Violência na TV e no cinema e os nossos filhos?


O efeito da violência na TV e no cinema sobre o comportamento das crianças e dos jovens é um tema que preocupa psicólogos e educadores, porque, ao mesmo tempo em que cresce o acesso de crianças e de jovens a esses meios de comunicação e de  entretenimento, cresce também o índice de cenas de violência exibidas ou praticadas nos programas de TV e filmes.

De forma geral, não existe constrangimento, por parte dos adultos, em assistir diante de crianças e adolescentes filmes ou reportagens com cenas de agressões entre pessoas, tiroteio, cenas de guerra reais ou de ficção. Os pais não se dão conta de que os programas de TV e os filmes fornecem modelos e exemplos a serem seguidos, mas crianças da cidade de Belo Horizonte (MG) revelaram, em entrevistas, que consideram como modelos, com os quais elas mais se identificam, os artistas de televisão e de cinema; e os cantores e os atletas.

Pergunta-se, então, diante dessa situação: Qual o impacto da mídia de massa no comportamento de interação social da criança e do jovem?

Para responder a questões como essas, um número muito grande de pesquisas científicas tem sido realizado. Uma dessas pesquisas investigou os efeitos que os filmes com cenas de violência têm sobre o comportamento agressivo de crianças. Um filme com cenas de violência (Mortal Kombat) e um filme considerado não-violento (Babe, um Porquinho Atrapalhado) foram exibidos a crianças de 9 a 11 anos de idade e o comportamento delas foi observado, em uma partida de futebol de salão. Verificou-se que, após assistirem ao filme Mortal Kombat, os meninos apresentaram mais agressividade do que antes da exibição do filme e maior, também, em relação ao apresentado após o filme Babe, um Porquinho Atrapalhado. Esse mesmo efeito não foi observado no comportamento das meninas. No entanto, em um outro estudo, no qual um filme que apresentava cenas de violência contra mulheres foi exibido, verificou-se aumento de agressividade em meninas.

A conclusão que estes e outros estudos científicos permitem formular é que a agressividade, assim como os demais comportamentos humanos complexos são mantidos, porque eles produzem efeito no ambiente: as ações que dão certo tendem a ser repetidas e as que não produzem esse efeito são eliminadas. Em outros termos, atos de violência que eliminam algo aversivo, que afastam pessoas ameaçadoras ou produzam certas conseqüências positivas tendem a ser repetidos.

A sociedade tem um importante papel no desenvolvimento de valores éticos e políticos. Se personagens de filmes, de novelas e de desenhos têm sucesso com atos de violência e são considerados heróis, as crianças e os jovens tendem a imitá-los e os valores éticos desses personagens passam a fazer parte do conjunto de valores e de regras que determinam as suas ações.

Psicólogos sugerem que é muito importante que se reduza a exposição de crianças e de adolescente à mídia com violência. Os pais são orientados a supervisionar a escolha dos programas a serem assistidos. Entretanto, impedir totalmente o contato com a mídia com violência é impossível, o que também não os prepararia para compreender o mundo real. Assim, sugere-se que pais e educadores atuem no sentido de desenvolverem atitudes críticas com relação à violência, começando a não usar a violência dentro de suas próprias casas e a mostrar que existem formas alternativas de lidar com as adversidades.

Além disso, mostrar que a mídia com violência não é uma forma apropriada de entretenimento, nem mesmo para o adulto, também pode ser um bom exemplo.

Por: Verônica Bender Haydu - Professora da Universidade Estadual de Londrina e Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo

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