Resumo: A
hiperatividade atualmente é um assunto bastante discutido dentro da sociedade.
Educadores e pais observam isso tanto em crianças quanto em adolescentes, mas a
maioria da população não o sabe diferenciar de outros comportamentos. Esse
trabalho busca estudar a relação familiar de adolescentes portadores da
hiperatividade e principalmente como a análise do comportamento pode orientar
um tratamento ou intervenção psicológica mais eficaz tanto nesses adolescentes
quanto em seus pais.
Palavras-chave:
adolescentes, hiperatividade, pais de adolescentes hiperativos, análise do
comportamento e aprendizagem na adolescência.
1. Introdução
A
hiperatividade “é um transtorno neurobiológico caracterizado pela desatenção,
inquietação e impulsividade.” (Carvalho, 2010).
O objetivo da
nossa pesquisa é mostrar que, apesar de serem tão comuns em crianças, os
adolescentes também desenvolvem transtornos psicológicos e que eles podem se
findar com a ajuda e orientação tanto dos psicólogos e educadores quanto dos
próprios pais.
O tema
enfocado considera que, muitos fatores como a genética, as mudanças corporais
e/ou fisiológicas e as relações familiares, podem contribuir negativamente para
o desenvolvimento do transtorno hiperativo e como os pais podem contribuir para
o tratamento do comportamento hiperativo no adolescente através de seus
próprios comportamentos e demonstrações afetivas.
Delimitamos o
artigo em tópicos principais onde mostraremos à conceituação da Hiperatividade
ou TDAH, seus sintomas, as diferenças entre uma adolescência considerada normal
com uma adolescência envolvida nesse transtorno, o que caracteriza a
aprendizagem do adolescente hiperativo, o conceito familiar e a relação dos
pais com esses adolescentes, e por último, como a análise do comportamento
visualiza esse transtorno, quais as estratégias que ela recorre e como se dá a
intervenção psicológica em seu tratamento. Sabendo-se que tudo isso é para a
contribuição de um novo conhecimento e a colaboração de uma nova informação
para o leitor desfrutar e recorrer.
Nossa pesquisa
é de caráter bibliográfico baseado nos seguintes autores: Partel (2010), Neto
(2010), Sampaio (2008), Servera; Bornas; Moreno (2005), principalmente.
Por fim,
procuramos ajudar todos os leitores, de alguma forma, para que eles conheçam
mais profundamente os sentimentos da hiperatividade, tanto no adolescente
portador quanto na família deste, e contribuam para diminuir esses sentimentos
de caráter psicológico.
Cita Ballone
(2002, s/p):
"Devido à
série de problemas psicológicos, sociais, educacionais e até mesmo criminais
que pode ocorrer como conseqüência do não tratamento do TDAH, é muito
importante que os profissionais da área de saúde mental e educação, além das
famílias, estejam pelo menos informados sobre a existência do TDAH e os seus
principais sintomas."
2. Definições
de hiperatividade ou TDAH
Muitos
estudiosos têm escrito acerca do Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH), visto a grande repercussão do transtorno e suas construções
de senso comum, que resultam em inadequadas rotulações, como destaca Assencio
(2010) “às vezes não é TDAH, mas sim um problema social, na família, que altera
o comportamento da criança”. Portanto, para compreendermos o Transtorno
comecemos conhecendo o seu conceito.
Segundo
Carvalho (2010), “O TDAH é um transtorno neurobiológico caracterizado pela
desatenção e inquietação. Alterações nos neurotransmissores da região frontal
do cérebro, responsável pela inibição do comportamento, memória e autocontrole,
são apontados como a principal causa do transtorno”.
De acordo com
Cohen; Salloway; Zawacki (apud Dalgalarrondo, 2008)
"No
transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) há dificuldade
marcante de prestar atenção a estímulos internos e externos, pois o paciente,
geralmente criança ou adolescente, tem a capacidade prejudicada em organizar e
completar tarefas, assim como relutância em controlar seus comportamentos e
impulsos. (p. 107)"
No dizer
Wicks-nelson e Israel (1997) apud Servera; Bornas; Moreno (2005, p. 407)
tomando como base o DSM- IV- TR, para que um indivíduo seja diagnosticado como
portador do TDAH exige-se que os sintomas estejam presentes em pelo menos duas
situações.
Aguiar (2007)
ressalta que o TDAH é caracterizado por déficits de atenção, atividade motora
excessiva e crônica e impulsividade ou falta de controle e não se relacionam
com a idade da criança. Há discrepância entre níveis de desenvolvimento
cognitivo e os problemas manifestos de autocontrole.
É também
importante entendermos o significado dos três principais conceitos que se
articulam ao transtorno: falta de atenção, impulsividade e hiperatividade. No
dizer de López e Gárcia (apud Servera; Bornas; Moreno, 2005, p. 402) a atenção
pode ser entendida como o processo psicológico implicado diretamente nos
mecanismos de seleção, distribuição e manutenção da atividade psicológica.
Impulsividade pode ser definida como um déficit para inibir comportamentos em
resposta a demandas situacionais. E a hiperatividade poderia ser definida como
a presença de níveis excessivos, para a idade da criança, de atividade motora
ou verbal. (SERVERA; BORNAS; MORENO, 2005, p.402).
Aguiar (2007)
também cita que, o TDAH é caracterizado por uma falha na captação do
neurotransmissor da dopamina pelos neurônios, ou seja, em uma pessoa normal, a
dopamina é liberada por um neurônio com o intuito de estimular outro neurônio,
após esse processo ela volta ao neurônio original, em um ciclo ininterrupto. No
cérebro de quem sofre com o transtorno esse processo acontece mais rapidamente.
Como conseqüência, a dopamina tem pouco tempo para ativar os neurônios
vizinhos.
Enfim,
trazemos essas definições para que todos os leitores possam identificar o TDAH
e como o organismo reage a ele.
2.1 Sintomas
da Hiperatividade ou TDAH
Luiz Augusto
Rohde, Professor associado de Psiquiatria da Infância e da Adolescência da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2010) defende que devem ser
observados de seis a nove sintomas para se diagnosticar o portador do
transtorno. Características como dificuldade da pessoa em prestar atenção e
manter a concentração em determinadas atividades devem ser consideradas, mas de
acordo com sua freqüência, uma vez que essas características podem ser
encontradas em toda a população, mas nos indivíduos portadores do transtorno da
hiperatividade estas fazem parte do seu cotidiano.
Para
identificarmos os sintomas mais frequentes tomemos como base alguns critérios
do DSM-IV-TR (SERVERA; BORNAS; MORENO, 2005, p. 406), a seguir, enfatizando o
contexto escolar:
Desatenção: não prestar
atenção a detalhes ou cometer erros por omissão em atividades escolares, de
trabalho ou outras; tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades
lúdicas; não segue instruções e não termina seus deveres escolares, tarefas
domésticas ou obrigações profissionais; tem dificuldade para organizar tarefas
e atividades; apresenta esquecimento em atividades diárias; é facilmente
distraído por estímulos alheios a tarefa.
Hiperatividade:
freqüentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira; abandona sua
cadeira na sala de aula ou outras situações na qual se espera que permaneça
sentado; corre ou escala em demasia, em situações impróprias; tem dificuldade
para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer; fala em
demasia; está “a mil” ou outras vezes reage como se estivesse “a todo vapor”.
Impulsividade:
freqüentemente dá respostas precipitadas antes de terem sido completamente
formuladas; tem dificuldade para aguardar sua vez; interrompe ou se intromete
nas atividades dos outros, entre outros comportamentos.
Lucchi (2008)
afirma, ainda, que na adolescência esses sintomas diminuam, mantendo alguns
traços mais sutis que chamam atenção dos outros colegas, todavia os transtornos
no comportamento, a atenção e a concentração continuam bastante prejudicados.
2.2 Diferenças
da adolescência normativa e adolescência com TDAH
A partir das
características da Hiperatividade e a visão que temos da adolescência, torna-se
difícil de diferenciá-la de um estado “normal” para um estado patológico nesse
período. Como destaca Campos (2003) “a questão da adolescência é normalmente um
período de estabilidade ou instabilidade psíquica que tem despertado ampla
variedade de opiniões,” ocasionando rotulações inoportunas.
Embasamos a
visão da adolescência normal como um estado de perturbação para tornarmos clara
a dificuldade de se perceber e discriminar comportamentos hiperativos no
desenvolver do adolescente. Com fundamento nisso, compreende-se duas
expectativas relacionadas: primeiro que o desenvolvimento do adolescente normal
será caracterizado por tensões, turbulência, pensamentos, sentimentos e ações
imprevisíveis; e segundo, que como consequências de tal tempestade e stress, os
adolescentes normativamente, exibirão sintomas que, no adulto, sugeriria
psicopatologia definida.
Pode-se, no
entanto, diferenciar a adolescência como um estado de perturbação dos
comportamentos hiperativos, visto, a primeira ser considerada uma fase, como
ressalta Campos (2003, p. 134) “a
maioria dos adolescentes, apesar de sua aparente instabilidade, tem suficiente
força de personalidade para emergir de sua confusão como adultos relativamente
saudáveis, enquanto a hiperatividade apesar do tratamento que visa atenuar seus
sintomas não é um estado transitório do desenvolvimento do adolescente”.
Apoiando o
segundo conceito, a natureza adaptativa da adolescência normativa, que vai dá
ao passo se seu ambiente for gradualmente induzido a experiência, para quais
foi preparado, o adolescente é capaz de ser influenciado como se permita que
ele assuma responsabilidades e desempenhe papéis maduros, estará pronto para
desenvolvê-lo, e se os adultos esforçarem realmente para aceitar seus
interesses, quando necessário, ele vai satisfazer com melhor aptidão suas
necessidades. Conforme Campos (2003, p. 134), “o adolescente realizará a
transição para a maturidade de forma suave e sem complicações”, nesse caso,
podemos verificar uma maior diferenciação entre a adolescência normativa e o
adolescente com TDAH.
Baseando-se no
ultimo conceito, as implicações psicopatológicas da formação de sintoma em
adolescente, apresentaremos que a contrariedade das impressões que se tem dos
sintomas aparente do adolescente, como um fenômeno normal, transitório, auto
limitado e espontaneamente repressivo, que a evidência acumulada dos sintomas
de distúrbios psicológicos, vão despertar interesse e atenção profissional
sobre o adolescente como sobre os adultos.
Segundo Campos
(2003, p.134), qualquer anormalidade ocorrida durante o período de
desenvolvimento é importante como indicador de instabilidade mental ou de uma
tendência para se deslocar da normatividade. A partir dessa visão, percebe-se a
grande importância de observar os comportamentos e reações do adolescente,
podendo estes representar alguma patologia.
2.3 A
aprendizagem do adolescente hiperativo
De acordo com
Neto, ex-presidente da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria
Infantil (2010), “um excelente indicador do bem-estar geral do adolescente é o
sucesso escolar”. Nas crianças e adolescentes, os problemas de rendimento
escolar e dificuldades de aprendizagem são uma das características mais
claramente associada à hiperatividade completa SERVERA; BORNAS; MORENO (2005 p.
404).
Carvalho
(2010) ressalta que normalmente as crianças não conseguem controlar seus
comportamentos, incidindo com maior gravidade, a disputa da sua inteligência,
assim em vez de se ater à explicação dada pelo professor, ficam envolvidos em
atividades mais produtivas durante a aula.
A partir dessa
visão, percebe-se a fundamental importância no reconhecimento de sinais que
possibilitam hipótese diagnóstica, auxiliando no tratamento do indivíduo
hiperativo, visto a relação diária entre professor e aluno.
Definindo
adolescência, Carvalho (2002) cita que:
"Ser adolescente é viver profundas
transformações em todas as suas dimensões (tudo ao mesmo tempo, o agora).
Mudanças no seu corpo, suas relações, sua sexualidade, sua força, seus desejos,
sua capacidade própria para compreender e explicar o mundo e as suas coisas,
suas emoções e sentimentos." ( p.37)
E segundo
Aguiar (2007) “na adolescência as alterações secundárias se exacerbam,
aparecendo, com freqüência, condutas anti-sociais, ao passo que o nível de
auto-estima do indivíduo é afetado.”
Segundo Neto
(2010), o TDAH apresenta de modo diferente na adolescência em comparação com a
infância, devido à contínua impulsividade, os comportamentos de alto risco na
infância convertem-se em comportamento de risco extraordinariamente altos na
adolescência.
"Os
desafios, às regras menores ou ao intento de pôr limites dos pais na infância,
precoce e média, convertem-se agora, em abuso de drogas, delinqüência,
atividade sexual precoce e sem proteção, e comportamento anti-social repetido.
Durante a adolescência estes atributos podem conduzir a um aumento de conflitos
na escola e no lar na medida em que se torna notória individuação no processo
de desenvolvimento." (NETO, 2010, s/p).
Outro fator
que prejudica a aprendizagem do adolescente hiperativo “é a comunicação do
estudante com os professores” (NETO, 2010). A responsabilidade é do sistema
educacional por sua incapacidade para se ajustar as novas necessidades do
adolescente (COLL; MARCHESL; PALACIOS, pag.365).
Observando-se
este conceito, podemos colocá-lo também como uma hipótese no aumento da
hiperatividade, pois o adolescente pode confundir sua relação escolar com sua
relação familiar. Se, por acaso, seus comportamentos dentro de casa forem
constantemente reforçados, poderá resultar no mesmo comportamento na sala de
aula, sem preocupar-se com a autoridade do professor, ou então, se sua relação
com o professor for tão amedrontada poderá, obviamente, prejudicar a
aprendizagem do aluno, pois este não se sentirá motivado para buscar novos
conhecimentos.
2.4 Conceito
de família e relação familiar dos pais com seus filhos hiperativos desde a
infância
A família é um
sistema complexo de relações, onde seus membros compartilham um mesmo contexto
social de pertencimento. É na família onde construímos nossa primeira
identidade social. A família é o lugar do reconhecimento da diferença, do
aprendizado de unir-se e separar-se, a sede das primeiras trocas
afetivo-emocionais, da construção da identidade. É a matriz: na família
nascemos na família morremos! (BUKASCKI, 2008).
Há uma
possibilidade muito grande de pais de criança com TDAH também apresentar o
problema, essa dificuldade que os outros membros da família experimentam
influem certamente sobre o modo como a criança com TDAH é percebida, conduzida,
criada, amada e então, lançada para a vida adulta. Essa influencia age de forma
singular, apresentando efeitos de longa duração sobre o adolescente e o adulto
resultante dessa criança. (BARKLEY, 2002, p. 122).
Barkley (2002)
ressalta que:
A relação de
uma família que apresenta um caso de TDAH pode ser bastante conturbada ou
controlada, dependendo de como esses pais agem com seus filhos e quais os seus
limites impostos. Assim como em algumas famílias que apresentam o transtorno a
relação pode ser de conflito com a demanda que os pais devem ter, receber de
seus filhos, por outro lado essa relação pode ser extremamente controlada na
medida correta, pois controle é uma palavra que não se adéqua a criança com
TDAH. (p. 127)
De acordo com
Aguiar (2007), os pais se sentem impotentes diante da atividade exagerada de
seus filhos e de suas condutas opositoras temendo conseqüências negativas do
comportamento que podem levar ao isolamento social da mesma.
É por isso que
nem sempre os pais admitem que o filho é hiperativo. "Muitos acham que a
criança é esperta demais e, por isso, está sempre interessada em
novidades". Afirma
Helena Samara,
diretora da Escola Móbile, de São Paulo. "Além disso, eles acreditam que o
tratamento com medicamentos pode tirar a espontaneidade do pequeno”. (GENTILE
apud ANDRADE, 2000, p. 31).
Entre os
sintomas na relação familiar Topazewski (1999) afirma que:
O hiperativo
quer ser sempre atendido na hora das suas solicitações; procura impor as suas
vontades e à sua moda (são mandões); pede as coisas e logo se desinteressa;
consegue deixar o ambiente todo agitado e descontrolado; demonstra uma grande
ansiedade em todas as atividades. (p. 52)
Todas estas
características associadas ao quadro sintomático do TDAH interagem e podem
desencadear problemas pessoais para o paciente de difícil resolução e conflitos
familiares, podendo acarretar altos níveis de estresse, discordância e brigas
conjugais, cansaço nos manejo diário da criança e sinais paternos de ansiedade
e/ou depressão. (SAMPAIO, 2008), o que pode conduzir a graves problemas no
futuro.
Os pais
geralmente se sentem responsáveis pelas condições emocionais, educacionais, e
comportamentais de seus filhos. O conhecimento que a doença decorre de disfunções
de áreas cerebrais específicas, ajuda-os a amenizar suas sensações de culpa,
tornando-os parceiros na execução de estratégias que possam colaborar para a
melhora do desempenho acadêmico e dos relacionamentos familiares e sociais da
criança. (BARKLEY, 2002, p. 128), ajudando numa redução de sintomas quando ela
se tornar adolescente ou até mesmo colaborando para um tratamento mais
acelerado e eficaz.
2.5 A
hiperatividade na análise do comportamento
Segundo
Moreira; Medeiros (2007, p. 163), o que a análise do comportamento, como
ciência do comportamento, tenta fazer, é buscar novos conhecimentos e novas
técnicas que melhoram nossas predições de comportamento, ou seja, que passemos
a entender melhor sob quais circunstâncias as pessoas fazem, ou pensam, ou
sentem aquilo que fazem, ou pensam, ou sentem.
Nesse sentido
ela segue em suas teorias certas aplicações. Uma delas é a análise funcional
que identifica o comportamento e as consequencias, predizendo e controlando
tais comportamentos para a mudança do mesmo.
Defendemos que
a análise funcional é um instrumento essencial para se estudar o comportamento,
com fins de produção de conhecimento e fins tecnológicos. Uma vez que se
identificam e descrevem as variáveis determinantes do comportamento, podemos,
enfim, compreendê-lo, predizê-lo e controlá-lo. (MOREIRA; MEDEIROS, 2007,
p.162).
Nesse ponto, a
análise comportamental vai observar três tipos de reforços que estão envolvidos
nesse comportamento, sabendo-se que reforço para análise do comportamento é
conceituado como uma relação entre comportamento e ambiente (LIMA, 2006).
Assim, os primeiros passos dados por ela, afirma Sampaio (2008), seria
observando:
Reforço
negativo, “em que o aumento da freqüência de uma resposta ocorre devido à
retirada de um estímulo conseqüente (aversivo)” (JUNIOR; SOUZA, 2006), que
compreende as repreensões, críticas, castigos, punições, entre outros, como
reação a todo comportamento negativo, inadequado. No caso do TDAH são muitos,
“é através desses reforços negativos que a criança/adolescente costuma receber
atenção dos que os rodeiam gerando ressentimento e hostilidade na relação. Isso
faz com que o comportamento negativo aumente (afinal é só assim que o notam).
Essa hostilidade pode também levá-los ao isolamento”, o que não seria nada
agradável.
Reforço de
extinção, quando o comportamento é ignorado pelos observadores. Partel (2010)
dirá que “para se anular um determinado tipo de comportamento, a melhor técnica
é ignorá-lo, pois se um comportamento não chama a atenção dos demais,
provavelmente aos poucos será extinto”, o que seria bastante útil para o
controle do comportamento hiperativo na relação familiar.
Reforço
positivo, “em que o aumento da freqüência de uma resposta ocorre devido à
apresentação de um estímulo conseqüente (reforçador)” (JUNIOR; SOUZA, 2006), e
que segundo Partel (2010) (...) “faz com que o indivíduo empenhe-se nesse
padrão de comportamento positivo para continuar sendo notado, reconhecido e
elogiado”, pois aqui o comportamento é reforçado através de carícias e elogios,
o que para análise do comportamento só seria útil quando o hiperativo fizesse
um comportamento contrário aos próprios comportamentos característicos da
hiperatividade, ou seja, só seria de grande valia elogiá-los se eles
terminassem um exercício que começou, por exemplo.
Considerando
esses três tipos de reforço, podemos dizer que, no TDAH, o primeiro reforço não
seria útil porque poderia reforçar os comportamentos negativos, o segundo seria
útil, se os pais ignorassem ou reprimissem os comportamentos extravagantes e
impulsivos de seus filhos e o terceiro seria completamente útil, se eles
reforçassem os comportamentos agradáveis e educados de seus filhos hiperativos,
pois se houver recompensa e/ou reconhecimento desse bom comportamento, ele
aumentaria cada vez mais, aumentando também o controle da hiperatividade
(PARTEL, 2010), sabendo-se também da existência do comportamento operante nesse
caso, que é o comportamento aprendido e que opera no ambiente.
2.6
Estratégias da análise do comportamento
Já sabemos que
indivíduos hiperativos têm como principal característica a falta de atenção com
o seu próprio comportamento e conseqüências deste. Então a análise do
comportamento, através de estratégias, vai suprir essas necessidades com o
treinamento no sentido de poder monitorá-los e assim verificar se são os mais
adequados ou não a uma dada situação, buscando o autocontrole. (SAMPAIO, 2008).
Segundo
Sampaio (2008), esta técnica consiste em que o paciente esteja atento ao seu
comportamento, observando-o e anotando-o de acordo com especificações
estabelecidas com o terapeuta e a partir de um sinal emitido por um agente
externo. Este procedimento faz com que o hiperativo torne-se consciente de seus
comportamentos, especialmente focando as condutas-alvo que se pretende que ele
esteja atento para posterior modificação.
A técnica de
autocontrole visa à interrupção de uma cadeia disruptiva de comportamento
através do uso de uma palavra-chave. O autocontrole diz respeito,
especificamente, ao papel que o próprio sujeito tem como diretor de seu
comportar-se (Rehm et al 2008). “É necessário que o adulto delimite, de início,
sobre quais comportamentos disruptivos deseja-se que a criança e/ou adolescente
aprenda a ter autocontrole, podendo ser estendido para além do ambiente
familiar, como escola, casa de familiares, etc.” (SAMPAIO, 2008).
Aguiar, (2007)
ressalta que, neste caso, até que se demonstre factualmente que o organismo não
é intacto, o analista de comportamento deve se ater, exclusivamente, às
contingências de reforçamento (história de vida do indivíduo) que selecionaram
e mantêm os padrões comportamentais da queixa, pois pode não possuir nos
contextos de vida cotidiana repertório de comportamentos incompatíveis com os
indesejados, que possam produzir reforços generalizados – explicações
compatíveis com determinação por contingências de reforçamento –; e não
apresentar tal repertório de déficits e excessos em função de alterações
neurológicas presumidas, mas não demonstradas.
Uma das
estratégias levada em consideração são os três níveis de seleção pelas
consequencias que são: filogenéticas, ontogenéticas e cultural. Segundo Banaco
(2001, p. 198) a definição do nível filogenético é dada na visão de Darwin,
onde “os seres vivos transmitem aos seus descendentes um conjunto de
característica, que, entretanto, apresentam sempre alguma variação aleatória em
relação aos seus progenitores”. Na definição do segundo nível: ontogenético,
Banaco (2001, p.199), apresenta na visão de Skinner onde “permite que membros
individuais de uma espécie sejam capazes de operar sobre o mundo de modos que não
estão pré-determinados (...)”. E, por fim, Banaco (2001, p. 201) define o
terceiro nível: o cultural, também na visão de Skinner, “como um conjunto das
contingências sociais que permite não apenas a sobrevivência de um grupo
praticante, (...) capaz de transmitir o que foi aprendido através do tempo,
através de indivíduos e até mesmo através de lugares”.
Sendo assim é
importante analisar todas as variáveis que podem desencadear esse transtorno,
pois é dever da ciência observar à genética, a relação social, familiar e
cultural do individuo para um diagnóstico mais preciso e a análise do
comportamento, sabendo que existem muitos determinantes envolvidos no
comportamento humano, deverá observar todos os ângulos que estão envolvidos nas
atitudes e comportamentos do adolescente hiperativo permitindo-o, em
consultório, relatar sua experiência como portador do TDAH.
De acordo com
Sampaio (2008), é comum, no consultório psicológico, ouvir-se o relato de pais
e outros adultos envolvidos com a criança e/ ou adolescente sobre o
comportamento destes, sendo que nem sempre a criança e/ou adolescente têm a
oportunidade dele mesmo, poder falar sobre seu próprio comportamento, ou nem
mesmo lhe é dada à chance de avaliar como se comportar em determinadas
situações.
No caso de
crianças e/ou adolescentes com TDAH, nem sempre elas conseguem avaliar seu
comportamento ou verificar a qualidade final daquilo que fizeram. Assim sendo,
pode-se ensinar a essas crianças quais os padrões específicos de comportamento
socialmente aceitos e mais adequados a determinadas situações, e na sequência,
ela mesma passa a observar seu padrão comportamental, julgando-o adequado ou
não, e no caso de adequação, a própria criança atribui a si mesma um reforço,
como um elogio ou se permite, por exemplo, comer um doce, (SAMPAIO, 2008),
continuando o mesmo comportamento na adolescência.
A técnica de
treino de correspondência, de acordo com Reinecke et al. (2000), visa a
aumentar a correspondência entre o que a criança e/ou adolescente referem que
irão fazer e aquilo que efetivamente fazem. Ela pode ocorrer com uma descrição
posterior do comportamento realizado (agir-comunicar), ou então com uma
previsão futura deste (comunicar-agir), sendo que algum tipo de reforçador é
oferecido sempre que a criança e/ou adolescente indica haver correspondência
entre as condutas não-verbal (intenção) e o comportamento. Dentro da díade
comunicar-agir, ensina-se a criança e/ou adolescente a se comportar de acordo
com a previsão que faz de seu comportamento futuro, enquanto na outra, a
aprendizagem diz respeito, a saber, descrever de maneira coerente e precisa, a
conduta em questão. Há ainda algumas limitações quanto ao uso desta técnica,
devido aos primeiros estudos estarem restritos ao ambiente da clínica
psicológica, sendo que ainda não se têm dados acerca da extensão do uso desta
técnica em casos de tomada rápida de decisões, nas quais a relação de tempo
comunicar-agir é bastante curta. No entanto, a mesma pode ser utilizada como
parte do protocolo de tratamento em terapia cognitivo-comportamental em TDAH,
ainda que em caráter experimental.
O controle do
comportamento é uma intervenção importante para crianças com TDAH. O uso
eficiente do reforço positivo combinado com punições tem sido uma maneira
particularmente bem sucedida de lidar com os portadores do transtorno
(KAIPPERT; DEPOLI, 2003), o que pode amenizar o índice de agravamento a
adolescência.
2.7
Intervenção psicológica como tratamento da Hiperatividade ou TDAH
Segundo Aguiar
(2007), o psicoterapeuta tem que orientar o profissional da educação para: a
seleção adequada de estímulos relevantes na execução da tarefa a fim de evitar
excesso de informação contaminadora; esclarecimento da tarefa e de seus
aspectos chaves; o controle de elementos externos, tanto físicos quanto humanos
que sejam potenciais dispersores; favorecer grupos de trabalho reduzidos; a
sequenciação de atividades adequadas com a finalidade de não incitar a
frustração do hiperativo; a graduação do problema a fim de evitar saltos dos
problemas fáceis para os difíceis. Enfim, há muitas orientações que o educador
pode usufruir para melhorar o tratamento do hiperativo.
De acordo com
Sampaio (2008), como parte do trabalho psicoterápico com pacientes com TDAH,
devem-se incluir sessões de atendimento aos pais, com o incentivo de busca de
informações em literatura pertinente acerca do quadro de seus filhos,
corrigindo-se concepções errôneas e propiciando debates esclarecedores sobre o
transtorno. Podem também ser ensinada técnicas de manejo adequado do TDAH,
diferenciando sintomas deste de outros transtornos, falta de limites,
desobediência, etc. Logo:
Os pais também
podem necessitar de apoio psicológico devido aparecimento de quadro depressivo,
ansioso ou mesmo conflitos conjugais, os quais servem para exacerbar
dificuldades de convivência familiar, podendo desestruturar ainda mais o
ambiente e acarretar maiores dificuldades ao paciente com TDAH. (SAMPAIO, 2008,
s/p).
O psicólogo
responsável pelo atendimento da criança e/ou adolescente com TDAH deve estar
atento a sinais de dificuldades, fazendo encaminhamentos e/ou prestando apoio e
orientação de pais sempre que estes se fizerem necessários. O psicólogo também
deve estar em contato com a escola/professor da criança e/ou adolescente com
TDAH, prestando suporte para o manejo escolar adequado da criança, inclusive
ensinando técnicas cognitivo-comportamentais e dando supervisão para o uso
adequado destas. (SAMPAIO, 2008).
“Terapias mais
prolongadas podem ensinar a mudar comportamento e a criar estratégias de
enfrentamento a pessoas que apresentam uma combinação de TDAH problemas
concomitantes - especialmente depressão”. (KAIPPERT; DEPOLI, 2003).
Considerações
Finais
A
hiperatividade ou TDAH, como é chamada pelo DSM-IV, é um transtorno
neuropsicológico caracterizada pela inquietação, desatenção e impulsividade que
prejudica a vida do portador em todos os aspectos, sejam eles internos ou
externos. Esse portador pode ser tanto uma criança quanto adolescente ou um
adulto hiperativo que teve seus primeiros estágios de desenvolvimento
envolvidos com esse transtorno.
Apresenta-se aqui a hiperatividade ou TDAH na adolescência como um dos fatores observáveis na modificação do comportamento do aluno quanto à sua dificuldade de aprendizagem. Então, explicam-se os principais motivos e consequencias, através da Análise do Comportamento, o que esses problemas podem gerar para o individuo principalmente no setor familiar, onde os pais podem ser os principais aliados na recuperação da aprendizagem de seus filhos.
Sabendo-se
disso, nosso artigo tratou da Hiperatividade ou TDAH na adolescência no meio
familiar sob um olhar analista comportamental, pois esta colaborará a todos os
leitores com sua análise e estratégias de resolução do transtorno na
intervenção psicológica do sujeito portador.
Observando-se
todo o conteúdo, concluímos que esse tema foi de fundamental importância para a
construção do nosso conhecimento juntamente com nosso objetivo, que foi
alcançado, a qual colabora na atuação de profissionais tanto na área da
educação e saúde mental quanto dos familiares de adolescente hiperativos.
Por: Carlos,
D. Oliveira; Pedrozo, J. N. Oliveira; Nascimento, F. R. Pereira; Souza, T.
Alencar; Coimbra, P. M. Araujo; Dourado, L. F. Mattos; Branco, P. C. Castelo
Fonte: Psicologado
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