Impacto das redes sociais sobre crianças deve ser discutido, diz especialista

A entrada do Facebook em Wall Street deve ser acompanhada de intenso debate sobre o enorme impacto das redes sociais sobre as crianças, opina Jim Steyer, especialista americano sobre o tema.


Steyer, fundador do Common Sense Media, um centro de estudos sobre os meios de comunicação e as famílias, disse que a tecnologia que o Facebook representa tem "um enorme impacto" sobre as crianças, as famílias e as escolas de todo o mundo.

"Precisamos de um grande debate nacional, se não global, sobre os prós e contras desta questão", disse Steyer em uma entrevista à agência France-Presse.


Enquanto as redes sociais como Facebook, Google+ e Twitter oferecem "extraordinárias possibilidades" em aspectos como a educação, "também há desvantagens reais nas formas de desenvolvimento social, emocional e discursivo", disse Steyer, pai de quatro filhos, que também é advogado de direito civil e professor da Universidade de Stanford.

"Com sorte, depois da euforia da entrada na bolsa e da valorização do Facebook, então poderemos colocar em andamento uma séria discussão sobre o que isso significa", enfatizou.


Steyer estava em Washington para promover seu livro recém publicado "Talking Back to Facebook The CommonSense Guide to Raising Kids in the Digital Age" ("Respondendo ao Facebook: Guia do senso comum para criar crianças na era digital"), em que ele defende uma maior participação dos pais nas vidas dos filhos na internet.


"Gostemos ou não, as crianças estão passando muito mais tempo com as redes sociais e a tecnologia do que com suas famílias ou na escola", em média, oito horas ao dia nos Estados Unidos, alerta o livro.


As crianças correm o que Steyer chama de triplo perigo RAP --a sigla em inglês de problemas de relacionamento, atenção e vício, e privacidade-- assim como de perseguição cibernética, pornografia online e, no caso das meninas, problemas com a imagem corporal.

"Esta extraordinária revolução nos meios digitais foi impulsionada por jovens engenheiros, muitos dos quais não são pais, muitos dos quais são um pouco torpes socialmente e que não pensaram realmente nas consequências sociais e emocionais" de seus produtos, disse.

No começo desta semana, uma pesquisa da Consumer Reports mostrou quase 13 milhões de usuários americanos de Facebook - de um total de 157 milhões e 900 milhões em todo o mundo- não utilizam ou não estão conscientes dos controles de privacidade do site.

A nível governamental, Steyer sugeriu que os Estados Unidos sigam o exemplo da Europa na regulação da privacidade e que seja introduzido um "botão de apagar" que permita aos usuários limpar tudo o que podem ter publicado no passado.

"Precisamos, além disso, de regras claras e simples (em relação à privacidade) para as empresas tecnológicas, porque são estas as que dominaram o debate e estabeleceram as normas", argumentou.


Aos pais recomendou "momentos de desconexão pessoal da tecnologia" e proibir os smartphones na mesa na hora do jantar, por exemplo.


"(Eles) têm realmente que aprender as regras do caminho e devem fixar limites claros e simples para os filhos, estabelecer regras claras de comportamento e vocês têm que ser um modelo a seguir", acrescentou.


Fonte: Folha

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