportamento e mais impressionante, na função cerebral, é o que diz um novo estudo da Yale School of Medicine.
 O estudo foi publicado na edição atual do Journal of Developmental Disorders e pelo Centro de Estudos da Criança da Universidade de Yale, com os pesquisadores Dr. Fred Volkmar, A. Kevin Pelphrey, e seus colegas.
Os resultados sugerem que os sistemas cerebrais que apoiam a percepção social respondem bem a um programa de intervenção precoce de comportamento chamado de ‘Pivotal response treatment’. Este tratamento inclui treinamento dos pais, e emprega jogos em seus métodos.
O autismo é um distúrbio neurobiológico complexo que inibe a capacidade de uma pessoa para comunicar e desenvolver relações sociais, e muitas vezes são acompanhados por novos desafios comportamentais. Até recentemente, o diagnóstico de autismo normalmente não ocorria até que a criança tivesse cerca de três a cinco anos de idade, quando então recebiam orientação para os programas de tratamento. Hoje, Volkmar e sua equipe estão realizando o diagnóstico de crianças com a idade de um ano. O ‘Pivotal response treatment’, desenvolvido na Universidade da Califórnia-Santa Barbara, combina aspectos do desenvolvimento e da aprendizagem e seu desenvolvimento, e fácil de implementar em crianças menores de dois anos.
No estudo atual, a equipe usou imagens de ressonância magnética funcional - pela primeira vez - para medir as mudanças recentes na atividade cerebral de duas crianças com ASD com cinco anos de idade que receberam o ‘Pivotal response treatment’. O co-autora Pamela Ventola utilizou este método de tratamento para identificar objetivos comportamentais distintos para cada criança no estudo, e depois reforçou essas habilidades específicas com tratamento que envolvia atividades lúdicas motivacionais.
A equipe descobriu que as crianças que receberam o tratamento apresentaram melhoras no comportamento, e foram capazes de falar com outras pessoas. Além disso, as imagens da ressonância magnética mostraram um aumento na atividade cerebral aumentada nas regiões que apoiam a percepção social.
Os resultados deste estudo são de duas crianças, mas os pesquisadores estão atualmente conduzindo um estudo em larga escala com 60 crianças. Pelphrey disse que, embora as crianças do presente estudo recebessem o mesmo tipo de tratamento, os resultados não foram homogêneos, porque a ASD é uma doença multifacetada que tem um efeito exclusivo em cada criança.
Para Volkmar estes resultados são o primeiro passo de uma nova abordagem para o planejamento do tratamento.
"A pesquisa sobre o autismo já percorreu um longo caminho", disse ele. "Estes resultados são animadores porque eles demonstram que a intervenção precoce funciona no autismo”.
Fonte texto e imagem: Yale News
Para ver o estudo siga o link: Child Study Center

Dia Internacional da Pessoa com Deficiência

 
01, 02, e 03 de Dezembro
 
Shows, oficinas, apresentações, mostras teatrais, exposições, partidas, gincanas e demais manifestações de arte, cultura, esporte e lazer em uma variada gama de lugares em diversos municípios do estado de São Paulo. As atividades acontecem entre os dias 1, 2 e 3 de dezembro de 2012, contando com mais de 24 horas de diversão inclusiva e informação com participação plena de todos os cidadãos.
 
Veja a programação: Virada Inclusiva

Cadeirante pode jogar futebol? E brincar de pega-pega? Saiba como

Já viu boliche com canaleta para arremessar a bola? E pega-pega no colo de adultos? Essas e outras adaptações ajudam crianças com deficiência na hora de brincar.
 
"É muito gostoso quando alguém me pega no colo e sai correndo na hora do pega-pega", conta Lamiss Taghlebi, 7. Crianças sem deficiência se adaptam às regras diferentes para brincar junto. A lei é se divertir sempre.
 
 
Fonte: Folha

A natureza fundamental do amor de uma mãe


(Photo : Bruce D. Perry, M.D., Ph.D./Child Trauma Academy)
 

O amor da mãe é fundamental para o desenvolvimento do cérebro da criança.

Varreduras arrepiantes que mostram o impacto real do amor: Cérebro da criança negligenciada é muito menor do que a de um
a normal de três anos de idade

Neurologistas dizem que as últimas imagens fornecem mais evidências de que a forma como as crianças são tratadas em seus primeiros anos é importante não só para o desenvolvimento emocional da criança, mas também para determinar o tamanho de seus cérebros.

Ambas as imagens são imagens do cérebro de duas crianças de três anos de idade, mas o cérebro do lado esquerdo é consideravelmente maior, tem menos manchas e áreas escuras, em comparação com o da direita. Segundo neurologistas esta diferença considerável tem uma causa primária - a forma como cada criança foi tratada por suas mães.

A criança com o cérebro maior e mais desenvolvido era cuidado por sua mãe com muito apoio e carinho ao seu bebê, informou o Sunday Telegraph. Mas a criança com o cérebro encolhido foi vítima de negligência grave e abuso. Segundo a pesquisa, publicada pelo jornal, o cérebro da direita é preocupante e carece de algumas das áreas mais fundamentais presentes na imagem à esquerda.

As consequências desses déficits são pronunciadas - a criança do lado esquerdo com o cérebro maior vai ser mais inteligente e mais propenso a desenvolver a capacidade social de empatia com os outros. Mas, em contraste, a criança com o cérebro encolhido terá uma maior probabilidade de se tornar viciado em drogas, envolver-se em crimes violentos, estar desempregado e ser dependente de benefícios do Estado. Além disso a criança também será mais propensa a desenvolver problemas mentais e de saúde.

Vídeo mostra bebê bocejando dentro do útero materno

 
Com base no tempo em que a boca do feto permanece aberta, pesquisadores conseguiram determinar quando a criança estava bocejando.
 
Dentro do útero da mãe, os bebês não só soluçam, engolem e se espreguiçam, mas também bocejam, segundo concluiu um estudo da Universidade de Durham, na Grã-Bretanha. Os autores chegaram a essa conclusão após analisar vídeos em 4D (que além de captar as três dimensões espaciais, faz o registro em tempo real, por isso o nome "4D") de fetos que estavam entre a 24ª a 36ª semana de gestação. O trabalho foi descrito em um artigo publicado nesta quarta-feira no periódico PLoS One e um vídeo com a imagem do feto ao bocejar foi divulgado. (Obs. vídeo não está mais disponível)
 
A pesquisa analisou os exames de 15 fetos saudáveis — sendo oito do sexo feminino e sete do masculino — e, a partir do tempo em que a boca do bebê permanecia aberta, os autores conseguiram apontar para o que era apenas uma abertura de boca e o que era um bocejo. De acordo com os resultados, o tempo do bocejo é 50% maior do que o de uma abertura normal da boca e o número de bocejos de um bebê tende a diminuir a partir da 28ª semana de gestação.
 
Segundo Nadja Reissland, que coordenou o estudo, a função e a importância do bocejo para o feto ainda não estão claras. Porém, para ela, os resultados sugerem que o bocejo está ligado ao desenvolvimento fetal e poderia servir como um indicador de saúde do bebê enquanto ele está no útero materno. “Ao contrário de nós, o feto não boceja de forma contagiosa e nem boceja porque está com sono. Em vez disso, podemos acreditar que o ato de bocejar possa estar ligado ao desenvolvimento de seu cérebro no início da gestação”, diz Reissland.
 
Fonte: Veja

TOCando os medos: conhecendo o Transtorno Obsessivo-Compulsivo

Ansiedade, rituais, pensamentos obsessivos, verificações, contagem e comportamentos supersticiosos. Esta é a rotina de pessoas que apresentam o transtorno obsessivo- compulsivo (TOC). Estas características acarretam enormes prejuízos à qualidade de vida e ao funcionamento social do indivíduo. Embora acometa pessoas de todas as idades, os melhores prognósticos envolvem os tratamentos precoces, especialmente na infância. Sim, crianças também apresentam o transtorno: a idade média de início é de 9,6 anos para os meninos e de 11 anos para as meninas (Koran, 1999) [1]. Pais bem informados podem detectar precocemente o transtorno, e este texto busca contribuir para isso.
 
Como o próprio nome indica, o TOC define-se essencialmente pela presença de pensamentos persistentes, impulsos ou imagens que são intrusivos e sem sentido e também por comportamentos repetitivos, premeditados e intencionais que são desempenhadas em resposta a uma obsessão. Esta, por sua vez, destina-se a evitar desconforto ou algum evento ou situação temidos. Observa-se, portanto, que as obsessões são eventos cognitivos (comportamentos privados) e as compulsões são comportamentos públicos. A denominação privado e público se deve pelo fato de que, no primeiro caso, só o sujeito tem acesso – a menos que os explicite através da fala (comportamento verbal) – e, no segundo caso, pelo fato de serem observáveis pelos outros.
 
Diante dos pensamentos obsessivos, o sujeito se vê em uma situação em que precisa fazer algo para cessá-los. Portanto, ao se comportar compulsivamente, obtém alívio decorrente do contato com o estímulo (físico ou privado). As obsessões e as compulsões podem estar conectadas ou mesmo ocorrer independentemente uma da outra. Outra característica é a de que os indivíduos adultos, pelo menos inicialmente, reconhecem a ausência de sentido das suas obsessões e compulsões. Esse mesmo motivo os impedem, muitas vezes, de expor para as outras pessoas, pois temem que os outros menosprezem o sofrimento ou mesmo chacoteiem os comportamentos. Cabe destacar que esta é uma característica de adultos com TOC. As crianças, em geral, não reconhecem a irracionalidade de seus comportamentos.
 
Os cientistas tem conseguido elucidar vários fatores que contribuem para o surgimento do TOC. O que se sabe, até então, é que aspectos genéticos, neuroquímica cerebral, lesões ou infecções cerebrais (como febre reumática), além das questões psicológicas, como aprendizagem de regras distorcidas e ambiente coercitivo estão dentre as variáveis que aumentam a propensão do desenvolvimento do TOC [2]. Ou seja, há o componente neurológico, mas também as variáveis psicológicas e culturais, que, somadas, resultam em hiperatividade de certas zonas cerebrais nos indivíduos acometidos pelo transtorno. Tais alterações, no entanto, podem ser revertidas com terapia medicamentosa e psicoterápica.
 
Adentrando no âmbito da aprendizagem, ilustremos exemplos de variáveis ambientais presentes na infância que podem desencadear o TOC, considerando a obsessão mais comum [3], que é a preocupação excessiva com limpeza, seguida de lavagens repetidas.
 
Na primeira experiência com a paternidade/ maternidade, é comum que os pais se vejam excessivamente preocupados com a saúde do bebê, mais especificamente quanto à possibilidade de doenças. Um contexto favorecedor para isso é a própria fragilidade do organismo da criança, pois seu sistema de defesa ainda está sendo aperfeiçoado. Daí, então, a necessidade de uma rotina que envolva cuidados específicos para evitar contaminações e, consequentemente, doenças. Se a higienização adequada (ou mesmo caprichada) for algo muito valorizado na família, nada mais natural que os filhos também aprendam a valorizá-la bastante, também.
 
Uma criança pode adquirir o comportamento de lavar as mãos sistematicamente por alguns mecanismos de aprendizagem. Ela aprenderá por imitação caso alguma pessoa significativa (modelo) emita esse comportamento e, ao imitá-la, ela receba reconhecimento social (atenção, afago, elogio, etc).
 
Caso os pais se preocupem excessivamente com contaminações, exigindo de seus filhos a higienização caprichada e frequente das mãos, emitindo regras do tipo “se não lavar as mãos após pegar em algo, vai aparecer um monte de germes que vão te deixar doente”, reconhecendo e valorizando quando a criança seguir a regra conforme especificaram, ela aprenderá a higienizar as mãos de forma frequente e caprichada.
 
Se, por exemplo, o infante for criticado ou castigado por não lavar as mãos (“Você não pode comer se não lavar essas mãos imundas antes”), ao higienizá-las ele estará se comportando mediante esquema de fuga-esquiva, uma vez que buscará agir assim para evitar as consequências aversivas descritas pelo adulto.
 
Outra possibilidade é quando são emitidas verbalizações que distorcem a realidade a respeito de sujeira, mediante a experiência individual do falante. Por exemplo, “as mãos são a porta e a janela de entrada para infecções” ou “germes estão por toda a parte”, “basta a pessoa tocar em objetos sujos para ficar doente”. Dessa forma, cria-se uma regra que é distorcida pelo fato de maximizar os riscos. Assim, ao lavar as mãos, pode-se sentir o alívio por não ficar doente ou não se sentir contaminado.
 
Dessa forma, serão esses contextos que farão parte do desenvolvimento comportamental. A criança pode adquirir não apenas o comportamento de lavar as mãos, mas também pensamentos e/ou imagens a respeito disso, além de sentimentos associados ao comportamento em questão (alívio e prazer, por exemplo). Por estas sensações e também por verificar que assim agrada aos adultos, ela até pode dizer que gosta de lavar as mãos, ou que se sente bem com as mãos sempre limpas. Quanto mais estes comportamentos forem estimados por adultos significativos, mais eles serão mantidos no repertório comportamental da criança.
 
Cabe destacar que, para o paradigma da Análise do Comportamento, o fazer (no caso, “lavar as mãos”) ou pensar (como “sujeira causa doenças”) são comportamentos produzidos pelos mesmos contextos, ou seja, não existe hierarquia de relevância entre eles, tampouco uma linha causal em que um determina o outro.
 
Ao deparar-se com estas linhas, talvez o leitor se identifique ou se questione se tem ou não TOC. Talvez até já se autodiagnostique como portador do transtorno! No entanto, cabem aqui algumas considerações.
 
Os medos e as preocupações são inerentes ao nosso cotidiano e o modo como aprendemos a conviver com eles é através de certos hábitos cuidadosos. Ou seja, ao cozinhar, temos o cuidado de desligar o fogo; lavamos as mãos antes de comer ou de pegar em animais domésticos e verificamos o saldo da conta bancária periodicamente para planejar investimentos (ou para evitar constrangimentos diante de uma compra). No entanto, quando tais comportamentos são frequentes, excessivos ou supersticiosos, acontecerão prejuízos ao funcionamento social e desorganização da rotina pelo fato de eles consumirem tempo.
 
No caso, a pessoa não só verificará uma vez se o gás está desligado, mas várias (e várias!) vezes. Não apenas trancará a porta, mas a abrirá e fechará inúmeras vezes até se sentir menos ansiosa para sair. Poderá criar regras em que precisará repetir palavras mentalmente ou evitar digitar/ escrever uma palavra ou letra, pois caso contrário alguma tragédia acontecerá. Estes exemplos, claramente, se configuram como problemáticos. Associações do tipo “se não fizer isso, acontecerá o pior” certamente atormentam o sujeito. Algumas delas serão ilógicas, mas perfeitamente cabíveis ao sujeito, por proporcionarem alívio da ansiedade decorrente da esquiva das consequências aversivas. Assim, o que configura o TOC é não somente a presença de obsessões e compulsões, mas uma série de critérios diagnosticáveis apenas por especialistas, além dos prejuízos que devem ser percebidos pelo próprio sujeito ou por seus familiares.
 
Detectado o transtorno pelo psiquiatra ou psicólogo, o indivíduo pode ser tratado através de algumas modalidades terapêuticas. Os tratamentos mais efetivos no momento incluem o uso de medicamentos específicos, receitados pelo psiquiatra, além de psicoterapias. Nesse âmbito, é reconhecida a eficácia das terapias comportamentais (a saber, terapia analítico-comportamental e cognitivo-comportamental). Alguns de seus objetivos, apontados por Copque e Guilhardi (2009) são:
 
  • Confrontar as auto-regras distorcidas em torno das obsessões e compulsões, eliminando-as ou as substituindo;
  • Orientar e motivar a família a reorganizar as situações que até então vem mantendo os comportamentos indesejados;
  • Impedir o comportamento de fuga-esquiva supersticioso (por exemplo, fazer o paciente sujar as mãos, mas impedir que ele as lave). Esse método, como pode-se verificar, tem o propósito de fazê-lo perceber que não há a moléstia, mesmo não tendo se descontaminado. No início deste procedimento há um aumento da ansiedade, mas com a persistência do contato, tenderá a decair com a constatação de que a contaminação não ocorreu. Dessa forma, a pessoa pode se habituar com o estímulo aversivo e diminuir a frequência das compulsões;
  • Favorecer o contato com os estímulos que causam a contaminação para quebrar a regra que sustenta a obsessão.
Por envolver ciclos entre pensar e fazer, que se repetem até que haja alívio da ansiedade, caso haja cronicidade de tais padrões comportamentais é possível que haja dificuldades na reversão do quadro. O paciente, acostumado com a zona de conforto, dificilmente se sentirá motivado a mudar os “padrões disfuncionais”, pois o contato com os estímulos ansiogênicos é ameaçador. Dessa forma, quanto antes ocorrer a busca pelos tratamentos, melhor é o prognóstico. Daí a necessidade de se estar bem informado e atento ao comportamento infanto-juvenil para que maiores agravos posteriores sejam evitados.
 

[1] Koran, L.M. (1999). Obsessive-compulsive and related disorders in adults. A comprehensive clinical guide. Cambridge.
[2] Cordioli, A. V. (2004). Vencendo o transtorno obsessivo-compulsivo. Porto Alegre: Artmed.
[3] Outros exemplos são as dúvidas (se fechou a porta de casa, se tem dinheiro na carteira, se desligou o gás da cozinha, entre outros), seguidas de verificações compulsivas.
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Juliana de Brito Lima é Psicóloga (CRP 11ª/05027), formada pela Universidade Estadual do Piauí e especializanda em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento – IBAC. É membro da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental – ABPMC e Psicóloga do Centro Integrado de Educação Especial – CIES e da Clínica Lecy Portela, em Teresina-PI. Tem experiências acadêmicas (linha de pesquisa “Desenvolvimento da criança e do adolescente em situações adversas” do Núcleo de Análise do Comportamento da Universidade Federal do Paraná/ NAC-UFPR) e profissionais na área clínica (atendimento a criança, adolescente e adulto), jurídica e educação especial, na orientação de pais.
Fonte: Instituto de Psicologia Aplicada - InPA
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Cientista alemã explica o dom de aprender idiomas


Ninguém consegue aprender línguas como os recém-nascidos,
afirma pesquisadora

Entre os humanos são eles que possuem a maior facilidade para aprender línguas, mesmo sem conseguir formar uma frase. A lingüista e psicóloga Angela Friederici explica a genialidade lingüís...
tica dos recém-nascidos.

Recém-nascidos – e somente eles – podem aprender qualquer língua do mundo. Um potencial que desaparece e deve ser aproveitado por pais e educadores antes que os bebês aprendam sua língua materna.

Isto é o que afirma Angela Friederici, lingüista e diretora do Departamento de Neuropsicologia do Instituto Max Planck de Neurociências Cognitivas em Leipzig.

"Os bebês dividem em duas categorias tudo aquilo que papai, mamãe, titio e titia lhes falam: na primeira entra aquilo que eles sempre escutam, na segunda vai o resto", afirma a especialista. Cada língua possui uma melodia característica ou, em uma linguagem mais científica, uma prosódia, ou seja, o francês soa bem diferente do russo. Mas a partir de quando os bebês conseguem fazer esta distinção?

Gênios já aos quatro dias

"Já a partir dos quatro dias de vida, os bebês conseguem fazer esta distinção, o que ficou demonstrado em um teste chamado de 'experimento chupeta'. Quando estão desinteressados, eles diminuem o ritmo de como chupam sua chupeta. Ao escutar a entoação prosódica de uma outra língua, eles o aumentam. Isto demonstra que as crianças conseguem distinguir informações acústicas", comenta Friederici.

A cientista explica que os bebês se interessam somente pelo novo, pelo desconhecido, mas o que fica é somente aquilo que lhes é sempre repetido, ou seja, os sons de sua língua materna. O resto já foi reprimido e esquecido logo no primeiro ano de idade.

Quem quiser aproveitar este potencial do bebê, afirma Friederici, deve começar a lhe falar em várias línguas desde seu primeiro dia de nascido. Entretanto, cada língua deve ser falada sempre pela mesma pessoa, assim a criança poderá aprender dois ou mais idiomas sem grandes esforços.

Esperar pela alfabetização pode ser tarde

Segundo a pesquisadora do Instituto Max Planck, esperar que as crianças entrem na escola para o aprendizado de línguas pode ser muito tarde. "Existem pessoas que afirmam que somente se pode ser completamente bilíngüe se as línguas tiverem sido aprendidas até os seis anos de idade. Quanto mais avançada a idade, mais difícil é para as crianças aplicarem corretamente os parâmetros prosódicos e fonológicos", explica Angela.

Todo aquele que não cresceu com várias línguas sabe que basta abrir a boca para ser identificado como alguém de origem estrangeira. Claro que há pessoas que falam uma língua estrangeira como se tivesse crescido com ela, mas são casos excepcionais. Os sons de uma outra língua são estranhos e sua melodia, uma arte. Além disso, faltam ao falante vocabulário e as sutilezas gramaticais.

Friederici explica que é justamente a gramática o que o cérebro primeiramente analisa quando se escuta uma frase, e não o significado das palavras.Isso já foi constatado há muitos anos pela cientista em seus estudos, que lhe garantiram o renomado Prêmio Leibniz da Sociedade Alemã de Pesquisa (DFG) há nove anos.

Resultado do estudo Pisa impulsionou discussões lingüísticas
Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) impulsionaram as discussões em torno do aprendizado de idiomas, que começa de maneira geral no ensino fundamental. A tendência agora na maioria dos países da União Européia é inserir uma língua estrangeira também no ensino de outras matérias.

Ou seja, os alunos aprendem francês, por exemplo, não somente na aula de francês mas também na aula de História ou Geografia. Além disso, quem começa o aprendizado de um novo idioma quando adulto tem que aprender com maior rapidez a se comunicar de forma mais complexa do que somente "eu me chamo", "eu moro na" ou "tchau", afirma Angela Friederici.

Fonte:DW.DE

Trauma de matemática pode provocar sensação de dor

Pessoas que sofrem com muita ansiedade antes de realizar tarefas envolvendo raciocínio matemático ativam uma parte do cérebro relacionada com a dor
A ansiedade que algumas pessoas sentem antes de uma prova de matemática é um das grandes
 dificuldades do aprendizado, diz estudo. Isso porque ela ativa a parte do cérebro relacionada com a dor
(iStockphoto)
 
Para algumas pessoas, apenas pensar na realização de um exercício de matemática faz aflorar sensações de tensão, apreensão e até mesmo pavor. Como resultado, muitas delas evitam a matéria a todo custo ao longo da vida escolar e escolhem profissões que envolvam o menor contato possível com números. Mas o que causa tantas impressões negativas?
 
Dois pesquisadores, um da Universidade Ocidental de Ontário, no Canadá, e a outra da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, acreditam ter encontrado uma resposta bastante convincente: a culpa é da ansiedade que precede a realização de exercícios de matemática. De acordo com eles, quando colocados diante de uma tarefa matemática, alguns indivíduos ativam a parte do cérebro conhecida por ínsula posterior(A ínsula posterior é um tecido localizado dentro do cérebro, próxima ao ouvido, que é associado ao registro de ameaças diretas ao corpo e a experiências de dor.), responsável por processar impulsos relacionados a uma ameaça iminente ao corpo e, em alguns casos, a dor.
"Essas pessoas não se saem mal em uma prova porque são preguiçosas, mas porque para elas pode ser uma atividade angustiante", afirma o neurocientista Ian Lyons, da Universidade Ocidental de Ontário, no Canadá, e um dos responsáveis pelo estudo publicado na revista científica PLOS ONE. "Para essas pessoas, simplesmente pensar em uma atividade que envolve exercícios matemáticos provoca uma reação cerebral similar àquela que ocorre quando sentimos dor, ao queimarmos a mão, por exemplo", complementa Sian Beilock, da Universidade de Chicago, nos EUA, e também autora do artigo.
Trauma — Em alguns casos, os sinais são parecidos com o que o nosso cérebro costuma emitir quando passamos por situações negativas e traumáticas, como no caso de um rompimento amoroso.
Lyons e Sian Beilock formularam a hipótese segundo a qual algum componente neural poderia influenciar o mau desempenho de pessoas ansiosas em relação à matemática. Não se trata, alertam os pesquisadores, de uma dificuldade inata, mas a uma espécie de trauma desenvolvido desde a infância.
Para testar a hipótese, os pesquisadores convocaram estudantes universitários para um teste no qual deviam indicar quão apreensivos e tensos costumavam se sentir em determinadas situações (um exemplo de questão é "como você se sente ao abrir um livro de matemática ou de estatística e ver uma página repleta de equações?"). Do total, dois grupos com 14 pessoas foram selecionados, sendo um formado pelos mais ansiosos e o outro pelos que não demonstraram qualquer tipo de trauma com a matéria.
 
Eles foram então submetidos a exames de ressonância magnética para mapear a atividade cerebral. Dentro do aparelho, tinham de responder duas sequências de perguntas, metade de raciocínio matemático e metade de ortografia. As questões apareciam de forma aleatória e os participantes só eram avisados se teriam de resolver um problema matemático ou de linguagem com seis segundos de antecedência, o suficiente para encher os que têm medo de matemática de tensão.
 
Ansiedade — Enquanto o desempenho no teste de inglês foi similar nos dois grupos, os voluntários identificados como altamente ansiosos tiveram avaliações significativamente piores com os números — a porcentagem de erro entre os que tinham pavor de matemática foi de 24% enquanto que para os demais foi de 11%.
O curioso é que, entre os muito ansiosos, a atividade na ínsula posterior, medida pelo aparelho de ressonância, atingia seu pico no momento em que o participante era informado do tipo de problema que teria de resolver, não no momento de tentar resolvê-lo. "Se a dor estivesse relacionada concretamente ao exercício de matemática, o lógico seria uma intensa atividade (na ínsula posterior) quando eles estivessem resolvendo as contas. Mas o que encontramos foi uma antecipação", afirma Lyons.
De acordo com o pesquisador, os resultados podem ajudar educadores a lidar com alunos mais ansiosos. "A ansiedade, que causa a sensação dolorosa, não nasce conosco. É uma resposta aprendida, uma consequência de alguma memória negativa que carregamos". Essa espécie de trauma – continua o neurocientista – pode ser construída a partir de um mau professor ou por uma situação na qual um garoto é alvo de brincadeiras por não conseguir resolver um problema na lousa.
"O estudo nos ajuda a entender porque algumas pessoas evitam os números a ponto de fugirem de profissões que envolvam matemática. Para elas, é uma experiência dolorosa", diz Lyons. "O importante é tratar a ansiedade primeiro, e não tentar fazer um aluno aprender matemática na marra, com uma enxurrada de exercícios."
 
Fonte: Veja

Método Mãe Canguru tem um impacto positivo sobre o cérebro dos bebês prematuros


Método Mãe Canguru - uma técnica em que um bebê prematuro é amamentado e permanece em contato pele-a-pele sobre o peito dos pais, em vez de ser colocado em uma...
 
incubadora - isto tem um impacto positivo e duradouro sobre o desenvolvimento do cérebro, revelou uma pesquisa da Universite Laval na edição de outubro da Acta Paediatrica. Bebês muito prematuros que se beneficiaram desta técnica tiveram melhor funcionamento do cérebro na adolescência - comparável à de adolescentes nascidos a termo - do que bebês prematuros colocados em incubadoras.

Pesquisas anteriores mostraram que crianças nascidas antes da 33 ª semana de gravidez enfrentaram mais problemas cognitivos e comportamentais durante a infância e adolescência. Os pesquisadores da Université Laval, Cyril Schneider e Réjean Tessier, respectivamente do Departamento de Reabilitação da Faculdade de Medicina e da Escola de Psicologia,e seus colegas colombianos Nathalie Charpak (Kangaroo Foundation) e Juan Ruiz-Peláez (Universidad Javeriana) queriam determinar se o Método Mãe Canguru poderia evitar estes problemas.Para este fim, eles compararam 15 anos após o nascimento, 18 bebes prematuros que foram mantidos em incubadoras, 21 bebês prematuros mantidos em contato Canguru por uma média de 29 dias e 9 nascidos a termo.

Para avaliar as funções cerebrais dos participantes, os pesquisadores usaram estimulação magnética transcraniana. Com esta técnica não invasiva e indolor foi possível ativar as células cerebrais em áreas específicas, nomeadamente o córtex motor primário que controla os músculos. Ao medir a resposta muscular à estimulação, eles foram capazes de avaliar as funções do cérebro, tais como o nível de excitabilidade cerebral e inibição, sincronização celular, velocidade de condução neural, e coordenação entre os dois hemisférios cerebrais.

Os dados coletados pelos pesquisadores indicaram que todas as funções do cérebro dos adolescentes do grupo canguru eram comparáveis aos do grupo de lactentes nascidos a termo. Por outro lado, bebês prematuros colocados em incubadoras estavam significativamente desviados dos outros dois grupos 15 anos após o seu nascimento.

"Graças ao Método Mãe Canguru, os bebês se beneficiaram da estimulação do sistema nervoso - o som do coração do pai e o calor do seu corpo-- durante um período crítico para o desenvolvimento das conexões neurais entre os hemisférios cerebrais. Isso promove o desenvolvimento imediato e futuro do cérebro” disse a neurofisiologista Cyril Schneider.

A pesquisadora de psicologia Réjean Tessier observa que "bebês em incubadoras também receberam estimulação, mas muitas vezes o estímulo é muito intenso e estressante para a capacidade cerebral dos bebês prematuros. O Método Mãe Canguru reproduz as condições naturais do ambiente intrauterino na qual as crianças teriam se desenvolvido se não tivessem nascido prematuros. Estes efeitos benéficos no cérebro estão em evidência, pelo menos até a adolescência e talvez mais além.”.
 
Fonte:
EurekAlert!

Cientistas conseguem remover o cromossomo causador da síndrome de Down

 
A síndrome de Down ocorre devido a uma anomalia genética, na qual um cromossomo 21 extra participa da cadeia genética dos portadores, ao invés dos dois pares usuais destes cromossomos. É então caracterizada por uma tríade de cromossomos 21, fato que é chamado cientificamente de trissomia do 21.
 
A síndrome de Down foi estudada mais a fundo pela equipe do Dr. Li B. Li, do Departamento de Medicina da Universidade de Washington. O objetivo da pesquisa era remover o cromossomo excedente, o que poderia trazer novas aplicações clínicas e laboratoriais. Saiu na MedicalXpress.
 
Em nascimentos de bebês com vida, a síndrome de Down é tida como a mais frequente das trissomias. A condição faz com que o paciente desenvolva uma fisionomia característica, com olhos puxados, face arredondada, mãos e dedos curtos e vários problemas sistêmicos, como anomalias cardíacas, intelecto subdesenvolvido, envelhecimento precoce, demência e até mesmo casos de leucemia.
 
"Certamente, não estamos propondo que o método que descrevemos possa levar ao tratamento da síndrome de Down", disse o Dr. Russell, um dos principais pesquisadores do projeto. "O que estamos fazendo é procurar por uma possibilidade para que cientistas médicos possam criar terapias para alguns distúrbios de formação sanguínea que acompanham a síndrome de Down".
 
E o doutor cita um exemplo: algum dia, pacientes portadores da síndrome e de leucemia poderão fornecer células tronco derivadas de suas próprias células comuns, e assim conseguirem a trissomia corrigida em culturas de células, em laboratório. Eles poderiam então receber um transplante de seu próprio sistema celular - menos o cromossomo extra - ou de hemácias sadias, criadas a partir de células tronco modificadas, para assim cessar a evolução da leucemia, como parte do tratamento contra o câncer.
 
O doutor acrescenta que a possibilidade de gerar células tronco com e sem a trissomia do 21 a partir de um mesmo paciente poderia levar a um melhor entendimento de como os problemas ligados à síndrome de Down se originam. As linhas celulares seriam geneticamente idênticas, a não ser pelo cromossomo extra.
 
Assim, os cientistas poderiam pesquisar, por exemplo, o desenvolvimento de neurônios com a trissomia do 21, o que poderia ajudar a esclarecer a existência de danos cognitivos que surgem ao longo da vida destes pacientes e que tendem a piorar na idade adulta. Abordagens comparativas semelhantes poderiam buscar pelas origens, causas e possíveis tratamentos do envelhecimento precoce e das desordens cardíacas em portadores da síndrome.
 
A formação de trissomias também é um problema constante em pesquisas na área da medicina regenerativa, que utiliza células tronco. Russell e sua equipe observaram que sua abordagem poderia também ser usada para reverter trissomias que frequentemente surgem na criação de culturas de células tronco.
 
E como explicou Russell: a vantagem é que, uma vez eliminado o cromossomo, nenhum rastro é deixado. É preciso ter cuidado, no entanto, para que a remoção de um cromossomo não quebre ou desorganize a cadeia genética.

Livro para criança: Esquilo Intranquilo


Uma casquinha (de noz) da hitória:

NUNCA saio de minha árvore.
Lá fora é muuuito perigoso.
Posso encontrar germes, plantas venenosas ou tubarões.
Mas, em caso de perigo, estou preparado. Tenho sabão antisséptico, esparadrapo e um paraquedas.
A coisa complica lá pelo meio do livro, quando sou forçadpo a sair por causa de um intruso!
Será que conseguirei sobreviver?
Irei mudar de vida?
Descobrirei meu verdadeiro eu?
Para saber, leia minhas aventuras...
ATENÇÂO: Este livro pode não ser adequado para marcianos verdes.

No país, 625 mil crianças com déficit de atenção não são diagnosticadas

Pesquisadores avaliaram 6,3 mil menores de 5 a 12 anos em 18 Estados.
 

TDAH pode prejudicar as relações sociais e tarefas simples, diz médico.
Pelo menos 912 mil crianças brasileiras de 5 a 12 anos - o equivalente a 3,3% da população infantil, segundo o IBGE - possuem Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), mas nunca trataram. Outros 625 mil menores, 2,3% do total, nem sabem que têm a doença.
Esse é o resultado de um estudo realizado por psiquiatras e neurologistas da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do Albert Einstein College of Medicine, nos Estados Unidos, e do Instituto Glia em Neurociência de Ribeirão Preto (SP).
A pesquisa avaliou uma amostra composta por 6.303 crianças nessa faixa etária em 87 cidades brasileiras, através de questionários aplicados aos pais e professores. A conclusão, apesar de ainda não ter sido publicada, já foi apresentada e premiada em congressos internacionais sobre TDAH.
O neurologista Marco Antônio Arruda explica que os índices preocupam os especialistas na medida em que o distúrbio pode prejudicar as relações sociais e a realização de atividades consideradas simples, porque os pacientes têm muita energia, não conseguem ficar parados ou tomar decisões importantes.
Arruda afirma que crianças com TDAH, por exemplo, têm risco sete vezes maior de sofrerem acidentes domésticos e nove vezes mais chances de serem hospitalizadas por contusões e fraturas, do que jovens da mesma idade que não possuem a doença.
“Quando chegam à Universidade, eles menos frequentemente terminam o curso. Na vida adulta, [essas pessoas] têm menor chance de emprego em tempo integral, maior risco de divórcio e suicídio”, disse.
"Nem toda criança que não para quieta tem TDAH"
Marco Antônio Arruda
Sintomas
O TDAH é caracterizado por uma disfunção no córtex pré-frontal, parte do cérebro responsável pela tomada de decisão, planejamento de ações e controle das emoções. Os sintomas do distúrbio são desatenção, dificuldade de planejar, montar estratégias e controlar as emoções, falta de organização, hiperatividade e impulsividade.
“Esses sintomas se combinam em graus diferentes de um paciente para outro. Nas meninas, esses dois últimos não aparecem muito porque são características mais ligadas ao sexo”, afirma o neurologista.
Além disso, Arruda alerta que os sintomas devem aparecer em todas as situações da vida da criança e não apenas em um único contexto. “A confusão está justamente no diagnóstico, porque ele deve ser feito através de diversos critérios clínicos. O TDAH não é um problema apenas de sala de aula. Nem toda criança que não para quieta tem TDAH”, disse.
Tratamento
Ao contrário do que se imagina, o tratamento para TDAH deve ser feito com uso de anfetaminas e estimulantes. O neurologista explica que a ministração de calmantes causa o efeito contrário, ou seja, a criança se torna ainda mais hiperativa. "Muitos pais dizem: 'Por isso que em dei antialérgico e ele ficou sem dormir a noite inteira.' Dando estimulante, você faz o 'breque' que existe no cérebro voltar funcionar corretamente", ilustra Arruda.
O médico afirma, porém, que o tratamento deve ser individualizado e contar com o apoio de uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos, educadores, fonoaudiólogos, entre outros profissionais.
Apesar de o distúrbio ser herdado geneticamente, Arruda diz que o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura. "Existe forma dos pais serem orientados para ajudar essas crianças a organizarem melhor suas vidas em casa, na escola, no dia a dia."
 Fonte G1

Estudo aponta relação entre peso ao nascer e desenvolvimento cerebral

De acordo com pesquisa, recém-nascidos com maior peso apresentam maior volume em regiões do cérebro ligadas a resolver problemas e a tomar decisões
 
Recém-nascidos: Peso logo depois de nascer pode determinar de que forma cérebro vai se
 desenvolver até a adolescência, diz estudo (Thinkstock)
O peso de um bebê ao nascer pode ter relação direta com o desenvolvimento de seu cérebro ao longo da infância e da adolescência — e, consequentemente, com os aspectos cognitivos e comportamentais que essa criança vai apresentar em sua vida. Essa é a conclusão de uma pesquisa feita na Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e publicada nesta segunda-feira na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
 
Para entender essa relação, o estudo avaliou 628 crianças e adolescentes. Os pesquisadores levaram em consideração o peso desses indivíduos ao nascer e imagens do cérebro de cada um obtidas por meio de exames de ressonância magnética. Os participantes foram divididos em dois grupos: aqueles que nasceram com um peso entre 1,5 e 2,5 quilos e aqueles que nasceram com um peso entre 3,5 e 4,5 quilos. Indivíduos que nasceram com menos de 1,5 quilo (peso muito baixo) ou mais de 4,5 quilos (peso acima do normal) foram excluídos da análise pois poucos participantes haviam nascido com essas características.
 
Segundo os resultados, as pessoas do grupo de maior peso ao nascer, comparadas ao outro grupo, apresentaram, no geral, um maior volume tanto em regiões específicas do cérebro como no órgão como um todo. As partes do cérebro que pareceram estar mais relacionadas com o peso ao nascer foram aquelas associadas à tomada de decisões, às emoções e a resolver ‘conflitos cognitivos’ — ou seja, a detectar erros e contradições no fluxo de informações que é processado pela mente.
 
“Esse estudo mostra que aspectos do desenvolvimento cerebral de crianças de adolescentes podem ser previstos pelo peso dessas pessoas ao nascer, que é o indicador de saúde pré-natal mais amplamente utilizado”, escreveram os autores no artigo. Agora, os pesquisadores querem desenvolver novos estudos para entender de que forma o desenvolvimento cerebral de uma criança interage com fatores ambientais (vida social, ambiente familiar e escolar, por exemplo) ao longo da vida.
 
Fonte: Veja