É normal uma criança gaguejar?
Sim. Entre dois e seis anos de idade, as crianças
passam por uma etapa do desenvolvimento chamada "disfluência
fisiológica", que tende a desaparecer sem qualquer tipo de intervenção.
Dá-se preferência ao termo disfluência (ao invés de gagueira), para caracterizar
as quebras no fluxo da fala.
Por que neste período a criança apresenta
disfluência?
As disfluências ocorrem sobretudo nesta fase da
infância, devido ao grande desenvolvimento de fala e linguagem, havendo em
seguida uma redução gradativa dos mesmos, justificado pela maturidade
cronológica das crianças. Ou seja, existem muitas idéias, pensamentos e fatos a
serem narrados, associados ao domínio não completo da língua, inclusive com
restrição de vocabulário.
Existem diferentes tipos de gagueira?
Existem alguns sinais e sintomas, manifestados
isolada ou conjuntamente, que podem caracterizar a disfluência da fala de uma
criança:
- Hesitações
- Prolongamentos
- Repetições (de fonemas, sílabas, palavras ou
frases)
- Pausas (plenas ou vazias)
- Posições articulatórias fixas
- Inserção de sons ou partículas
- Alteração da velocidade
- Tensões faciais e/ou corporais
Qual é a causa?
Ainda não existe um consenso sobre as causas da
disfluência. Sabe-se que existem determinados traços predisponentes:
hereditários, biológicos, psicológicos, lingüísticos e sociais. A inter-relação
entre esses fatores necessita maior compreensão.
É hereditário?
Ainda não existe uma compreensão plena de como a
gagueira se transmite geneticamente, mas sabe-se que o risco de uma criança
tornar-se gaga é grande, quando existe um comportamento hereditário. Não que
todas as crianças com este antecedente venham a se tornar gagas (provavelmente
não), mas a chance é maior!
Em que devo prestar atenção para saber se a
disfluência de meu filho faz parte do desenvolvimento ou é patológica?
Alguns dados que podem chamar a atenção:
- Repetições de sons e sílabas dentro de uma mesma
palavra;
- Aumento da disfluência: em situações com maior
elaboração da linguagem ou durante o esforço para iniciar / manter a
conversa ou relacionada à dificuldade em encontrar a palavra desejada
- Variação periódica da disfluência: piora ou
melhora, dependendo da situação ou da pessoa com quem se fala;
- Repetição da emissão disfluente, na tentativa de
corrigir o erro;
- Associação de esforço físico (tensão facial ou
corporal) ou algum movimento (piscar de olhos, passar a língua nos lábios,
etc.) durante a fala.
O meu filho gagueja. O que devo fazer para
ajudá-lo?
Alguns tópicos sobre o que fazer, diante de uma
situação de disfluência:
- Prestar mais atenção ao conteúdo da mensagem da
criança do que à forma.
- Permitir que a criança termine sua emissão sem
interrrupções.
- Olhar para criança, enquanto ela estiver falando.
- Evitar falar pela criança, ou mesmo apressar a
criança a finalizar suas sentenças. A criança precisa de um tempo para
elaborar e emitir o seu próprio discurso.
- Reduzir a velocidade de fala ao conversar com a
criança.
- Sempre responder às questões da criança,
sobretudo na fase do "por quê ?" (mesmo que seja pela enésima
vez!).
- Não dar mais atenção ou superproteger a criança
nos momentos de disfluência.
- Não sugerir "truques" para evitar as
disfluências, como: 'pense antes de falar', 'calma', 'respire', 'fale
devagar'...
- Não corrigir, criticar ou modificar o discurso da
criança, exigindo que ela seja rápida, precisa e madura o tempo todo.
Deixar que ela se expresse por si, do seu jeito.
- Não expor a criança, contra a sua vontade (mesmo
que seja para parentes e amigos), fazendo-a cantar, ler, recitar, etc.. A
criança pode não estar preparada para este tipo de situação.
- Não demonstrar irritação, impaciência ou
intolerância.
Existe tratamento para a gagueira?
Sim. A necessidade (ou não) de intervenção e o tipo
de tratamento mais adequado serão determinados pela freqüência e pelo tipo das
disfluências, assim como a reação da criança às situações de quebra do fluxo da
fala.
Quem eu devo procurar: o médico, o psicólogo ou o
fonoaudiólogo?
O médico, geralmente o pediatra, é o profissional
que tem o primeiro contato com esta situação de disfluência e, portanto, quem
pode dar algumas orientações preliminares à família, até que o quadro se defina
melhor.
Quando os componentes observados na avaliação são
fundamentalmente de ordem psicológica, é indicado o encaminhamento para
psicólogos ou psiquiatras.
Quando a disfluência está associada a um quadro
lingüístico ou quando já possui características bastante típicas, a ajuda
profissional mais apropriada será a do fonoaudiólogo.
Informações - Fonoaudióloga Adriana Leiko Oda
(Escola Paulista de Medicina)
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