Cientistas da Universidade
Columbia descobrem que dormir pouco pode aumentar os riscos de depressão na
adolescência
Ir para a cama cedo ajuda a evitar a depressão. Essa
é a descoberta de cientistas da Universidade Columbia, nos Estados Unidos. O
grupo de pesquisadores descobriu que a depressão é 24% mais comum em
adolescentes que têm permissão para ir para a cama tarde que em jovens cujos
pais exigem que se recolham mais cedo. O estudo mostra que os voluntários que
se deitavam muito tarde dormiam, em média, sete horas e meia por noite; os que
se recolhiam mais cedo, oito horas e dez minutos, em média. Os pesquisadores
interpretavam “horário de dormir imposto pelos pais” como o oposto de “contar
horas de sono”, para descartar a possibilidade de que a depressão estava
fazendo alguns jovens dormir menos, e não o contrário.
Um trabalho anterior sustenta a ideia de que poucas
horas de sono podem levar à depressão. Uma pesquisa da Universidade de Londres
mostrou que crianças que sofrem de insônia estão mais sujeitas a desenvolver o
transtorno na adolescência. E outro estudo, sobre o risco do transtorno
hereditário em jovens, agora na Universidade de Pittsburgh, mostrou que o indicador
biológico de recuperação, isto é, não sofrer de depressão, era o sono adequado.
Embora seja improvável que dormir pouco seja o único responsável pela falta de
ânimo dos adolescentes, aqueles com predisposição genética ou ambiental para a
falta de sono podem apresentar risco maior.
Experimentos realizados no Centro Médico Walter
Reed do Exército e na Universidade da Califórnia em Berkeley, ambos nos Estados
Unidos estão começando a esclarecer essa relação. Durante ressonâncias
magnéticas, pessoas saudáveis mas com privação de sono apresentam aumento de
atividade na amígdala, órgão cerebral envolvido no processamento das emoções, e
redução de atividade no córtex pré-frontal – as mesmas alterações observadas em
pessoas deprimidas. Em um dos estudos do Centro Médico Walter Reed do Exército,
ao se defrontar com imagens perturbadoras os participantes começaram a
apresentar sintomas de depressão e os voluntários de Berkeley se mostraram mais
estressados que os participantes descansados.
O psicólogo William D. Scott Killgore, da Escola de
Medicina de Harvard, do Hospital McLean e coautor da pesquisa do Exército,
observa que todos esses efeitos neurobiológicos podem atingir os jovens de
forma intensa. “Como os adolescentes sofrem muitas pressões na vida cotidiana ─
cada vez mais complicada ─, eles precisam de mais horas de sono que crianças ou
adultos; assim, não dormir direito pode se transformar em um problema.”
Fonte: Revista Mente e Cérebro
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