Para os pais e os jovens, a adolescência parece ser
um processo muito confuso, com acontecimentos inesperados e tudo muito rápido.
A predominância de mudanças, tensões, conflitos e problemas tendem a se
desdobrar em uma progressão pouco ordenada.
Este tempo de desorientação e descobertas, descreve
a adolescência entre 13 a 19 anos. Com o aumento das taxas de início precoce da
puberdade, os pré-adolescentes abrangem a idade de 9 a 12anos.
Não mais crianças, mas ainda não adultos, os
adolescentes lutam com questões de independência e auto-identidade que os levam
a curiosidade e experimentação. Nada ocorre de forma isolada. É um momento em
que sentimo-nos bombardeado por todos os lados.
Mas com tudo isso, como fazer para entender melhor
estes jovens?
Convido vocês a fazer uma viagem, um resgate
a nossa adolescência...
...em que as imagens infantis param de fazer
sentido quando nos deparamos com nosso reflexo no espelho. As espinhas aparecem
e juntamente com o corpo que, meio desproporcional, cresce desordenadamente e
vocifera por uma reorganização da identidade. Este momento de transformação
hormonal ocorre continuamente e provoca comportamentos novos, remodelando a
favor da maturação.
Podemos lembrar de nossa insatisfação ao ser
tratados ou definidos como uma criança, aliás, as atividades infantis que antes
curtíamos passou a não fazer mais sentido e o tédio e o desassossego de não
saber o que fazer provocava inquietude.
Passamos a nos interessar em experimentar, ousar e
em muitos momentos transgredir.
Começamos a perceber que as regras e os limites não
fazem mais sentido e iniciamos novos questionamentos, melhoramos os nossos
argumentos e em diversas situações nos sentimos heróis ao retardar o
cumprimento dos pedidos de nossos pais.
Neste momento nossos pais pareciam pessoas
histéricas que achavam que nossos comportamentos tinham piorado e que nos
tornávamos jovens crianças desafiadoras. Esta renovação de identidade mostra
claramente que a nova roupagem provoca conflitos mais intensos pois
solicitávamos por mais, sempre mais.
Nos questionávamos sobre uma liberdade social
maior. A ansiedade em estar com nossos amigos era simplesmente consumidora
de nossa alma. As pressões de nossos amigos para nos aventurar em algum lugar
era constante, e assim íamos a fim de pertencer a um grupo social, a uma
“tribu”.
Em alguns momentos, soltávamos uma mentirinha para
escapar das conseqüências do delito ou para conseguirmos fazer o que era
proibido tornando assim a comunicação com nossos pais meio enganosa.
Com o decorrer da adolescência fomos conquistando
afazeres de adultos como um emprego parcial, dirigir um carro, namorar e até
interesse por assuntos sexuais, uma demanda natural e necessária para o
amadurecimento.
Com todas essas questões bombardeando nossas mentes
tornava-se difícil gerenciar nossa liberdade e administrar a ansiedade, já que
queríamos experimentar e empreender uma maior independência.
Escolha por uma carreira veio a tona e a decisão
nos deixava inseguros, angustiados e muitas vezes rebeldes em optar por algo
que não sabíamos exatamente o que escolher, ou o que seguir ou até mesmo o que
queríamos.
Desilusões amorosas e frustrações de amigos
provocavam grandes tristezas e assim, em alguns momentos, não nos achávamos
capaz ou merecedores de poucas coisas ou muitas.
Todas essas sensações vinham em intensidade máxima,
como uma avalanche que invade subitamente nosso interior, e eram esses
momentos que queríamos compartilhar para não nos sentirmos tão só. Em muitos
momentos nossos pais não entendiam e queriam ditar seu modelo, então
saíamos a procura de nossos amigos, pois eles sim, vivenciavam as mesmas
dificuldades, os mesmos obstáculos e as mesmas indecisões!
Bem, naturalmente, esta descrição é apenas uma
aproximação, englobando o turbilhão da Adolescência. É importante
resgatar nossa vivência pois ela sim é que nos fará entender um pouco de tudo
que eles passam. Mas não esqueçam de adequá-la aos tempos de hoje, com o
bombardeio da tecnologia e do mundo corrido. Para os pais torna-se um
desafio instigante insistir em uma comunicação adequada e modular as atitudes
desenfreadas dos adolescentes.
Fácil, não é mas não impossível e sim desafiador!
Texto de Simone Siqueira Barbosa
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