Livro para criança - Orelha de Limão

"Era uma vez uma pequena ovelha, igual a todas as outras. Só uma coisinha nela era diferente: uma de suas orelhas era amarelo-limão." Mas quanta diferença! Por conta desse pequeno detalhe, uma orelha amarelo-limão, nada dava certo para a ovelha e ela sofria muito. Em Orelha de Limão, a autora fala das diferenças: muitas vezes pequenos detalhes que nos fazem sofrer geram grandes transtornos.
 
 
Interessante para os seguintes temas: Bullying, Preconceito, Aparência física, Diversidade, Respeito as Diferenças, Autoestima, Autoaceitação, Autoconfiança

Lugar de criança dormir é no quarto e na cama (dela!)

Algo muito comum nas famílias com filhos é o fato de estes dormirem junto aos pais. Geralmente esse hábito se inicia após o nascimento, quando o bebê precisa de monitoramento mais próximo, sobretudo no período noturno. No entanto, não é incomum esse hábito se estender a outras fases do desenvolvimento, como a adolescência. Independente do lugar em que os filhos dormem – se na mesma cama ou no mesmo quarto dos pais – há um consenso a respeito da dificuldade em que os adultos enfrentam em fazê-los dormirem sozinhos, que muitas vezes é proporcional ao tempo em que dormem sob a companhia dos pais.
 
De fato, é extremamente prazeroso ter um filho por perto, sobretudo se este for um bebê. Dormir junto com uma criança é tido como um dos grandes prazeres dos pais: é algo pequenino, inocente, cheiroso e macio, algo por quem se nutre um grande afeto, um ser que traz consigo não só os genes, mas a história do casal. Fazê-lo permanecer por perto é desfrutar de tal prazer continuamente, ali, diante dos olhos e ao alcance das mãos.
 
Analisando melhor a situação, pode-se perceber que pernoitar com filhos tem outras funções. Agindo assim, é possível reduzir o tempo do choro noturno – ávido pela amamentação ou por colo materno diante de um pesadelo – diminuir o esforço físico de se levantar e de se dirigir até o filho (enfrentando calor ou frio), além de se evitar o desgaste em lidar com a (suposta) resistência da criança em ficar longe dos pais e vice-versa.
 
Ao passo disso, é possível afirmar que a criança também sente prazer ao lado dos pais: há o conforto da companhia, a segurança que lhe é sentida (que muitas vezes afasta medos infantis), o próprio contato – que muitas vezes lhe falta durante o dia – também são fatores extremamente satisfatórios para ela.
 
Embora tal contexto traga várias consequências “positivas” para todos os envolvidos, podem ocorrer diversas complicações no desenvolvimento e à adequação infantis. Muitas vezes, quando a criança cresce, os pais tentam colocá-la de volta ao seu quarto e, diante de sua resistência, permitem que ela durma em suas companhias mais uma vez. Esta inconsistência dos limites, que não ocorre de forma contínua, faz a criança entender que sempre há uma possibilidade de permanecer junto a eles. Não é incomum, também, encontrar crianças que tem seu sono perturbado por pesadelos ou por imagens de terror no próprio quarto, situações que favorecem a busca infantil pelo colo paterno na madrugada.
 
Verificar apenas o comportamento de dormir junto aos pais, na verdade, é algo muito limitado. É possível constatar que este comportamento é apenas um que se manifesta no padrão de dependência. Pais que não se sentem confiantes em deixar suas crianças por um momento longe de seus olhos muitas vezes são aqueles que podem proteger em demasia a ponto de provocar um atrofiamento do repertório de habilidades sociais e das atividades diárias. À medida que a criança cresce, ela desenvolve autonomia em suas ações rotineiras (comer, vestir-se e se limpar, por exemplo); então, nada mais natural que também gerar maturidade ao pernoitar sem a presença dos pais ou cuidadores.
 
Além disso, também existem implicações para a intimidade do casal. Caso os cônjuges estejam privados de afeto e de sexo ao longo do dia, muito provavelmente o momento de dormir seja aquele em que se dará a intimidade sexual. Assim, como os cônjuges farão para preservar este momento, sem que ele possa ser presenciado por outra pessoa? Na cama, é importante que o casal seja visto como tal, não essencialmente enquanto pais. A intimidade do casal precisa ser reservada e, de certa forma, a presença de crianças pode colocar isso a perder. É de se supor, também, que a manutenção do filho junto aos pais durante o pernoite possa ser visto como uma justificativa e uma barreira para a intimidade em casais que não estão bem.
 
Cabe destacar que também se observa que a ausência do cônjuge torna mais propícia a companhia do filho na cama. Em casos de viuvez ou de separação, ter a prole por perto pode trazer conforto e ameniza a solidão. No entanto, simbolicamente faz a criança ocupar um espaço que não lhe pertence exatamente, fato que ficará mais claro quando o cônjuge solitário for se unir a outra pessoa. Este pode resistir em constituir outra família em virtude da criança que dorme consigo, com receio de magoá-la ou para evitar resistências quanto a dormir em outro local.
 
Existem algumas orientações que são válidas neste momento. A primeira delas diz respeito ao período em que crianças podem dormir sozinhas. Acredita-se que aos 6 (seis) meses ela pode dormir sozinha, sob monitoramento noturno dos pais quanto à amamentação e bem-estar geral (temperatura, conforto e segurança). Recomenda-se que os pais se revezem nesta tarefa, para minimizar o efeito aversivo do deslocamento até o quarto do filho e dos cuidados noturnos.
 
Cabe destacar que o momento de dormir deve ser prazeroso para pais e filhos. Pode-se contar histórias, cantar, ouvir juntos cantigas de ninar, conversar sobre o dia ou sobre um assunto específico. O ideal é que isso seja circunscrito no ambiente natural da criança, ou seja, no seu próprio quarto, ao invés de se iniciar no quarto do casal e terminar com os pais conduzindo a criança, já adormecida, ao seu aposento.
 
Também é válido organizar a rotina e o ambiente para criar contextos favoráveis ao sono solitário. Assim, estipular um horário para a criança dormir e fazer o restante da casa adormecer (por exemplo, desligar aparelhos eletrônicos e luzes dos aposentos, diminuir o movimento na casa, entre outros), assim como eliminar estímulos distratores dentro do quarto infantil (como desligar as luzes, deixar a porta entreaberta ou proporcionar uma penumbra através do abajur) são dicas salutares que tendem a um bom resultado.
 
Outra dica se refere ao afastamento gradual [1] dos pais enquanto se ensina a criança a dormir sozinha. Por exemplo, no início do processo, os pais podem permanecer deitados sob a cama, junto do filho, saindo de lá quando a criança adormecer. Após alguns dias agindo assim, quando os pais perceberem que podem se afastar mais, ao invés de ficarem deitados, podem ficar sentados, interagindo com a criança. Diante de sucessivos episódios, podem ficar no quarto do filho em pé e também se direcionando gradativamente cada vez mais para o rumo da porta, até as suas completas saídas.
 
Como já dito exaustivamente aqui no blog [2], é importante que, uma vez estabelecidos os limites, os pais possam sustentá-los mesmo que o filho venha a resistir. Obviamente, existem exceções que precisam ser avaliadas com cautela, como uma doença, medo ocasional por algum evento específico (como falecimento de alguém) ou mal-estar súbito, casos em que seria necessário avaliar a pertinência de a regra ser mantida. Caso seja relevante suspender a regra momentaneamente, deve-se explicar à criança por qual motivo ela foi burlada, limitando a concessão a este episódio específico.
 
Diante de limites, é natural haver resistência da criança em aceitá-los. Ela, provavelmente, desafiará através da birra ou dos insistentes pedidos em dormir com os pais pelo medo de ficar sozinho. Deve-se verificar a função destes comportamentos: algumas vezes eles podem ser emitidos apenas com a finalidade de permanecer junto aos pais. Caso haja verbalizações da criança quanto a ficar sozinho e ver/ouvir coisas, uma boa alternativa é verificar, junto com o infante, a veracidade desses fatos: ir ao quarto junto com ela e buscar evidências (debaixo da cama, no armário, dentro das gavetas, entre outros) de que tal situação não procede, assegurando que a criança está em segurança e que os pais podem ficar com ela (no quarto dela) até que adormeça novamente.
 
É possível que quando houver mudança de casa ou quarto (como em viagens, por exemplo) a criança volte a apresentar tais padrões. É importante dizer que, mesmo nesses casos específicos, a conduta deve ser a mesma: permanecer com a criança no novo ambiente, favorecendo a sua adaptação e esvanecendo aos poucos a presença dos pais. Recomenda-se também que os pais reconheçam cada conquista da criança, demonstrando satisfação quanto à sua superação do medo (“estou feliz por você!”), atribuindo-lhe um prêmio simbólico pela superação (“troféu coragem” ou similar).
 
No cotidiano verifica-se o quanto o ser humano tende a evitar situações que exigem um esforço (e um desgaste) na resolução de problemas, sobretudo quando as conseqüências são aversivas. Apesar de parecer à princípio que o comodismo é mais válido nesse caso, na verdade é mais fácil e saudável o adulto quebrar a sua zona de conforto agora do que ensinar a criança dormir no seu próprio quarto, quando esta já estiver maior e com o padrão mais cristalizado.
 

[1] Esvanecimento, ou Fading, trata-se de um procedimento psicológico em que um comportamento que ocorre em uma situação também passa a ser emitido em outra situação a partir da mudança gradual do estímulo, da primeira para a segunda ocasião (LUNDIN, 1977). Assim, no exemplo em questão, o objetivo do esvanecimento é fazer com que as crianças passem a dormir a partir da presença e proximidade cada vez menor dos pais.
[2] Confira aqui o texto “Ele é o rei da casa. Adivinha quem são os súditos?”, publicado em julho de 2012 no blog.
 
Juliana de Brito Lima é Psicóloga (CRP 11ª/05027), formada pela Universidade Estadual do Piauí e especializanda em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento – IBAC. É membro da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental – ABPMC. Atua como psicóloga clínica em Teresina-PI (Clínica Lecy Portela, onde atende criança, adolescente e adulto) e como psicóloga forense (Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão), em Caxias-MA. Atuou como pesquisadora no Núcleo de Análise do Comportamento da Universidade Federal do Paraná/ NAC-UFPR (linha de pesquisa “Desenvolvimento da criança e do adolescente em situações adversas”) e atualmente está vinculada ao Laboratório de Neurociências Cognitivas da Universidade Estadual do Piauí- UESPI. Contato: juliana@inpaonline.com.br.

Conheça seis fatores que podem causar autismo

Além da genética, novos estudos associam uso de antidepressivos, obesidade e até poluição do ar ao aumento do risco de desenvolver o distúrbio
 
Autismo: apesar de não haver um consenso sobre as causas da doença,
especialistas concordam que existem fatores genéticos e ambientais envolvidos
(Thinkstock)

 
Estabelecer com precisão as causas do autismo ainda desafia a medicina. Sabe-se que existe um componente genético envolvido, mas os pesquisadores passaram a considerar também uma série de fatores externos que podem contribuir para o desenvolvimento do distúrbio. Novos estudos mostram que a gravidez é de extrema importância. Desde o uso de antidepressivos até contrair uma gripe durante esse período aumentam as chances de ter filhos que manifestem a doença mais tarde. "Não existe um único autismo. A manifestação da doença é muito variada e o que se entende é que pode ter diversas causas", afirma Guilherme Polanczyk, psiquiatra infantil do Departamento de Psiquiatria da Universidade de São Paulo. Ele explica que os fatores ambientais podem aumentar o risco do surgimento de uma doença, mas isso não significa que apenas um deles é suficiente para causá-la – ou que todos sejam necessários. Conheça os fatores apontados pelas mais recentes pesquisas.
 
Uso de antidepressivos
O uso de antidepressivos durante a gravidez pode dobrar o risco do filho desenvolver autismo. Essa é a conclusão de um estudo realizado na Califórnia e publicado no periódico Archives of General Psychiatry em novembro de 2011, que envolveu 298 crianças com distúrbios do espectro do autismo (ASD, na sigla em inglês) e 1.507 crianças no grupo de controle. O uso de tais medicamentos foi relatado por 6,7% das mães de crianças autistas, contra 3,3% das mães no grupo de controle. Essa relação é considerada mais forte caso os medicamentos sejam utilizados no primeiro trimestre da gravidez.
 
Gripe ou febre persistente
Um estudo preliminar realizado com quase 96.736 crianças nascidas na Dinamarca entre 1997 e 2003, publicado em novembro de 2012 na revista americana Pediatrics, mostrou que a incidência de gripe ou febre prolongada durante a gravidez pode ser um fator de risco para o autismo.
De acordo com os pesquisadores, as crianças cujas mães tiveram gripe durante a gravidez tinham duas vezes mais chances de serem diagnosticadas com distúrbios do espectro do autismo (ASD) antes de completarem três anos de idade. No caso de febres com duração de uma semana ou mais, o risco pode ser até três vezes maior.
 
Obesidade, diabetes e pressão alta
Mães obesas têm chances maiores de ter filhos autistas. De acordo com um estudo publicado no periódico Pediatrics em abril de 2012, a obesidade materna aumenta em até 67% a chance da criança sofrer do distúrbio.
A pesquisa envolveu com 517 crianças com distúrbios do espectro do autismo (ASD, na sgila em inglês), 172 com distúrbios do desenvolvimento e 315 com desenvolvimento normal, nascidas na Califórnia entre janeiro de 2003 e junho de 2010, e mostrou que a incidência de diabetes, hipertensão e obesidade das mães era maior no grupo que apresentava a doença do que no grupo de controle.
Além disso, dentre as crianças com ASD, aquelas cujas mães tinham diabetes apresentavam dificuldades relacionadas à linguagem, em comparação com os filhos de mulheres não-diabéticas.
 
Vitamina D
Diversos estudos associam baixos níveis de vitamina D no sangue a doenças autoimunes. Um estudo publicado em agosto de 2012 no periódico Journal of Neuroinflammation aponta uma relação entre a falta dessa vitamina e o autismo
A pesquisa foi realizada com 50 crianças autistas, entre 5 e 12 anos, e 30 crianças com desenvolvimento normal. Entre as crianças com autismo, 88% delas tinham insuficiência ou deficiência (sendo a última a mais severa) de vitamina D. Ao mesmo tempo, 70% dos pacientes com a síndrome apresentaram níveis elevados do autoanticorpo denominado anti-MAG (glicoproteína associada à mielina). Autoanticorpos são células do sistema imunológico que atuam contra proteínas do próprio indivíduo que as produz, e por isso estão associados a doenças auto-imunes, como diabetes tipo 1 e lúpus sistêmico, por exemplo.
Os pesquisadores acreditam que a deficiência de vitamina D pode contribuir para a produção do autoanticorpo, mas a relação de tal vitamina com o autismo ainda não é clara.
 
 
Tabagismo
Fumar durante a gravidez está associado a distúrbios menos graves relacionados ao autismo, como a Síndrome de Asperger. Essa é a conclusão de um estudo realizado pelo Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), nos EUA, que analisou dados de 633.989 crianças nascidas entre 1992 e 1998. Por outro lado, não foi identificada relação entre o fumo na gravidez e o autismo comum.
 
Poluição do ar
A poluição do ar é um fator ambiental que tem sido relacionado ao autismo por diversos estudos. Uma pesquisa de 2010, realizada na Califórnia, mostrou que crianças que viviam a menos de 300 metros de rodovias tinham o dobro de chance de desenvolver autismo do que aquelas que viviam mais longe.
Os mesmos pesquisadores publicaram um estudo em novembro de 2012, no periódico Archives of General Psychiatry, que aprofunda tais resultados. Participaram 279 crianças diagnosticadas com autismo e outras 245 que não apresentavam a doença. As mães informaram os endereços em que viveram durante a gestação e o primeiro ano da criança e os pesquisadores analisaram os níveis de poluição do ar em cada local. O resultado mostrou que as crianças que foram expostas aos maiores níveis de poluição causada por veículos tinham até três vezes mais chances de desenvolverem autismo.
 
 
Fonte: Veja
 

Nova Barbie levanta debate sobre a evolução dos brinquedos

Um brinquedo que chega ao mercado americano no Natal vem sendo alardeado como a grande mudança no nicho. Antes, Barbies eram para meninas e blocos de construir, para meninos. Mas, pela primeira vez em 50 anos de Barbie, a Mattel associou um kit de construção à boneca mais perua do globo.
 
É que os pais andam mais presentes na vida dos filhos e as meninas estão sendo estimuladas a usarem brinquedos que desenvolvam desde cedo suas capacidades matemáticas e científicas.
 
A linha da Barbie que constrói seria reflexo da mudança no papel paterno e de outras revoluções sócio-econômicas, no discurso da indústria. "Papais podem muito bem participar dessa brincadeira; de outra forma, eles se sentiriam fora de seu território", explicou a psicóloga Maureen O'Brien, que deu consultoria ao desenvolvimento do produto.
 
O novo brinquedo se ajusta ao mais recente Censo feito nos EUA, que mostrou o aumento no número de homens responsáveis por cuidar dos filhos enquanto as mães trabalham fora e no número de pais que passam mais tempo com os filhos do que qualquer outro adulto -mãe incluída.
 
De olho na mudança, a Mattel, unida à canadense Mega Brands, acaba de colocar nas prateleiras dos EUA o kit "Barbie Build'n Style" (construção e estilo), com o objetivo de atrair pais e filhas.
 
Sim, a Barbie agora constrói, mas não que tenha abandonado seu mundo rosa para virar engenheira: seus blocos são encontrados nas "opções" de sempre: piscina, casa de luxo, loja de roupas...O kit deve chegar ao Brasil no segundo semestre de 2013.
 
Construção para meninas está em alta. A linha "Friends", da Lego, lançada nos EUA em janeiro e voltada às garotas, nasceu de um pedido direto de mães e crianças.
 
O brinquedo, também tratado como inovador pela mídia e pelo comércio, foi desenvolvido em quatro anos, conforme o diretor de operações da empresa dinamarquesa no Brasil, Robério Esteves.
 
"A linha traz meninas urbanas, com profissões e personalidades diferentes. O objetivo é mostrar que elas se projetam hoje em suas mães, mulheres modernas e ativas profissionalmente", diz.
 
Segundo Esteves, a Lego "sempre insistiu na busca do desenvolvimento do raciocínio lógico, da coordenação motora e da criatividade".
 
Os blocos da série, à venda no Brasil, permitem a construção de salão de beleza, cafeteria, campo de equitação e laboratório, entre outros.
 
"Discurso da cegonha"
 
Enquanto duas gigantes da indústria sinalizam a tentativa de acompanhar as recentes transformações vividas por seu público, alguns pais e especialistas acham que o conservadorismo nesse mercado segue intocado.
 
A designer Anne Rammi, que tem um site sobre maternidade,
com os filhos Joaquim (de vermelho) e Tomas
Avener Prado/Folhapress
 
"As inovações não passam de reflexo da nossa cultura de excessos. Nunca houve tanto brinquedo inútil", opina a designer Anne Rammi, mãe de dois meninos.
 
"A indústria de brinquedos não está preocupada em oferecer produtos com responsabilidade social", diz Anne, 32. Ela ilustra a visão de outras mães de sua geração, ativas na internet, às vezes com blogs temáticos, que apontam defasagem entre sua realidade familiar e os brinquedos -sempre divididos entre carros e heróis "deles", bonecas e panelinhas "delas".
 
Quem é do ramo não concorda com essa percepção. "Não há defasagem entre a sociedade e a produção, até porque se eu não me antecipar ao que a criança vai querer, eu vou perder mercado", diz Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq, que reúne fabricantes brasileiros.
 
"Há 3.000 designers brasileiros independentes que criam para 523 fábricas -e eles não estão defasados."
 
Brinquedos podem ser conceitualmente interessantes desde que vendam. Costa dá o exemplo da boneca grávida lançada no início dos anos 1990, um fracasso.
"Esquecemos de perguntar à mãe se ela estaria disposta a explicar à filha de seis anos como uma mulher fica grávida. No Brasil, ainda predomina o discurso da cegonha. A gente não pode ir contra a cultura da mãe brasileira."
 
Não quer dizer que não haja inovação. "O lançamento das bonecas negras foi um sucesso, hoje estão estabelecidas no mercado, assim como os brinquedos para crianças especiais. Lançamos há pouco bonecas que têm assaduras e podem ser curadas. Isso mexe na sociedade infantil", enumera o empresário.
 
Uma característica histórica do setor de brinquedos é a escassez de opções "lúdico-educativas", diz Sandra Mara Corazza, doutora em educação e professora na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e na universidade Lumière Lyon 2, na França.
 
"O mundo dos brinquedos é atrasado, limitado e simplificador; embora haja mudanças, ele não acompanha o que vivemos", diz Corazza.
 
Para Lais Fontenelle, psicóloga do Instituto Alana (dedicado a projetos sobre o universo infantil), o problema não é a distância entre o que as prateleiras oferecem e o que a criança vive. Ela critica o procedimento da indústria de tentar prever ou inventar demandas. "Desde sempre pais conseguiram brincar com suas filhas sem precisar de blocos de construção cor-de-rosa da Barbie", afirma.
 
Em meio à multiplicidade de opiniões e opções -a estimativa é de que sejam vendidos 4.500 modelos de brinquedos no país neste ano-, a questão é saber quais elementos ajudam a compor o presente ideal.
 
"As crianças precisam de pouco para se divertir; o bom brinquedo é o que não vem tão pronto", diz Fontenelle.
 
Anne Rammi, que tem um site (www.mamatraca.com.br) sobre maternidade, pensa da mesma forma: "Brinquedos simples e duráveis são capazes de suprir as necessidades de entretenimento e desenvolvimento de cognição. As coisas que eram criativas e interessantes há 50 anos continuam as mesmas. O resto é invenção para fazer a gente gastar".
 
O presidente da Abrinq contesta: "Criança não gosta de coisa velha; quem gosta de coisa velha é acadêmico e psicólogo. Criança, não."
 
Já a educadora Corazza considera que o grau de antiguidade, o material e as visões de mundo associadas a um brinquedo não falam mais alto do que a atitude dos pais. "O adulto deve assumir a responsabilidade ética de tornar o brinquedo mais criador. Implica estabelecer entre adultos, crianças e brinquedos uma relação que vá além dos limites de cada um."
 
"Cada sociedade tem o brinquedo que merece", afirma a educadora. "Para fugir dos brinquedos bobos, temos de deixar de tratar a infância de maneira boba, parar de adultizar a infância, enquanto o mundo adulto é infantilizado eternamente."
Com o "New York Times"
 
Fonte: Folha

Criança que faz refeições em família come mais frutas e verduras

Segundo pesquisa, ter pais que consomem com frequência esses alimentos e morar em uma casa com grande variedade de vegetais também são fatores contribuem com boa alimentação das crianças

O estudo mostrou que, em média, as crianças inglesas consomem 293 gramas por dia de frutas e verduras,
 o que equivale a 3,7 porções (Thinkstock)
 
O hábito de realizar refeições junto com pais e familiares faz com que as crianças consumam mais frutas, legumes e verduras. E, quanto maior a frequência com que isso ocorre, maiores são as chances de o jovem atingir as recomendações diárias de ingestão desses alimentos. É o que mostra uma pesquisa realizada na Inglaterra e publicada nesta quarta-feira no periódico Journal of Epidemiology and Community Health. Ainda segundo o estudo, que foi feito na Universidade de Leeds, na Grã-Bretanha, outros fatores, como a dieta dos pais e a variedade de vegetais disponíveis na casa da criança, também ajudam a elevar esse consumo.
 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a ingestão diária de cinco porções de 80 gramas cada de frutas, verduras e legumes, para que as quantidades necessárias de vitaminas e minerais sejam obtidas. Isso porque esses alimentos ajudam a evitar diversas doenças e prevenir a obesidade. No entanto, os níveis reais de consumo continuam abaixo dessa meta na maior parte dos países da Europa e também no Brasil.
 
Segundo escreveram os autores desse estudo no artigo, o ambiente do lar é um fator importante, pois é onde os hábitos alimentares se desenvolvem, e onde os pais, que são quem mais influenciam a qualidade da dieta dos filhos, dão os exemplos a serem seguidos.
 
Participaram da pesquisa mais de 2.000 crianças com idade média de oito anos que estudavam em 52 escolas primárias de Londres. Os pais responderam questionários sobre a alimentação de seus filhos, a frequência com que as refeições em família eram realizadas e a quantidade de frutas e verduras que os próprios pais consumiam.
 
Consumo saudável — O estudo mostrou que, em média, as crianças consumiam 293 gramas por dia de frutas e verduras, o que equivale a 3,7 porções dos alimentos ao dia. Porém, aquelas que costumavam realizar refeições em família apresentaram um consumo mais elevado desses alimentos.
Segundo os resultados, crianças cujos pais afirmaram que comiam juntos aos seus filhos “às vezes” consumiam, ao dia, 95 gramas de frutas, legumes e verduras a mais do que aquelas que nunca comiam com seus familiares. Esses jovens ingeriam o equivalente a 4,6 porções desses alimentos todos os dias. Por outro lado, os participantes cujos pais afirmaram que sempre realizavam as refeições em família consumiam, por dia, 125 gramas desses alimentos a mais do que os jovens que nunca comiam com seus pais, atingindo a recomendação da OMS — ou seja, ingeriam cinco porções diárias de frutas, legumes e verduras.
 
Dieta dos pais — Os pesquisadores identificaram ainda outros fatores capazes de influenciar a qualidade de vegetais ingeridos pelos jovens. As crianças cujos pais declararam comer frutas e verduras todos os dias consumiam, ao dia, 88 gramas desses alimentos a mais do que aquelas com pais que nunca ou raramente consumiam esses alimentos.
Além disso, as crianças consumiam 44 gramas a mais desses alimentos todos os dias quando seus pais cortavam as frutas e verduras da criança para facilitar o consumo. A variedade dos ingredientes também se mostrou importante: os pesquisadores relataram um aumento de cinco gramas no consumo para cada variedade adicional desses alimentos disponíveis na casa.
 
Fonte: Veja

Comportamento infrator: fatores de risco e de proteção

 
Hoje em dia, ser jovem implica assumir muitos riscos. Um deles diz respeito à luta pela própria vida. Segundo o Mapa da Violência de 2012 [1], as chances de uma criança ou adolescente brasileiro morrer assassinado são maiores atualmente do que eram há 30 anos, fator que rende ao país a quarta pior colocação mundial em violência contra o jovem. Assim, o prazo de validade da juventude, que poderia ser estendido à fase adulta, é reduzido em virtude de comportamentos antissociais e da violência infanto juvenil. Embora a justiça tenha a missão de lidar com as práticas infracionais juvenis, ainda cabe à família delinear práticas educativas que possam inibir comportamentos antissociais e desenvolver o comportamento moral.
 
Segundo pesquisadores, demonstrações de comportamento antissocial podem acontecer desde os dois anos de idade, quando as crianças são consideradas de temperamento difícil ou forte, com tendência a destruir objetos e agredir seus cuidadores. Pesquisas apontam que este padrão de comportamento desobediente, impulsivo, socialmente inadequado e impaciente tende para o estabelecimento do chamado Transtorno Desafiador de Oposição. Caso este seja persistente, facilita-se a exclusão do grupo de pares quando adolescente, que é um dos critérios diagnósticos para o transtorno de conduta na adolescência e antissocial na vida adulta.
 
No tocante à questão familiar, o infrator é oriundo de ambientes altamente coercitivos, nos quais são constantes a violência física e o abandono (ROCHA, 2009). Desta forma, ele acaba por reproduzir em sua relação com o mundo um padrão de comportamento conhecido como antissocial. O comportamento antissocial pode ser definido como aquele que viola e desrespeita os direitos alheios, ou seja, aquele que a todo custo busca beneficiar-se, desconsiderando os possíveis danos que isso possa causar a outrem.
 
Estudos mostram que a disciplina ineficiente e pouco consistente imposta pelos pais está positivamente associada ao comportamento delituoso. Assim, pode-se afirmar que pais de filhos em conflito com a lei geralmente são aqueles que exercem uma supervisão inconsistente, uma disciplina incoerente e inadequada.
 
Quanto a isso, Hasson e Meleiro (2003) [2] destacam ainda que a exposição a abusos físicos, punições excessivas e maus tratos, pais ausentes, com problemas de saúde ou no relacionamento conjugal são fatores relacionados positivamente com o comportamento delituoso. Desta forma, as práticas educativas parentais ineficientes se constituem fatores de risco ao envolvimento criminal.
 
Para Rocha (2009) [3], além das práticas parentais negativas, outros fatores de risco para o desenvolvimento de problemas de comportamento são: a presença de problemas de comportamento durante a infância, a ocorrência de comportamento antissocial em algum momento da vida e o abandono ou fracasso escolar. Outros pesquisadores destacam que a família monoparental (ou seja, famílias com apenas um cuidador/pai), em especial as gerenciadas por mulheres, também é um fator de risco. Hasson e Meleiro (2003) destacaram que o risco de atividade criminal na adolescência se duplica para homens criados sem figura paterna, sendo que em mulheres criadas sem mãe o risco é quase nulo.
 
Cabe destacar que os adolescentes em conflito com a lei têm déficit significativo nas habilidades sociais e em resolução de problemas. Assim, esses adolescentes tendem a reagir de forma totalmente despreparada diante de conflitos interpessoais. Um exemplo disso é quando diante de uma intimidação, o adolescente busca meios agressivos ou coercitivos que podem aumentar o problema ou colocar em risco a própria vida ou a de outras pessoas, como andar armado para fazer com que as provocações que recebe diminuam. Tal fato já abre precedente para outros comportamentos perigosos, como intimidar outras pessoas para roubar, emprestar a arma para amigos, trocá-la por droga, entre outros.
 
Outro fator de risco para o comportamento criminoso do jovem conforme apontado por pesquisadores é a baixa escolaridade ou o desinteresse pelos estudos. Gallo e Williams (2005) [4] constataram que a maior parte dos adolescentes que cumprem medida socioeducativa abandonou os estudos muito cedo. Ressalta-se que os estudos se configuram como uma atividade cujos resultados se apresentam a longo prazo, visto que a conclusão dos estudos básicos é algo que se dá após um período significativo de dedicação e empenho. Dessa forma, é uma atividade que requer persistência, autocontrole e muita tolerância à frustração, fatores muitas vezes prejudicados em adolescentes que estão em conflito com a lei.
 
Quando o jovem está desocupado, sem estudar, fica mais propenso a se envolver em atividades não exigentes, como o lazer, o uso de drogas e a convivência com o grupo de colegas. Assim, diante da desmotivação, das necessidades a serem supridas (por exemplo, uso de droga em virtude da abstinência, a necessidade de alimentação ou dinheiro) e de estímulos concorrentes com o estudo (como amizades, passeios, aventuras), o adolescente se vê em um contexto que é possível engajar-se em uma atividade que não requer tanto esforço quanto o que teria diante da escola (como o roubo) e que terá um resultado mais imediato, que é a satisfação de suas necessidades, mesmo que com os estudos haja resultados mais satisfatórios a longo prazo (como um emprego). Assim, com as atividades delituosas, o adolescente encontra um meio de suprir suas necessidades sem precisar de esforço para tal.
 
Daí a necessidade de os pais, desde cedo, educarem os filhos com afeto e limites, frustrando-lhes quando preciso, orientando-os quanto ao mundo e quanto à necessidade dos estudos. Embora na adolescência a voz do grupo de amigos muitas vezes seja mais forte do que a da família, esforços são necessários para que na infância seja feita uma boa relação com os pais, com diálogo e disciplina. É necessário que os pais se empenhem na tarefa de desenvolver nos filhos a empatia para com o outro, além de outros valores como a polidez, a vergonha, a culpa e a honestidade.
 
O desenvolvimento do comportamento moral e das habilidades sociais é algo que também é possível de se obter no contexto clínico. É inegável os muitos benefícios que a psicoterapia pode oferecer aos indivíduos que não se adaptam às normas sociais e que vivem à margem dos grupos, sobretudo as abordagens comportamentais e cognitivo-comportamentais. Por meio dessas modalidades terapêuticas, o adolescente com histórico infracional aprende novos repertórios comportamentais sobre ele mesmo e sobre o mundo, desenvolvendo novas maneiras de se relacionar. Caso seja implementada a psicoterapia enquanto o adolescente estiver cumprindo medida socioeducativa, os resultados podem ser ainda melhores.
 
No entanto, melhores resultados geralmente são aqueles obtidos quanto mais próximos do início dos comportamentos problemáticos, sobretudo quando crianças. Assim, diante da manifestação de comportamentos opositores e desafiadores na infância, procure um psicólogo de sua confiança.


[1] WAISELFISZ, J.J. Mapa da violência 2012. Crianças e adolescentes no Brasil. Rio de Janeiro: CEBELA, 2012.
[2] HASSON, M.E.; MELEIRO, A.M.A.S. Reflexões sobre a desestruturação familiar na criminalidade. In: RIGONATTI, S.P. (Coord.). Temas em psiquiatria forense e psicologia jurídica. São Paulo: Vetor Editora, 2003.
[3] ROCHA, G.V. M. Psicoterapia com infratores de alto-risco: trabalhando a mentira, a vergonha e a culpa. In: ROVINSKI, S. L.R.; CRUZ, R. M. Psicologia jurídica. Perspectivas teóricas e processos de intervenção. São Paulo: Vetor Editora, 2009.
[4] GALLO, A.E.; WILLIAMS, L.C.A. Adolescentes em conflito com a lei: uma revisão dos fatores de risco para a conduta infracional. Psicologia: Teoria e Prática, n. 7, v. 1, pp.81-95, 2005.
 
Juliana de Brito Lima é Psicóloga (CRP 11ª/05027), formada pela Universidade Estadual do Piauí e especializanda em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento – IBAC. É membro da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental – ABPMC. Atua como psicóloga clínica em Teresina-PI (Clínica Lecy Portela, onde atende criança, adolescente e adulto) e como psicóloga forense (Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão), em Caxias-MA. Atuou como pesquisadora no Núcleo de Análise do Comportamento da Universidade Federal do Paraná/ NAC-UFPR (linha de pesquisa “Desenvolvimento da criança e do adolescente em situações adversas”) e atualmente está vinculada ao Laboratório de Neurociências Cognitivas da Universidade Estadual do Piauí- UESPI. Contato: juliana@inpaonline.com.br.

O menino que só jogava video Game

 Almoçar com a família?
Divertir-se com os irmãos?
Brincar com os cachorros?
Que nada! Dudu só quer saber de derrotar Zinzor, Zintrox e Zázitron, o trio vilão da galáxia de Ágon! Para ele, nada era mais importante do que seu video game. Só que o mundo virtual acaba se confundindo com o real, e o garoto fica frente a frente com os seus piores inimigos...

Obesidade não está relacionada a distúrbios do sono em crianças

Estudo mostrou que, ao contrário do que acontece em adultos, o excesso de peso não aumenta os riscos de crianças de 6 a 8 anos desenvolverem Distúrbios Respiratórios do Sono
 
Um estudo realizado Finlândia mostrou que a obesidade e outros fatores relacionados ao peso não estão relacionados à presença de Distúrbios Respiratórios do Sono (DRS) em crianças. A pesquisa é parte de um estudo maior, denominado Atividade Física e Nutrição em Crianças (Panic, na sigla em inglês), realizado pelo Instituto de Biomedicina da Universidade da Finlândia Oriental. Os resultados foram publicados na edição de dezembro do periódico European Journal of Pediatrics.
 
O excesso de peso é um fator de risco para problemas do sono em adultos, e é comum que a mesma relação seja feita em crianças. Esse é um fator preocupante para os especialistas, uma vez que a obesidade infantil tem crescido em ritmo rápido. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2010, 42 milhões de crianças até cinco anos de idade têm sobrepeso.
 
Pesquisa — O estudo foi realizado com 512 crianças finlandesas de 6 a 8 anos de idade. Aproximadamente 10% delas apresentaram alguma forma de distúrbio respiratório durante o sono, que vão desde ronco moderado até apneia obstrutiva do sono (SAOS), uma parada respiratória provocada pelo colapso das paredes da faringe do paciente. Outros sintomas também podem ser observados fora do período de sono, como hiperatividade, dificuldades de aprendizado e problemas de crescimento.
 
O principal fator de risco encontrado no estudo foi a presença de amígdalas aumentadas, que ocasionou um risco 3,7 vezes maior da criança desenvolver Distúrbios Respiratórios do Sono. Os outros fatores foram mordida cruzada (quadro no qual os dentes da arcada superior se sobrepõem aos dentes da arcada inferior), com risco 3,3 vezes maior e perfil facial convexo (caracterizado pelo queixo pequeno), com o risco aumentado em 2,6 vezes.
 
Para os pesquisadores, a descoberta de fatores de risco permite que sejam realizadas intervenções para prevenir o aparecimento da doença ainda na infância. Apesar de não estar relacionado com distúrbios do sono na infância, o papel da obesidade nesses distúrbios parece aumentar com o passar dos anos, de modo que a prevenção do ganho de peso excessivo continua sendo uma medida preventiva importante.
Fonte: Veja

IBGE: Guarda compartilhada de filhos dobra em 2011, mas ainda representa só 5,4% do total

Com o número de divórcios em ascensão, a pesquisa Estatísticas do Registro Civil 2011, divulgada nesta segunda-feira (17) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aponta que a guarda dos filhos ainda é predominantemente materna. Mas a tendência de guarda compartilhada vem crescendo no Brasil e ganhando cada vez mais espaço nas varas da família.
 
Entre 2001 e 2011, o percentual de decisões judiciais com compartilhamento da guarda de ?lhos menores dobrou. Em 2001, apenas 2,7% das separações optavam pela guarda compartilhada. Esse número saltou para 5,4% em 2011. Os números não levam em conta os possíveis recursos das partes.
 
Há Estados em que a guarda compartilhada dos ?lhos é mais frequente. No Pará (8,9%) e no Distrito Federal (8,3%), por exemplo, são registrados os maiores índices, que superaram a casa dos oito pontos percentuais. Já Sergipe (2,4%) e Rio de Janeiro (2,8%) tiveram as menores taxas.
 
 

Mãe cuidadora

 Segundo o IBGE, a Justiça brasileira ainda privilegia a mãe como responsável pela criação dos filhos. Em 2011, 87,6% dos divórcios concedidos no Brasil terminaram com a guarda das crianças e adolescentes delegada às mães. "É usual no país o entendimento de que as mães sejam responsáveis prioritárias pelos ?lhos", aponta o documento. Em 2001, esse percentual era um pouco maior: 89,7%.
 
No mesmo período, houve redução percentual das decisões da guarda dos ?lhos para os homens. Em 2001, houve 5,7% das decisões favoráveis aos pais, contra 5,3% registrados no ano passado. Ao todo, 1,1% das crianças e adolescentes ficam com a guarda fora de pai e mãe.

Sem filhos

 O estudo ainda identificou um crescimento na proporção de divórcio entre casais sem ?lhos, que saltou de 26,8%, em 2001, para 37,2%, em 2011. Para o IBGE, essa mudança de cenário pode ser explicada pelas mudanças que facilitaram o divórcio, por via administrativa, dos casais sem filho. 

 Outro índice que cresceu foi o de casais que tinham apenas ?lhos maiores: a evolução foi de 22%, em 2006, para 19,7%, em 2011. Na mesma proporção, houve uma redução significativa de participação dos divórcios entre casais com ?lhos menores, caindo de 51,5%, em 2001, para 37,1%, em 2011.
 
Fonte: Uol

Estudo da Unifesp derruba mito de que Ritalina 'turbina' cérebros saudáveis

 
Conhecida como 'pílula da inteligência', a droga tem sido usada por estudantes que querem melhorar o desempenho acadêmico; pesquisa revela que medicamento não beneficia a atenção nem a memória; remédio costuma ser obtido no mercado negro
 
A Ritalina não promove melhora cognitiva em pessoas saudáveis. Indicada para transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), ela tem sido usada por estudantes que buscam melhor desempenho em provas e concursos. Apesar da fama - que lhe rendeu o apelido de "pílula da inteligência" ou "droga dos concurseiros" -, uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que o medicamento não beneficia a atenção, a memória e as funções executivas (capacidade de planejar e executar tarefas) em jovens sem o transtorno.
A psicóloga Silmara Batistela, autora do estudo, decidiu investigar o tema ao perceber a popularização da prática de doping mental. "É muito comum ouvir o relato de pessoas que, para passar a noite estudando antes da prova, tomam Ritalina", diz. O objetivo da pesquisadora era avaliar se o consumo do medicamento, cujo princípio ativo é o cloridrato de metilfenidato, realmente trazia vantagens cognitivas.
Para a pesquisa, foram selecionados 36 jovens saudáveis de 18 a 30 anos. Eles foram divididos aleatoriamente em quatro grupos: um deles tomou placebo e os outros três receberam uma dose única de 10 mg, 20 mg ou 40 mg da medicação. Depois de tomarem a pílula, os participantes foram submetidos a uma série de testes que avaliaram atenção, memória operacional e de longo prazo e funções executivas. O desempenho foi semelhante nos quatro grupos, o que demonstrou a ineficácia da Ritalina em "turbinar" cérebros saudáveis.
"O uso não alterou a função cognitiva. A única diferença que observamos foi que os que tomaram a dose maior, de 40 mg, relataram uma sensação subjetiva de bem-estar maior em comparação aos demais", diz Silmara.
Perigos. O psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, diretor do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad) da Unifesp, observa que o mito de que a Ritalina teria o potencial de tornar alguém mais inteligente não faz sentido. "A pessoa fala que consegue estudar a noite inteira com o remédio. Isso é porque ela fica acordada e não porque tem uma melhora na atenção", diz. Ele observa que o aprendizado sob o efeito da droga consumida inadequadamente é de má qualidade.
Silveira destaca que existem perigos relacionados ao uso inadequado do medicamento. O consumo aumenta os riscos de problemas do coração e pode levar a um quadro de arritmia cardíaca. O especialista acrescenta que, tratando-se de uma anfetamina, a droga apresenta também um potencial de abuso, razão pela qual é controlada e só pode ser comprada com receita especial.
A alternativa para os que resolvem usar a Ritalina sem ter indicação é recorrer ao mercado negro. Estudantes relatam que não é difícil encontrar fornecedores anunciando o produto em fóruns de discussão na internet.
Um estudante de Economia de 22 anos, que preferiu não se identificar, conta que soube dos efeitos da Ritalina por um amigo. "Ouvi falar de uma droga que todos universitários estavam usando na Europa e nos Estados Unidos para aumentar a concentração. Li sobre seus efeitos colaterais, para o que servia e, como sempre me achei um pouco hiperativo, resolvi experimentar."
As duas primeiras caixas foram compradas de um conhecido. Depois, encontrou um fornecedor na internet que atende aos pedidos dele e de seus amigos. "A gente pede de uma vez só várias caixas." Para o universitário, que toma o remédio para estudar aos fins de semana ou à noite, quando pretende varar a madrugada entre os livros, a principal vantagem é tirar o sono. "O ganho está nas horas a mais que estudo na madrugada."
Segundo ele, também há um aumento na concentração e na atenção. "Não fiquei mais inteligente, mas meu tempo de dedicação aos estudos aumentou", relata. Ele, que foi um dos primeiros entre seus amigos a usar o recurso, conta que hoje conhece cerca de 15 pessoas que aderiram.
Um de seus amigos, também estudante de Economia, conta que aderiu à pílula por ter dificuldade de ler textos longos. "Eu começo a me dispersar no meio deles. Como trabalho o dia inteiro, acaba me faltando tempo para conseguir ler volumes grandes." Para ele, a Ritalina o ajuda a ler bastante sem se dispersar.
Encenação. Outra estratégia que tem sido adotada para obter o remédio é simular os sintomas do TDAH na esperança de ganhar uma receita. O neuropediatra Paulo Alves Junqueira, membro da Academia Brasileira de Neurologia (Abneuro), conta que tem existido essa demanda, principalmente entre os concurseiros. "O médico precisa ter a habilidade de identificar esses casos: o TDAH não vem de uma hora para outra. É um transtorno incapacitante que acompanha o paciente ao longo da vida."
Segundo levantamento feito pelo Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma) a pedido do Estado, houve um crescimento de quase 50% na venda de remédios à base de cloridrato de metilfenidato no Brasil entre 2008 e 2012. Entre setembro de 2007 e outubro de 2008 foram vendidas 1.238.064 caixas, enquanto entre setembro de 2011 e outubro de 2012 as vendas cresceram para 1.853.930 caixas. Nesse intervalo, os valores gastos com a medicação passaram de R$ 37.838.247 para R$ 90.719.793.
 
Fonte: Estadão 

Ter televisão no quarto aumenta o risco de obesidade

Jovens que têm televisão no quarto passam mais tempo sentados em frente ao aparelho do que outros
Televisão: ter o aparelho no quarto contribui com aumento da circunferência abdominal e da gordural acumulada no corpo de crianças e adolescentes (Thinkstock)

Não são poucas as pesquisas que comprovam que quanto mais tempo uma criança passa em frente à televisão, pior para a sua saúde. O hábito, afirmam esses estudos, está ligado a uma pior alimentação, a dificuldades de aprendizado e de desempenho em esportes, além do aumento da gordura corporal e, consequentemente, do risco da obesidade. Agora, um trabalho desenvolvido nos Estados Unidos mostra que o fato de uma criança possuir uma televisão em seu próprio quarto pode aumentar tais prejuízos, especialmente em relação ao acúmulo de gordura. Essas conclusões estarão presentes na edição de janeiro do periódico American Journal of Preventive Medicine.
 
O estudo, desenvolvido no Centro de Pesquisas Biomédicas Pennington, nos Estados Unidos, acompanhou 369 crianças e adolescentes de cinco a 18 anos de idade, avaliando aspectos como índice de massa corporal (IMC), circunferência abdominal, pressão arterial e níveis de colesterol no sangue.
 
Os resultados mostraram que, de fato, os jovens que tinham televisão no quarto passavam mais tempo sentados em frente ao aparelho do que o restante dos participantes. Além disso, esses participantes, em média, tinham maiores níveis de gordura subcutânea (que geralmente se acumula na barriga, nas pernas e no culote), de gordura visceral (que fica em torno dos órgãos) e maiores medidas de circunferência abdominal do que os jovens que não possuíam televisão em seus quartos. Isso ocorreu mesmo quando os autores compararam os participantes que gastavam o mesmo tempo em frente à televisão por dia.
 
O estudo ainda concluiu que aqueles que assistiam televisão no quarto durante ao menos 2,5 horas por dia foram os participantes que apresentaram os maiores níveis de gordura acumulada. Com isso, o risco desses jovens sofrerem alguma condição cardíaca ou metabólica também foi mais elevado. “Ter televisão no quarto pode ser ainda pior do que somente assistir televisão para prejudicar hábitos saudáveis que deveriam ser seguidos por todas as crianças e adolescentes. O aparelho no quarto está relacionado, por exemplo, a menos tempo de sono e uma maior prevalência de refeições realizadas em frente ao aparelho, hábitos conhecidos por elevar o risco de obesidade”, afirma Amanda Staiano, uma das autoras do estudo.
 
Fonte: Veja

Ter filhos reduz o risco de morte prematura entre casais

Segundo estudo, aqueles que se tornam pais, tanto biológicos quanto adotivos, têm menos chances de morrer por acidente, doença circulatória ou câncer

A chegada de um filho pode melhorar a saúde de um casal, segundo indicou uma nova pesquisa da Universidade de Aarhus, na Dinamarca. De acordo com o estudo, pessoas que têm filhos apresentam um risco menor de morrer de forma prematura do que aquelas que ainda não se tornaram pais. Além disso, mostrou o trabalho, casais que optam pela adoção podem chegar a ter metade das chances de apresentar algum distúrbio mental. Essas conclusões foram publicadas nesta quarta-feira no periódico Journal of Epidemiology and Community Health.

A pesquisa se baseou nos dados de 21.276 casais que não tinham filhos, mas que estavam sendo submetidos a tratamento de fertilização in vitro — todos os participantes, portanto, desejavam se tornar pais. As informações foram coletadas entre os anos de 1994 e 2005. Durante esse período, 15.210 casais que participaram da pesquisa se tornaram pais biológicos e outros 1.564 adotaram um filho.
Segundo os resultados, em comparação com mulheres que não se tornaram mães durante o período da pesquisa, a taxa de morte precoce por doenças circulatórias, câncer ou acidente foi até quatro vezes menor entre mulheres que deram à luz e 50% menor entre as participantes que adotaram uma criança. Em relação aos homens, as chances de mortalidade precoce por esses motivos foram duas vezes menor entre aqueles que se tornaram pais — biológicos ou adotivos — em comparação com os participantes que não tiveram filhos.

A pesquisa não encontrou diferenças significativas na incidência de distúrbios mentais entre pessoas que se tornaram pais biológicos e indivíduos que não tiveram filhos, mas observou que a adoção reduziu pela metade o risco desse tipo de problema.

Desejo — De acordo com os autores, outros estudos já haviam apontado para a relação entre não ter filhos e uma maior taxa de mortalidade. Porém, nenhuma pesquisa havia diferenciado casais que não tem filhos porque assim desejam daqueles que gostariam de se tornar pais, mas não conseguem. Para Esben Agerbo, coordenador do estudo, os resultados de seu trabalho poderiam ter sido diferentes se a pesquisa tivesse olhado também para pessoas que não desejavam ter filhos. “Uma interpretação possível do nosso estudo é que não é o fato de não ter filhos que é perigoso para a saúde, mas sim não ter filhos e viver com a ansiedade de se tornar pai ou mãe”, disse o pesquisador ao site de VEJA.

Os pesquisadores não conseguiram explicar, porém, o motivo pelo qual a taxa de mortalidade é reduzida quando uma pessoa tem um filho. “Não temos certeza se é uma relação causal. Talvez indivíduos que não têm filhos possuam comportamentos diferentes e sigam um estilo de vida com maiores riscos, o que faz com que as mortes decorrentes de acidentes sejam mais prevalentes entre essas pessoas. Além disso, o estudo mostrou que mortes por doenças circulatórias também ocorrem mais entre pessoas sem filhos, o que sugere que pais e mães se preocupem mais em ter uma vida saudável”, disse Agerbo.

Fonte: Veja